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Segundo pesquisador, açúcar tem o mesmo efeito de dependência causado por drogas



Ouvimos muitas coisas a respeito de vício em drogas, álcool, cafeína e muito mais. No entanto, e de acordo com um número crescente de especialistas, um novo item deve ser adicionado à essa lista: o açúcar. Uma das dependências modernas que mais cresce e é tão perigosa quando o álcool e o tabaco.


De acordo com estudos realizados em ratos, os cientistas puderam comprovar que o açúcar é de fato viciante. De acordo com o Daily Mail, em um experimento foi observado que alguns dos ratos preferiam açúcar ao invés de cocaína, mesmo quando eles eram viciados em cocaína. Os testes realizados por pesquisadores franceses, consistia em entregar uma dieta com mais açúcar para comprovar o comportamento semelhante ao da dependência de drogas.

Para a médica especialista em perda de peso, Dr.ª Sally Norton, a crescente dependência de açúcar é tão perigosa quando o vício em álcool ou tabaco, além de aumentar o risco de obesidade, diabetes tipo 2, doenças cardíacas e câncer.

Fazer teste em humanos é um pouco mais complicado: foi necessário utilizar varreduras no cérebro. Com isso, os cientistas descobriram que uma pessoa que bebeu um copo de milk-shake desencadeou a mesma “sensação de recompensa” vista anteriormente com os ratos. O culpado: o açúcar.

Sendo assim, como explica a Dr.ª Norton, “ele acaba sendo como qualquer outra substância potencialmente viciante, e quanto mais ingerimos, mais nossos receptores de recompensa se ‘anestesiam’ a ele.” Ou seja, quanto mais açúcar você ingere, mais insatisfeito você fica, sempre desejando por mais para atingir aquela tal de “sensação de recompensa”.

É um ciclo vicioso, e é exatamente o que acontece com toxicodependentes e alcoólatras. Segundo a Dra. Norton, que é fundadora do VavistaLife, um site que auxilia as pessoas a conquistarem uma alimentação mais saudável, e o Wellbeing and Weight Loss Programme, que como o nome já diz, é um programa que auxilia as pessoas a perderem peso, há evidências suficientes que compravam que o açúcar cause esse comportamento semelhante. 

Sendo assim, se você está constantemente almejando um “docinho” durante o dia, a verdade é que você pode ter uma das dependências modernas mais comuns: o açúcar.

O direito ao aborto e o Zika, por Jacqueline Pitanguy


Publicado originalmente no O Globo

Interrupção da gravidez como opção de mulheres atingidas pelo vírus não tem sido colocada, com a devida relevância, na discussão sobre essa calamidade nacional.

É imprescindível reconhecer que mulheres e homens têm o direito de tomar decisões e fazer opções existenciais e que uma das escolhas mais importantes na vida de uma mulher é ter filhos ou não. Em que circunstâncias gestar e parir, ou evitar uma gravidez, e quando interromper uma gestação — não como método de regulação da fecundidade, mas como último recurso frente a impossibilidade de assumir a enorme responsabilidade de ter um filho naquela situação — integram a agenda dos direitos individuais e da saúde pública.

A partir das décadas de 1960 e 70, assiste-se, em todo o mundo, à liberalização da legislação sobre o aborto. Na Europa, nos Estados Unidos, na Ásia, em alguns países africanos e, mais recentemente, da América Latina, legislações relativas ao abortamento vêm sendo modificadas, ampliando as circunstâncias em que é permitida a interrupção voluntária da gestação — com condicionantes que crescem em função do tempo gestacional, especialmente a partir das 12 primeiras semanas, posto que não se trata de um direito incondicionado.

Além do risco de vida da gestante, da interrupção em caso de gravidez resultante de estupro e de anomalia fetal incompatível com a vida — únicas circunstâncias previstas na legislação brasileira, uma das mais restritivas do mundo—, o risco à saúde física ou psíquica da gestante, anomalias fetais graves que comprometem a qualidade de vida e condicionantes sociais, dentre outros, são considerados fatores que permitem o abortamento voluntário, legal e seguro. O denominador comum dessas legislações é o reconhecimento de que a mulher tem direito à proteção e ao respeito à sua dignidade e integridade física e emocional — e que os direitos do nascituro não são absolutos e não se sobrepõem aos direitos fundamentais da mulher. Apesar de que a Constituição de 1988 reconhece os direitos reprodutivos e de que estes foram referendados pelo Brasil na Conferência da ONU sobre População e Desenvolvimento de 1994 e no Consenso de Montevidéu de 2013, o debate sobre o abortamento ocorre no marco da crescente politização do dogmatismo religioso, em que as dimensões de saúde e direitos se veem encobertas por uma estridente condenação moral ou criminal.

Entretanto, o contexto epidemiológico atual demanda, com urgência, um debate público republicano, plural e respeitoso sobre o direito à interrupção da gravidez, ancorado nos parâmetros da opção versus imposição autoritária. O vírus da zika — transmitido pelo mosquito Aedes aegypt, que há décadas sobrevoa as áreas urbanas de nosso país, tornando a dengue uma enfermidade endêmica e com letalidade preocupante — trouxe um novo componente para o debate sobre saúde publica e direitos humanos: a incidência da microcefalia em fetos de mulheres grávidas que tiveram zika.

Entretanto, a discussão sobre a possibilidade de interrupção da gravidez como uma opção dessas mulheres não tem sido colocada, com a devida relevância, no rol dos temas que acompanham o debate público sobre a calamidade nacional. Recomendações veiculadas pela imprensa a partir de autoridades da área da Saúde sugerem que as mulheres evitem engravidar ou mesmo que sejam picadas pelo mosquito e adquiram imunidade antes de engravidar.

Gestantes com medo de sair de casa, corrida a repelentes e o pânico de, após ter zika estar grávida de um feto microcefálico assombram milhares de mulheres pelo Brasil afora. Se a legislação brasileira acompanhasse a de países considerados exemplos de nações civilizadas, as mulheres que hoje enfrentam o pavor de estarem gestando um feto com microcefalia poderiam, em nome de seu direito à autonomia reprodutiva e à integridade emocional sua e de sua família, optar por levar adiante ou interromper essa gestação. Fora dos parâmetros da condenação moral e da criminalização e no marco do respeito à sua dignidade humana.

Zika Vírus é capaz de atravessar a placenta, é o que foi confirmado em um caso de aborto


Do G1


Cientistas do Paraná divulgaram nesta quarta-feira (20) o resultado de uma pesquisa que confirma a capacidade do zika vírus de atravessar a placenta de gestantes. O Instituto Carlos Chagas, da Fiocruz de Curitiba, encontrou traços de DNA do vírus em amostra de tecido de uma mulher que teve a gravidez interrompida.


Imagem capturada do vídeo.
A gestante, que vivia no Nordeste mas não foi identificada, relatou sintomas compatíveis à infecção semanas antes de sofrer um "aborto retido", que ocorre quando o feto para de se desenvolver no útero.

Após usar anticorpos para detectar a presença de uma infecção no tecido da placenta, os pesquisadores depois identificaram o zika por meio de PCR – exame que detecta traços de material genético do patógeno.

"Este resultado confirma de modo inequívoco a transmissão intrauterina do zika vírus", afirmou comunicado do instituto. A pesquisa foi liderada pela virologista Cláudia Nunes Duarte dos Santos.

Segundo os cientistas do instituto, a transmissão da infecção pelo vírus provavelmente se dá por meio das chamadas "células de Hofbauer", um tipo de célula do sistema imune, que defende o organismo.

As células de Hofbauer estariam provavelmente capturando o zika e depois sendo absorvidas pela placenta, mas pesquisadores ainda não conseguiram confirmar essa tese.

O zika vírus é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti e foi identificado pela primeira vez no país em 2015. A doença tem sintomas leves, como febre baixa e dor muscular, mas os riscos são grandes para gestantes. O Ministério da Saúde declarou emergência pelo aumento de casos de microcefalia em bebês (quando o crânio tem tamanho menor que a média – 32 centímetros) relacionados ao vírus, além de abortos.

Nesta quarta, a Organização Pan-americana de Saúde disse que o zika está presente em  toda a América Latina e no Caribe.


Por que o Brasil é pior que 15 países da América Latina em incidência de natimortos?


Do BBC

O Brasil ficou atrás de 15 países da América Latina e Caribe, entre eles Nicarágua, Equador, Cuba, Colômbia e Venezuela, em um ranking sobre bebês que morrem antes do nascimento, logo depois ou durante o parto.

De acordo com o estudo, o Brasil subiu duas posições em 15 anos, passando de um índice de 12,1 natimortos por 1000 nascimentos em 2000 para 8,6 em 2015. Ainda assim, o índice é quase três vezes pior do que no Chile (3,1), país melhor qualificado da região.


Na listagem global, o Brasil ficou em 78º lugar do ranking (de 195 países), parte de um amplo e detalhado estudo feito periodicamente pelo London School of Hygiene and Tropical Medicine, da Universidade de Londres, chamado "Ending Preventable Stillbirths" (colocando um fim em casos de natimortos evitáveis, em tradução livre) e publicado nesta terça-feira na revista científica Lancet.

Natimortos, no estudo, é definido como morte do feto com idade gestacional de 28 semanas (por volta de 7 meses) ou mais.

Mas o que está por trás desse resultado? Por que o Brasil está tão mal nesse quesito na comparação com outros países de sua região?

Disparidades

Em entrevista à BBC Brasil, a médica e pesquisadora Hannah Blencowe, uma das responsáveis pelo estudo, disse que "em primeiro lugar, é preciso ter em mente que, no Brasil, a qualidade dos serviços de saúde varia muito dependendo da região do país ou da classe social", diz.

"O risco de um bebê natimorto se multiplica entre populações de baixa renda em um mesmo país."

A pesquisadora também afirma que, no caso brasileiro, apesar de não ser uma das causas diretas de um índice alto de natimortos, as altas taxas de cesáreas podem indicar um preocupante desvio de foco no acompanhamento da saúde das mulheres grávidas.

"Os dois problemas apontam para a mesma questão: 'A mulher está recebendo o melhor tratamento possível, um tratamento cujo foco é o bem-estar dela e de seu bebê?' Quando se vê bebês nascendo com idade gestacional de 37 semanas em cesáreas marcadas, fica claro que não."

Hannah afirma ainda estar ciente de que a epidemia de cesáreas no Brasil tem inúmeros fatores, inclusive a pressão dos médicos para se agendar uma cesárea, mesmo quando não há razões médicas claras para isso, além do fato de parte das mulheres acreditar que marcar a data do parto é algo normal.

"Esse alto número de cesáreas pode indicar que, no Brasil, há um foco muito grande na data do parto, e se deixa de lado questões mais importantes, como monitorar o crescimento do bebê e acompanhar bem de perto problemas como diabetes, que podem ser controlados."

Exemplo dos vizinhos

O estudo cita exemplos de práticas adotadas por outros países - que poderiam servir de inspiração para melhorar a situação por aqui.

Um dos casos positivos citados pela pesquisadora é a prática do governo chileno em registrar em detalhes os casos de natimortos.

"É claro que é uma tragédia. E ninguém quer falar sobre isso. Mas o governo brasileiro poderia contabilizar melhor e com mais detalhes o número de natimortos. Não é uma questão de apontar dedos, mas sim de olhar de perto para os casos e ver o que aconteceu."

Cuba também entrou no estudo como o país da região que está fazendo mais progressos na redução do número de bebês que morrem antes de nascer.

Entre as razões para esse avanço estão um atendimento médico durante a gravidez de qualidade e acessível a maior parte da população.

E a pesquisa deixa claro que um país com pré-natal eficiente precisa diagnosticar, tratar com seriedade ou acompanhar de perto fatores que podem levar à morte de um bebê.

Diabetes, pressão alta e obesidade estão no topo da lista, assim como o tabagismo. Segundo o estudo, ao menos 10% das mortes desses bebês estão ligadas à hipertensão e outros 10% a diabetes.

Os pesquisadores também afirmam que países que agem para evitar que adolescentes fiquem grávidas se saem melhor. Acompanhar com mais atenção grávidas com mais de 40 anos também é recomendável. Nos dois casos, são gestações que podem trazer mais riscos à mãe e ao bebê.

Outros fatores de riscos apontados no levantamento são infecções durante a gravidez - 8% desses bebês morrem por a mãe ter contraído malária e 7,7%, sífilis.

Consequências ocultas

Para Hannah Blencowe, outro ponto no qual o Brasil pode avançar é "aprender a lidar melhor com as mulheres e as famílias que tiveram um bebê natimorto, dando voz a eles e melhorando o tratamento, especialmente psicológico, a essas pessoas".

O estudo destaca que o impacto psicológico, social e até econômico nas famílias que perdem um bebê precisa ter mais atenção dos governos.

Novos estudos citados pela pesquisa sugerem que 4,2 milhões de mulheres em todo o mundo estejam vivendo com sintomas de depressão por terem perdido um bebê. Segundo o levantamento, elas sofrem estresse psicológico, estigma e isolamento, além de estarem mais vulneráveis a abusos, violência doméstica e a problemas familiares.

Os pesquisadores também detalham como o pai de um bebê que morreu também sofre com o luto. Metade dos pais entrevistados nos países desenvolvidos, por exemplo, disse sentir que a sociedade queria que eles esquecessem o bebê natimorto e tentassem ter outro filho.

160 anos

No geral, o estudo conclui que há uma epidemia global negligenciada: são 2,6 milhões de bebês natimortos por ano em todo o mundo.

E afirma que o avanço na prevenção dessas mortes prematuras vem sendo extremamente lento. E a grande maioria dos casos (98%) está em países de renda média ou baixa. Segundo a pesquisa, no ritmo atual de progresso, vai levar mais de 160 anos para que uma grávida na África tenha as mesmas chances de seu bebê nascer vivo do que uma mulher em um país rico.

Um dos colegas de Hannah, a co-autora do estudo Joy Lawn, faz um apelo em sua conclusão da pesquisa:

"Precisamos dar voz a essas mães de 7.200 bebês que nascem mortos diariamente no mundo. É um erro acreditar que muitas dessas mortes são inevitáveis. Metade dessas 2,6 milhões de mortes anuais poderiam ser evitadas com melhorias no tratamento de mães e bebês durante o parto e no pré-natal."

MELHORES

1 Islândia 2. Dinamarca 3. e 4. Finlândia e Holanda (empatados) 5 Croácia
PIORES 1. Paquistão 2. Nigéria 3. Chade 4 e 5.Níger e Guiné-Bissau (empatados)

Saúde: Qual é o melhor café ou chá?


Do BBC

Esqueça o sabor. Entre o chá e o café, qual deles traz mais benefícios e qual prejudica mais a saúde?

A BBC Future analisou os estudos científicos realizados até hoje sobre os efeitos das duas bebidas sobre o corpo e a mente e apresenta aqui as evidências e traz alguns veredictos:

Contrariando o senso comum , o chá parece oferecer o mesmo nível de alerta que o café.
O fator alerta

Para muitas pessoas, uma boa dose de cafeína é o motivo principal para escolher o chá ou o café. A substância funciona como óleo para o nosso motor quando ainda nos sentimos enferrujados logo de manhã.

Baseando-se apenas na sua composição, o café ganharia de longe neste quesito: uma xícara comum de café de filtro contém de 80 a 115 miligramas de cafeína, enquanto a mesma quantidade de chá tem metade da dose da substância (40 miligramas).

Mas não é exatamente isso o que conta. Um estudo conduzido pela Unilever na Grã-Bretanha descobriu que ambas as bebidas deixam seus consumidores sentindo o mesmo nível de alerta conforme as horas passam. Também foi observado que indicadores de concentração, como tempo de reação a um estímulo, por exemplo, não apresentaram grandes diferenças entre quem tomou chá e quem tomou café.

E mais: ao ingerir uma dose dupla de chá, a bebida se mostrou até mais eficiente em aguçar a mente do que o café.

Os cientistas concluíram que a dosagem de cafeína não é tudo: talvez nossas expectativas também determinem nosso estado de alerta; ou ainda, a mistura de sabores e odores pode ajudar a despertar nossos sentidos.

Veredicto: Contrariando o senso comum, o chá parece oferecer o mesmo nível de alerta que o café. Um empate.

Qualidade de sono

As principais diferenças entre o chá e o café aparecem quando a cabeça encosta no travesseiro.

Ao comparar voluntários que consomem a mesma quantidade de cada uma dessas bebidas ao longo de um dia, pesquisadores da Universidade de Surrey, na Grã-Bretanha, confirmaram que aqueles que preferem o café têm mais dificuldades em adormecer à noite – talvez porque a maior concentração de cafeína do produto a faça permanecer mais tempo no organismo.
Já os apreciadores do chá tiveram uma noite de sono mais longa e mais repousante.

Veredicto: O chá oferece muitos dos benefícios do café sem provocar noites de insônia. Ponto para ele.

Manchas nos dentes

Assim como o vinho tinto, o chá e o café são conhecidos por causar manchas amareladas e amarronzadas nos dentes. Mas qual deles traz os piores efeitos?

Em um artigo, especialistas em odontologia da Universidade de Bristol, na Grã-Bretanha, parecem concordar que os pigmentos naturais do chá tendem a aderir mais ao esmalte dos dentes do que os do café – principalmente em quem usa um enxaguante bucal contendo o antisséptico clorecidina, que atrai e se “cola” a essas partículas.

Veredicto: Se você busca um sorriso perfeito, o café parece ser o menor dos males.

Um bálsamo para almas perturbadas...

Na Grã-Bretanha, é comum oferecer “um chá e um consolo” a um amigo em apuros, como se a bebida fosse um remédio para mentes angustiadas.

E na realidade alguns estudos científicos, como um realizado recentemente na Universidade College London, indicam que o chá preto pode ser um bom calmante. Consumidores da bebida tendem a mostrar uma reação fisiológica mais tranquila a situações perturbadoras, em comparação àquelas pessoas que só tomam chás de ervas.

De maneira geral, quem bebe três xícaras de chá por dia apresenta um risco de depressão 37% menor do que aqueles que não consomem nenhum tipo de chá.

Já o café não goza da mesma reputação. De fato, alguns consumidores relatam sentir que seus nervos estão mais agitados. No entanto, há indícios de que o produto contribua para proteger contra distúrbios mentais a longo prazo.

Uma recente análise de estudos científicos envolvendo mais de 300 mil voluntários, publicada no Australian & New Zealand Journal of Psychiatry, revelou que uma xícara de café por dia diminui o risco de depressão em 8%.

Já outras bebidas, como refrigerantes, por exemplo, só fazem aumentar o risco de desenvolver problemas de saúde mental.

Mas é bom lembrar que, apesar dos esforços dos cientistas, esse tipo de estudo epidemiológico dificulta a exclusão de outros fatores que podem estar por trás da raiz do problema, como por exemplo a qualidade e o efeito dos nutrientes contidos em cada bebida.

Veredicto: Com base em poucas provas, trata-se de um empate.

...e um bálsamo para o corpo

Estudos epidemiológicos semelhantes indicaram que tanto o café quanto o chá oferecem muitos outros benefícios à saúde. Ao consumirmos poucas doses dessas bebidas por dia, podemos reduzir o risco de desenvolver diabetes, por exemplo.

E, como o café descafeinado oferece os mesmos benefícios, é bem possível que outros nutrientes estejam lubrificando o metabolismo para que ele continue a processar a glicose sem se tornar resistente à insulina – a causa da diabetes.

As duas bebidas também protegem moderadamente o coração, apesar de as evidências serem ligeiramente mais favoráveis ao café. Já o chá protege mais contra uma série de tipos de câncer, por causa de seus antioxidantes.

Veredicto: Outro empate. As duas bebidas são surpreendentemente saudáveis.

Veredicto final: É preciso admitir que há poucos elementos que diferenciam as duas bebidas para além do gosto pessoal. Tomando como base apenas o fato de que o chá permite uma melhor noite de sono, declaramos que essa é a bebida vencedora.

O drama de um caso grave de microcefalia


Do BBC


"Quem sabe se com tantos casos de microcefalia agora, as autoridades se sensibilizam para abrir mais centros de reabilitação e nos dar mais recursos para cuidar melhor deles. Espero que melhore para nós, que passamos por isso há mais tempo", diz a agricultora pernambucana Cleciana Santos à BBC Brasil.

Agricultora com filho de cinco anos diz esperar que aumento de casos signifique melhorias em infraestrutura para atender
crianças.
Cleciana, de 35 anos, e sua família convivem com um caso grave de microcefalia há cinco anos, quando nasceu seu segundo filho, Emanuel Eduardo. "Quando ele nasceu, a obstetra perguntou se alguém na família tinha a cabeça pequena. Quando dissemos que não, ela falou que deveríamos fazer acompanhamento", relembra.

"Mas só fomos quando ele teve a primeira convulsão, 15 dias depois de nascer. Lá descobriram a microcefalia e a Síndrome de West, que é responsável pelas convulsões."

A neuropediatra Durce Gomes de Carvalho, que acompanha Emanuel no Hospital Universitário Oswaldo Cruz, em Recife, explica que o tamanho da cabeça do garoto ao nascer, por si só, não chamaria a atenção dos médicos.

Para identificar os casos atuais de microcefalia em todo o país, relacionados ao vírus da zika, o Ministério da Saúde e as secretarias estaduais usam a medida de 32 cm, que é o padrão estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Emanuel, no entanto, nasceu com 34 cm.

