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Renato Janine, novo presidente da SBPC, destacou que prioridade é recompor o orçamento da pesquisa

 

"Há cortes de verbas em praticamente todas as áreas", denuncia novo presidente da SBPC. (FOTO/ Rovena Rosa/ Agência Brasil).

O filósofo, professor e ex-ministro Renato Janine Ribeiro, que assumiu na última sexta-feira (23) a presidência da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), afirmou que a prioridade da sua gestão será lutar para recompor o orçamento das áreas de pesquisa científica no Brasil. Ele alertou que os sucessivos cortes de verbas destinadas a instituições de fomento – como CNPq, Capes e Finep –, que vêm ocorrendo desde 2016, estão produzindo uma inédita “fuga de cérebros” no país.

A prioridade da comunidade acadêmica, que tem na SBPC uma das suas principais organizações representativas, é manter e recompor os orçamentos”, disse Janine, em entrevista a Marilu Cabañas, para o Jornal Brasil Atual, nesta quarta-feira (28).

De acordo com Janine, as bolsas de mestrado e doutorado estão sendo constantemente reduzidas. Além disso, seus valores não foram reajustados nos últimos anos. Um bolsista do mestrado, por exemplo, recebe R$ 1.100 por mês, em média.

O resultado é que os talentos estão migrando. Tem gente que está deixando o Brasil, numa proporção que não havia antes. O brasileiro não faz brain drain (fuga de cérebros). Não tínhamos essa evasão, se comparado com a Índia ou a Argentina, por exemplo. O brasileiro dificilmente deixa o país. Isso ocorria numa proporção bem menor”, ressaltou Janine.

Apagão do Lattes e do Tupã

O apagão da plataforma lattes e outros serviços do CNPq também é resultado do sucateamento vivido pela pesquisa no Brasil, segundo Janine. De acordo com o órgão, a pane deveu-se à queima de uma placa de um dos servidores. “Esperamos que não tenha afetado a base de dados. Há um corte de verbas, promovido basicamente pelo ministério da Economia, em todas as áreas.”

Janine também citou o caso do supercomputador Tupã, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Por falta de verbas para arcar com o consumo energético – cerca de R$ 5 milhões ao ano –, o órgão chegou a cogitar desligá-lo. Com capacidade de executar cerca de 30 mil cálculos por segundo, o Tupã desempenha função crucial na meteorologia. A falta de uma previsão do tempo acurada pode causar perdas incalculáveis para setores como o agronegócio e o turismo, pontuou o presidente da SBPC.

Inclusão e pesquisa

De acordo com Janine, apenas 30% dos brasileiros têm condições básicas de saúde, educação e moradia para desenvolverem suas potencialidades. O compromisso de qualquer governo, segundo ele, deveria ser elevar paulatinamente esses números. “Se, com 30%, chegamos a ser a sétima economia do mundo, o 11º país em produção científica qualificada, imagina se a gente subir a produção para 60% ou 90%.”

Ele citou, ainda, que são crescentes os desafios vividos pela humanidade. Portanto, investimentos cada vez maiores em pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico serão demandados. Além do aquecimento global, o presidente da SBPC destacou as interações entre florestas e ambientes urbanos, abrindo brechas para o surgimento de novas doenças, como a pandemia do novo coronavírus.

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Com informações da RBA.