Pesquisadores
na Ciência Política muitas vezes vivem de informação pública. Muitas vezes
apenas reorganizamos e aplicamos sobre elas métodos que nos permitem enxergar
melhor determinado fenômeno ou verificar uma dada hipótese. Vários dos dados
com os quais trabalhamos são de difícil acesso. Seja porque alguém imagina que
não é útil, seja porque ainda existe gente no serviço público que insiste em
tratar como segredo informações que deveriam ser de domínio amplo. Nesse
sentido, o Brasil avançou demais nos últimos anos, acompanhando em certa medida
o ritmo de evolução da web, sobretudo no que diz ao plano federal.
Ao
contrário dos pesquisadores, o cidadão comum não pode ser obrigado a ter a
paciência necessária à conquista da informação. Ele não é um garimpeiro de
dados, e muitas vezes apenas deseja buscar algo simples, como o e-mail de um
deputado estadual para a realização de um hipotético contato. Muitos fazem isso
para pedir favores, mas não são poucos os meios de comunicações e organizações
do terceiro setor que têm sugerido aos eleitores contatos que tenham por
objetivo conhecer projetos e cobrar posturas e promessas. Assim, é esperado que
tal informação, o simples endereço de e-mail de todos os parlamentares do
Brasil, esteja disponível no mais elementar dos locais: as páginas de cada uma
das assembleias legislativas dos 26 estados brasileiros.
É
óbvio que se o resultado desse garimpo de informações fosse a óbvia e simples
obtenção desses endereços não estaríamos escrevendo esse artigo. Mas não foi
exatamente isso que encontramos. Em seis casas legislativas os sites estavam
fora do ar nos primeiros dias de abril – e olha que dia primeiro, associado à
mentira, foi domingo e não trabalhamos. São elas: Alagoas, Maranhão, Mato
Grosso, Pernambuco, Rondônia e Roraima. É claro que tudo pode ser resultado de
uma terrível coincidência ou falta de sorte, mas o pior está por vir.
Em
outros três estados as dificuldades são imensas. Em Sergipe, o site mostra a
foto dos deputados, com suas informações cadastrais abaixo, rodando como se
fosse uma roleta de políticos. Perdeu o político que desejava conhecer? Espere
a próxima rodada, com a sorte de que a casa tem apenas 24 deputados estaduais –
já imaginou isso com os 513 deputados federais? No Acre e no Amapá os endereços
não estão à disposição na página. Nesse primeiro, existe um formulário padrão
em que você escolhe o deputado com o qual deseja conversar, não tendo qualquer
garantia de que a mensagem chegará ao seu destino final por meio do controle de
recebimento ou outros recursos desse tipo – algo bastante razoável em se
tratando de uma tentativa de contato entre o cidadão e seu representante. Na
era da tecnologia, a exclusão digital que atinge muitos também parece presente
como um valor em determinados legislativos dispostos a cultivar a distância,
independentemente da tentativa de evolução do conceito de democracia.