No entanto, outros fatores podem guiar a observação, como a proporcionalidade da cabeça em relação o corpo da criança. Eduardo era um bebê grande, com quatro quilos e 51 cm, ao nascer. Por isso, sua cabeça parecia menor do que deveria ser.

"Existe sempre a possibilidade de erro na medida, que tenha mostrado um tamanho maior. Mas ele nasceu com peso e o comprimento acima da média e perímetro cefálico levemente abaixo da média. Dá para perceber bem a diferença", disse a neuropediatra à BBC Brasil.

A microcefalia, que pode ser causada por problemas genéticos ou infecções que atingem os bebês ainda na gravidez, é uma má-formação que dificulta o desenvolvimento do cérebro.
Por causa disso, a criança pode ter desde problemas cognitivos, passando por deficiências visuais, motoras e auditivas, até sofrer de síndromes mais sérias.

A investigação médica apontou um problema genético como causa da má-formação em Emanuel, que veio acompanhada de paralisia cerebral e da Síndrome de West, um tipo de epilepsia que faz com que ele sofra cerca de 20 convulsões todos os dias.

Caso grave

Especialistas ouvidos pela BBC Brasil afirmam que é difícil fazer prognósticos completamente precisos para crianças com microcefalia. Os casos – e suas consequências – variam muito. Exames de imagem como as tomografias revelam a extensão dos danos que o cérebro do bebê sofreu.

Casos em que a microcefalia tem origem genética, explica Durce Gomes, podem ser mais leves do que aqueles causados por infecções que atingem os bebês ainda na barriga da mãe – como a rubéola, a sífilis, a toxoplasmose e a zika.

Mas a má-formação em Emanuel significou um prejuízo muito grande em todas as áreas do cérebro. Ele não anda, não fala, quase não enxerga e tem dificuldade para engolir. Por isso, precisa que os líquidos que vai consumir sejam misturados com um pó que os torna mais espessos.

"Há alguns tipos de microcefalia genética em que o cérebro não se desenvolve tão bem, mas possui todas as suas camadas. Elas só não estão no tamanho normal. Por isso, as crianças podem se desenvolver mais. No caso dele, o problema já começou na formação das estruturas cerebrais”, diz a neuropediatra, que também atende os novos casos de microcefalia em Recife.

"Há muitas novas crianças que têm alterações bem maiores no cérebro e são como ele."
Para a família de Cleciana, que na época vivia em Passira (a 120 km de Recife), a notícia significou uma mudança completa na rotina e o aumento das dificuldades financeiras.

"Quando descobriram a microcefalia e eu saí do hospital, chorei muito. Eu queria meu filho bom. Mas com o passar do tempo, Deus foi dando forças pra a gente se conformar com a situação. Estamos aqui há 5 anos na luta. Não é fácil, são muitas dificuldades", diz a agricultora.

Terapias

Ao confirmar a microcefalia, os médicos recomendam que os bebês comecem a ser estimulados o mais cedo possível, com sessões de fisioterapia, fonoaudiologia e outras terapias.

Elas ajudam a descobrir quais são as limitações da criança, já que muitas só se revelam com o passar do tempo, na medida em que o cérebro encontra obstáculos ao seu desenvolvimento. Ao mesmo tempo, tentam auxiliar o amadurecimento do cérebro do bebê.

"A cada terapia que era feita, elas descobriam outro problema que ele tinha. A terapeuta ocupacional mostrava brinquedos coloridos e ele não seguia com os olhos, então fizemos o exame e percebemos que ele não enxergava", diz Cleciana.

Para ficar mais próxima dos centros de reabilitação que Emanuel tinha que frequentar, a família vendeu a maior parte dos bens e mudou-se para Recife, mas a rotina exaustiva de tratamentos e os custos com remédios se multiplicaram.

"Chegou um momento em que a gente não tinha dinheiro pra nada. Não ficamos piores porque meu sogro nos ajudou financeiramente", diz Cleciana.

"Emanuel ficou doente e a nutricionista falou sobre usar o espessante para que ele pudesse engolir alimentos sem precisar de sonda. Cada lata custava R$ 57 e ele usava 6 latas por mês. Só depois descobri que teria direito a receber espessante pelo Estado, mas ainda tenho que comprar os medicamentos caros."

