De
hoje (30) a 11 de dezembro, representantes de 195 países e da União Europeia se
reúnem, em Paris, para a 21ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro sobre
Mudança do Clima (COP21). O objetivo é chegar a um acordo que reduza a emissão
de gases de efeito estufa que causam o aquecimento global. O Acordo de Paris
deve entrar em vigor em 2020, em substituição ao Protocolo de Kyoto, que prevê
a redução de emissões de gases poluentes apenas para países desenvolvidos.
Na
avaliação de especialistas, a postura dos principais países emissores de gases
de efeito estufa tem mudado nos últimos anos passando de uma atitude defensiva
para um maior engajamento nas negociações climáticas na busca de soluções para
o aquecimento global. "Essa posição defensiva que bloqueava avanços foi
vencida", disse o coordenador do Sistema de Estimativa de Emissões de
Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima, Tasso Azevedo.
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Para muitos, a COP21 pode ser a última chance de os países selarem acordo que reduza os danos das mudanças climáticas. |
Segundo
ele, o posicionamento histórico da China, Índia e dos Estados Unidos era mais
conservador alinhado a um discurso de que não podiam desacelerar o crescimento
econômico. "Todos têm expressado sua preocupação [com a questão climática]
e dissociado do discurso de que não podem reduzir as emissões para não
comprometer o crescimento", afirmou.
O
diretor do departamento de Meio Ambiente e Temas Especiais do Ministério das
Relações Exteriores, ministro Raphael Azeredo, considera positivo que os
principais atores das negociações climáticas, como os Estados Unidos, a China,
a União Europeia e a Índia, além do Brasil, tenham apresentado suas
Contribuições Nacionalmente Determinadas Pretendidas (INDCs) para a Organização
das Nações Unidas.
"Estados
Unidos e China [os maiores emissores] fizeram uma declaração conjunta [em que
anunciaram metas de redução de emissões em 2014] que já dava um gostinho do que
seriam as respectivas INDCs e isso foi muito importante para o processo
multilateral porque eram dois países que não estavam no Protocolo de Quioto.
Eram dois países que certos setores associavam como sendo reticentes ao esforço
multilateral, que preferiam estar eventualmente fora de um acordo", disse
o diplomata.
Segundo
Tasso Azevedo, os Estados Unidos apresentaram um engajamento maior do que a
China e a Índia, mas insuficiente no longo prazo. "A trajetória das emissões
é de queda nos Estados Unidos, mas dado o histórico do que já emitiu, é
insuficiente como contribuição para chegar aos 2 graus Celsius [limite
estabelecido para o aumento da temperatura média da Terra até 2100]".
A
China, maior emissor mundial, sinalizou em sua INDC que o pico de suas emissões
ocorrerá até 2030. "Como a China é uma economia muito grande, fazer esse
movimento [de redução das emissões] vai gerar muita economia de escala. Se diz
que vai entrar na energia eólica ou solar, causa uma revolução. Ainda que
esteja muito longe do que é preciso, aponta para uma direção que é correta, de
fazer movimentos antecipados, o que vai causar revoluções nos setores [de
energia renovável]", observou Azevedo.
De
acordo com Raphael Azeredo, a Índia é um parceiro importante do Brasil dentro
do Basic, que reúne as grandes economias emergentes (África do Sul, Índia,
China e Brasil), e do Grupo dos 77, que congrega os países em desenvolvimento,
e é também um importante ator nas questões relativas ao clima.
"É
um país que tem a segunda maior população do mundo e um dos maiores desafios
globais em termos de inclusão social. Sempre foi muito vocal no sentido de que,
como não poderia deixar de ser, a prioridade dele tem que ser a erradicação da
pobreza do seu povo. O que é muito positivo é que a Índia sempre se engajou no
processo do clima e continua sendo um ator participante. Isso prova que é
possível conciliar o combate à mudança do clima com o desenvolvimento
sustentável e com a erradicação da pobreza", completou o diplomata.
Confira
as metas de redução de gases de efeito estufa estabelecidas por Brasil, pelos
Estados Unidos, pela China, União Europeia e Índia: