Bolsas de Pesquisa – FCRB


A Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB) lançou edital oferecendo bolsas de pesquisa, variando da iniciação científica a bolsas para profissionais com graduação completa ou mestrado.

As áreas disciplinares incluem um largo espectro das ciências humanas e das sociais aplicadas, além de letras e artes, museologia, arquivologia, biblioteconomia, arquitetura e conservação e restauração. As inscrições para o Programa de Incentivo à Produção do Conhecimento Técnico e Científico na Área de Cultura vão até até 25 de maio de 2012 e só podem ser feitas por correio por serviço de encomenda expressa (Sedex ou similar).

Se aprofunde clicando aqui.



Com Informações do Caféhistoria



































































































































































































































































































































































































































































































































































































































Planejamento Coletivo: um processo na construção do poder popular



Nos dias 23 a 25 de março de 2012, a RECID - MT realizou o Encontro Intermunicipal de Planejamento com o Tema: Construindo Projeto Popular em Dialogo com a Diversidade de Experiências e Estratégia Politica da RECID". Foi um momento muito rico de construção pois contou com pessoas de todos os núcleos da Rede e de vários municípios do Estado onde a Rede vem desenvolvendo trabalho de base, além disso participaram dos diversos Movimentos Sociais rurais e urbanos que tem ajudado construir a RECID.

O momento foi muito rico de troca de experiência, estudo e que encerrou com o planejamento dos núcleos para o ano de 2012, construído de forma bastante dialogada e participativa. Tendo por principio os ensinamento de Freire, como exposto na citação abaixo: “A conscientização não pode existir fora da ‘práxis’, ou melhor, sem o ato ação-reflexão. Esta unidade dialética constitui, de maneira permanente, o modo de ser ou de transformar o mundo que caracteriza os homens” (Freire, 1980) e pensando a formação humana a parte da ideia de Gramsci:

“Criar uma nova cultura não significa apenas fazer individualmente descobertas ‘originais’; significa também e sobretudo difundir criticamente verdades já descobertas, ‘socializá-las’, por assim dizer, transformá-las, portanto, em base de ações vitais, em elemento de coordenação e de ordem intelectual e moral.

O fato de que uma multidão de homens seja conduzido a pensar, coerentemente e de maneira unitária, a realidade presente é um fato ‘filosófico’ bem mais importante e ‘original’ do que a descoberta, por parte de um ‘gênio’ filosófico, de uma nova verdade que permaneça como patrimônio de pequenos grupos de intelectuais.” (Gramsci, 1891-1937), Fizemos muitas descobertas mas também anunciamos as possibilidades de sonhos e realizações.



Com Informações do Recid

Pároco de Altaneira Denomina Peça da Paixão de Cristo de “Palhaçada”

PROFESSOR PAULO ROBSON - REPRESENTANDO JESUS
(IMAGEM RETIRADA DO BLOG DE ALTANEIRA)




Depois de vários momentos em que se configurou um confronto entre a Igreja Católica, na pessoa do pároco Alberto e a Secretaria de Cultura, Desporto e Turismo, os protestantes, bem como também entre os participantes da Peça “Paixão de Cristo”, a polêmica ganhou na noite de ontem, 05 de abril novo capítulo.

Segundo informações dos próprios participantes da peça, o Pároco teria afirmado categoricamente que esse ato que se culminará nesta sexta-feira, 06 (seis), é “uma palhaçada”.

A atitude do “líder” religioso católico gerou indignação, revolta e repúdio entre os construtores do evento religioso e cultural que há anos estava esquecido.

È importante frisar que a polêmica teve início quando os participantes haviam solicitado o patamar da Igreja Católica para o momento da Crucificação, o que foi negado pelo Pároco sem justificativas convincentes. Mais tarde, segundo informações populares, o pároco havia marcado um evento religioso no dia da encenação. Por que será?

Será mesmo que com todas essas ações do pároco podemos denominá-lo mesmo de Líder?  

È importante destacar que a história é provida de mudanças e permanências. No campo religioso, há, sem dúvidas, mais permanências. Permanências de atitudes retrógrada, arcaica e que só demonstra o despreparo, o desrespeito e a intolerância religiosa.

São atitudes como essas que alimentam a rivalidade, o confronto e desunião entre as pessoas.

Altaneira: Intolerância e Intransigência Religiosa – A quem interessa maquiá-la?



A quem interessa maquiar a realidade religiosa no Município de Altaneira? Recentemente, um grande confronto e, ou, uma grande disputa por território e por fiéis foi travada entre as duas maiores detentoras de adeptos, a saber, Católicos e Protestantes, respectivamente.

Segundo informações populares, o conflito teria iniciado com a encenação da peça Paixão de Cristo que há muito anos não estava sendo encenada. Este ano, os moradores de Altaneira se mobilizaram e, durante algumas semanas realizaram ensaios para essa finalidade. O curioso é que o elenco abraça vários jovens, adolescentes e professores das duas religiões. Outro ponto a ser frisado é a participação e colaboração da Secretaria de Cultura, Desporto e Turismo.

Analisemos então esses dois pontos. O Primeiro demonstra entre os participantes o sentimento de harmonia, de tolerância e, principalmente de respeito a crenças distintas entre eles. Já o segundo, não deveria nem está sendo mencionado aqui. Afinal de contas, o evento extrapola os limites, os campos religiosos e desemboca no terreno cultural. Mais não é bem assim.

A encenação da Via Sacra, julgamento e a condenação de Cristo são elementos essenciais que demonstram, para os religiosos, atos de fé, concomitantemente, permitem que se perceba pelo cultural, rememorando os modos de relacionamentos, as vestimentas e principalmente as relações de poder na época.
Ainda assim, os dois pontos mencionados acima geraram um dos maiores debates que envolveu três instituições, duas religiosas e uma cultural (Católicos, Protestantes e a Secretaria de Cultura, Desporto e Turismo).

De acordo com informações populares os participantes haviam solicitado o patamar da Igreja Católica para o momento da Crucificação, o que foi negado pelo Pároco sem justificativas convincentes. Mais tarde, também segundo informações populares, o pároco havia marcado um evento religioso no dia da encenação. Por que será?

Por que a Igreja Católica, através do seu líder, não está envolvida neste momento de revigoramento, de fortalecimento da fé cristã?

Por outro lado, por que os que estão dentro do gueto, ou seja, Católicos e protestantes resolveram calar diante desse caso?

Por que a Secretaria de Cultura, Desporto e Turismo não se pronunciou sobre a problemática para a comunidade local?

Finaliza essa análise com mais uma indagação: Intolerância Religiosa, a quem interessa maquiá-la?

Polêmica Religiosa em Altaneira



Na última segunda-feira, 26 de março do ano em curso, publicamos um artigo neste espaço que privilegia o debate, a discussão, os conflitos sobre os mais variados temas que perpassam não só pelo nosso município, mas também por outras localidades sobre o grande debate envolvendo as duas instituições religiosas que mais possuem adeptos em Altaneira (católicos e protestantes).

O texto gerou grande discussão e publiquei inclusive no site recanto das letras (http://www.recantodasletras.com.br/artigos/3578971).Toda via, o assunto tomou maiores proporções, mas não como devia, uma vez que até o momento nenhum líder religioso e nem a Secretária de Cultura, Desporto e Turismo se pronunciaram sobre o fato para a comunidade local.

Assim sendo, temos o dever de cobrar desses líderes e da Secretária uma explicação sobre o caso e ampliamos ainda mais esse debate com o texto do colega de História: confira:

Intolerância religiosa. Até quando teremos que conviver com ela?Quando pensamos que estamos dando passos significativos para a convivência harmoniosa entre as crenças religiosas somos surpreendidos com atitudes medievais, vindas de uma estrutura religiosa cheia de atrocidades a história é testemunha de quantas injustiças foram cometidas. 

Depois de tanto tempo e tantas injustiças pensei que ela tivesse aprendido, mas parece que na cartilha que veio para Altaneira-CE essa pagina estava faltando, só isso justifica as atitudes medievais que vêm sendo tomadas por parte do Gestor desta instituição que por motivos alheios ao nosso conhecimento não aprova a união das crenças religiosas existente no nosso município para realizarem o resgate da Peça da Paixão de Cristo assumida sempre pelos jovens que em outrora eram Católicos e por motivos parecidos, hoje são Evangélicos e transcendendo os limites da religião se uniram aos jovens católicos para juntos com a Secretaria de Cultura realizares a Paixão de Cristo.

Para esse gestor digo: Toda ditadura tem começo meio e fim”. (Cicero Silva Chagas).




Reaberta a Discussão: Pano que teria envolvido o corpo de Jesus Cristo depois da crucificação é falso ou verdadeiro?

IMAGEM EXIBIDA NO FANTÁSTICO (01/04/2012)


Na edição de ontem do Fantástico, 01 (primeiro) de Abril, abriu-se nova discussões sobre um dos principais pilares que sustentam a fé Cristã, em especial, a dos católicos.


Um pesquisador especializado em história da arte mergulha em uma grande investigação e reabre a discussão sobre um dos maiores mistérios da Igreja Católica. Afinal, o Santo Sudário, a peça de pano que teria envolvido o corpo de Jesus Cristo depois da crucificação, é falso ou verdadeiro?