'Potencial pequeno'

Três anos depois, Cleciana e o marido decidiram voltar para Passira, onde teriam apoio dos pais para cuidar de Emanuel e da filha mais velha do casal. Mas os poucos sinais de melhora do filho, mesmo com a ajuda das terapias, também foi determinante.

"Cerca de um ano depois de começar uma terapia, as médicas davam alta, porque ele não evoluía ou a evolução era muito lenta. E elas precisavam abrir vagas para outras crianças", diz a mãe.

"Ele chegou a fazer ecoterapia, em que andava a cavalo. Ele adorava, mas a médica achou melhor suspender, porque ele poderia cair ao ter uma convulsão."

Segundo Durce Gomes, as crianças microcéfalas podem receber alta dos centros de reabilitação quando atingem objetivos específicos, de acordo com o potencial que elas têm, ou seja, com o quanto a má-formação permite que eles se desenvolvam.

"O potencial dele é pequeno e os centros de reabilitação trabalham com objetivos, que podem ser muito diferentes: andar com o andador, andar sem ajuda ou sustentar a própria cabeça, por exemplo."

A partir daí, as terapias podem não fazer com que a criança evolua, mas são essenciais para melhorar sua qualidade de vida, especialmente em casos graves como o de Emanuel.

Preconceito

De sessão em sessão, Cleciana teve que superar problemas de acessibilidade, falta de recursos dos serviços de saúde e preconceito, que devem atingir também as novas mães de bebês com microcefalia – Pernambuco é o Estado com mais casos suspeitos da má-formação no Brasil, com 1.185.

"A acessibilidade daqui deixa muito a desejar, principalmente em ônibus. Os elevadores estão sempre quebrados, eu passava muito tempo nas paradas esperando um ônibus adaptado que funcionasse e chegava atrasada nas consultas", diz.
"Uma vez fui pegar o ônibus, o motorista desceu para ajudar o cobrador na plataforma (que permite que deficientes físicos subam a bordo), que estava enganchada. Eles perderam um bom tempo. Quando entramos, o cobrador disse: 'Esses deficientes atrapalham a vida da gente'. Aquilo me doeu muito", relata.

Depois de se mudar de volta a Passira, Cleciana passou a depender de carros da prefeitura – que costumam ser disponibilizados para levar pacientes que necessitam de acompanhamento especializado – para ir às sessões de fisioterapia em Recife. Em sua cidade, Emanuel não tem acesso a todos os tratamentos de que precisa.

"A gente vem (para Recife) em vans muitas vezes superlotadas e temos que ficar o dia lá esperando os outros pacientes. Para ele é difícil, ele adoece", diz.

"Agora, a prefeitura diz que os carros estão quebrados e ele está há quase dois meses sem ir para fisioterapia. Percebo que os braços e pernas estão mais atrofiados."

A Secretaria de Saúde de Passira foi procurada pela reportagem para responder sobre o problema, sem sucesso.

Em entrevista à BBC Brasil, o secretário de Saúde de Pernambuco, Iran Costa, reconheceu que o aumento de casos de microcefalia exigirá a adaptação do Estado para atender melhor, em diversas áreas, as crianças e suas famílias.

"O número de obstáculos é infinito. Infelizmente, isso é um retrato de Pernambuco e do Brasil", disse.

Segundo ele, o Estado já conta com cinco centros especializados no acompanhamento das crianças e trabalha para que 19 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) no interior e na capital possam oferecer fisioterapia e fonoaudiologia.

A secretaria de Transportes, diz Costa, também faz parte de um comitê do governo para lidar com a crise e discute medidas para melhorar o acesso das famílias aos centros. "Essas crianças vão ter que ter uma certa prioridade pela gravidade da sua situação", afirmou.

Pequenas vitórias

Diante dos problemas, Cleciana e sua família encontram estímulo ao observar os pequenos progressos de Emanuel no dia a dia e seu carinho com a irmã, Emanuelle, de 10 anos. "Eles são muito unidos. Ela diz que quer ser médica para cuidar dele e sabe explicar para as pessoas o que ele tem."

Através da audição, o menino reconhece a presença dos familiares e demonstra através de gestos a alegria em estar perto deles.

"Cada coisa que ele faz é uma alegria pra a gente. Para uma criança normal pode não ser assim, mas para nós cada movimento que ele consegue fazer, por mais simples que seja, é uma vitória."

"Quando a gente tem uma criança dessas, tem que ter muito amor porque os obstáculos virão dia após dia. O segredo é não desistir", afirma.