Da
mesma forma que Carolina Maria de Jesus, Conceição Evaristo, nascida aos 29 de
dezembro de 1946 em uma favela situada na zona sul de Belo Horizonte, Minas
Gerais, matinha um diário onde anotava as dificuldades de um cotidiano sofrido,
tendo, portando, crescido em um ambiente rodeado por palavras.
Filha
de uma lavadeira, Conceição teve que conciliar os estudos com o trabalho como empregada
doméstica. Nesse embalo só veio a concluir o curso normal, em 1971 aos 25 anos.
No
entanto, mesmo com todas as dificuldades, ela se tornou uma das principais
referências quando o assunto em pauta é a literatura Brasileira e
Afro-brasileira, vindo, inclusive a se tornar também uma escritora negra de
projeção internacional, com livros traduzidos em outros idiomas.
Conceição
Evaristo teve seu primeiro poema publicado nos anos 90 do século passado, no
décimo terceiro volume dos Cadernos Negros, editado pelo grupo Quilombhoje, de
São Paulo. A partir dai, as publicações se ampliaram neste caderno, não só de
poemas, mas também de contos e romances.
São
alvos de seus escritos as profundas reflexões sobre questões referentes a raça
e gênero, visando revelar a desigualdade velada no meio social, além desejar
recuperar uma memória sofrida da população afro-brasileira em toda sua riqueza
e sua potencialidade de ação. Nas suas escritas, se percebe o quanto ela almeja
abrir espaços para outras mulheres negras se apresentarem no mundo da
literatura.