Segundo a tradição, neste domingo, que é domingo de Ramos e marca o início da Semana Santa, é lembrado o dia em Jesus entrou em Jerusalém para passar pela paixão, morte e ressurreição.

A Basílica do Santo Sepulcro não é um templo convencional. Lá dentro, a gente encontra dezenas de construções, capelas e altares, há pouco espaço e pouca luz. E muita gente se pergunta, como é possível que nesse lugar relativamente pequeno tenha existido uma colina, um jardim e um cemitério, como é descrito na Bíblia o lugar onde Jesus teria sido crucificado e enterrado logo depois.

Ao lado da porta de entrada, tem uma escada. Ela nos leva até o gólgota, uma colina que ficava cinco, seis metros mais acima, hoje encoberta pelas edificações do templo. Esse aqui é o lugar onde, para a maioria dos cristãos, Jesus foi pregado na cruz. Todos os dias, milhares de fieis sobem 19 degraus para conhecer o maior símbolo da fé.

“É muito difícil descrever a emoção que a gente sente. Só vindo aqui para sentir”, observa a corretora de seguros Iedna Maria de Albuquerque Silva.

Ortodoxos gregos, armênios, católicos franciscanos, sírios e etíopes cada um tem o seu pedaço da Basílica.

Os franciscanos entram no sepulcro. E a nossa câmera acompanha o momento em que eles rezam em silêncio sobre a pedra de mármore, onde Jesus teria sido sepultado. Segundo as escrituras, aqui Jesus venceu a morte no terceiro dia. A presença constante dos fiéis nesse lugar remonta aos primeiros anos da era cristã, mas a sepultura já foi destruída completamente. E, segundo os historiadores, não é possível saber se existe aqui algum pedaço de pedra original dos tempos de Jesus.

Seria esse o lugar a ressurreição de Cristo? A menos de um quilômetro dali, saindo da cidade velha pela porta de Damasco, e entrando no lado oriental de Jerusalém, chegamos ao lugar que também recebe milhares de turistas. É o Jardim da Tumba. Alguns indícios levaram estudiosos a acreditar que Cristo pode ter sido crucificado perto dessa colina, que lembra a imagem de uma caveira.

Há muitos detalhes que alimentam essa polêmica sobre a localização exata do túmulo de Jesus. Mas nada é mais importante para os cristãos do que o que está escrito nessa placa. Ele não está mais aqui. Porque ele ressuscitou.

Os evangelhos contam que no terceiro dia depois da morte de Jesus, Pedro e outro apóstolo entraram na tumba e viram jogado no chão o lençol que teria envolvido o corpo de Cristo. Seria o Santo Sudário, descoberto na Idade Média, muito depois da crucificação.

Quem defende a autenticidade do Sudário destaca, por exemplo, que a marca dos pregos está nos pulsos, e não nas mãos, como aparece nas pinturas. Se Cristo tivesse sido pregado pelas mãos, elas não aguentariam o peso do corpo e se rasgariam. Outro sinal, seria o ferimento provocado pela lança de um soldado romano, que é mencionado na Bíblia. E na cabeça, estão as marcas da coroa de espinhos, com sangue escorrendo. Um livro que está sendo lançado agora traz de volta essa grande polêmica.

Ciência e fé jamais concordaram. De acordo com os evangelhos, foi Pedro - acompanhado de outro discípulo - que encontrou o Sudário dentro do túmulo em que Jesus havia sido sepultado. Para os crentes, uma prova da ressurreição. Para os céticos, um indício de fraude.

O historiador de arte, Thomas Wesselow, que mora em Cambridge, na Inglaterra, decidiu investigar as supostas provas e os inúmeros argumentos de quem acredita e de quem nega a autenticidade do Sudário. O resultado da pesquisa que durou sete anos foi um livro de quase 500 páginas.

“Tento explicar que ele é a origem da crença na ressurreição de Cristo. E foi essa crença que deu início ao cristianismo. Eu explico no livro que o nascimento da religião cristã vem da percepção de um milagre. E atribuo essa crença ao extraordinário descobrimento de uma imagem na roupa mortuária de Jesus”, responde Wesselow.

O autor não arrisca dizer que o Sudário é prova cabal da ressurreição. Segundo ele, comprovar ou desmentir que Jesus ressuscitou não foi seu objetivo.

“Fiz questão de mostrar apenas que o Sudário foi a semente da fé. É crucial entender que naquele tempo as pessoas viam imagens como algo místico. Principalmente as imagens naturais, como sombras e reflexos. E o Sudário, por conter uma imagem, foi percebido como uma cópia viva de Jesus”.

Para os céticos, o pano teria sido forjado. Uma pintura barata, mal feita, de um suposto homem ensanguentado. Uma enganação.

Mas, no fim do século 19, ao fazer uma foto do Sudário, o fotógrafo Secondo Pia notou que a imagem aparecia em negativo. Dava para ver, principalmente o rosto, em alto relevo, de forma tri-dimensional. Mais tarde foi possível também constatar que as manchas no pano eram mesmo de sangue. A descoberta causou um rebuliço na Igreja e também na ciência.

O escritor do novo livro sobre o Sudário observa que ninguém costumava pintar com sangue na Idade Média, época em que o Sudário teria surgido. Mas, para ele, a principal prova da autenticidade do Sudário são os grão de pólen encontrados na trama do tecido: eram de plantas da região do Mar Morto. Além disso, foi detectado mofo que coincide com o encontrado ao redor de Jerusalém.

Novamente os céticos apresentaram explicações. Tanto o pólen quanto o mofo poderiam ter sido trazidos por pessoas que estiveram na Terra Santa e que depois manusearam o Sudário.

Para tentar acabar com a polêmica, em 1988, quando a igreja finalmente permitiu que fossem feitos testes de carbono 14, que permitem apontar a idade de qualquer material de origem orgânica.

Os testes foram feitos em universidades de Zurique, na Suíça, de Oxford, na Inglaterra, e do Arizona, nos Estados Unidos. Pedaços do tecido - que aliás coincide com a tecelagem típica do Oriente Médio no primeiro século da Era Cristã - foram recortados para a análise. E os três laboratórios concluíram que o Sudário é um artefato medieval. Teria sido confeccionado entre 1260 e 1390. A partir desse resultado, a Igreja passou a exibir o Sudário apenas como relíquia histórica.

Os defensores do Sudário dizem que o teste de carbono 14 pode ter falhado, porque a amostra examinada pelos cientistas teria sido um remendo feito no Sudário na Idade Média, depois que ele escapou a um incêndio. Na Itália, onde o Sudário está guardado, a repórter Ilze Scamparini também investiga o mistério dessa relíquia.

O lençol de linho, de mais quatro metros de comprimento, com a imagem de um corpo e de um rosto, que chegou à Itália há mais de 400 anos. É de propriedade da Santa Sé e fica guardado na catedral de Turim, no norte do país.

O Santo Sudário está estendido em um altar, dentro de uma longa caixa lacrada que só pode ser aberta pelo arcebispo de Turim, com a autorização do Vaticano. Dois papas já visitaram esta capela. Em 1980, João Paulo II beijou o lençol de linho que os católicos consideram uma relíquia. Em 2010, na última vez em que o Sudário foi exposto ao público, Bento XVI também esteve aqui, junto com dois milhões de fiéis.

O que ainda ajuda a alimentar o mistério é que até hoje ninguém conseguiu fazer uma reprodução exata da imagem. Os melhores resultados foram obtidos na Universidade de Pavia.

O químico Luigi Garlaschelli usou pigmentos naturais para tentar imitar as marcas impressas no pano. Pintou o corpo de um voluntário e o envolveu no lençol.

"Acho que o Sudário foi feito na metade de 1300, por um artista. reproduzindo esse procedimento, com um envelhecimento acelerado, obtivemos todas as características misteriosas do Sudário", diz ele.

O diretor do centro que coordena as pesquisas mundiais obre o Sudário, Bruno Barberis, reconhece que essa pesquisa foi bem feita. Mas afirma que, no Sudário de Turim, não há presença de óxido de ferro, o pigmento usado na experiência.

"O Sudário é moderno porque fala através de uma imagem. Pode ser um objeto importante para o homem de hoje. Que pode ver uma imagem que o ajuda a compreender o que o evangelho conta."

É possível que futuramente, novos testes possam ser feitos, mas não se sabe nem quando será exposto novamente. Verdadeiro ou falso, para a Igreja o lençol de linho è uma riqueza que pode ser exibida a qualquer momento.


Fonte: fantastico.globo.com/Jornalismo

Sérgio Ricardo: 'A ditadura deixou o medo de transformação como herança'


Prestes a completar 80 anos, em 18 de junho, o cantor e compositor Sérgio Ricardo nasceu em Marília (SP) e tornou-se um dos mais importantes nomes da música brasileira. Instalado no Rio de Janeiro em 1952, ele fez parte do primeiro núcleo de compositores da Bossa Nova e participou do famoso concerto de Bossa Nova do Carnegie Hall, em Nova York, em 1962.

Sérgio Ricardo também ficou famoso por criar músicas com forte temática social e de protesto, caso de “Zelão”, e compor a trilha musical de peças teatrais e filmes, como “Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna; e “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, “O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro” e “Terra em Transe”, todos de Glauber Rocha. Em 1967, sua música “Beto Bom de Bola” levou uma vaia tão estrondosa no II Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, que ele quebrou o violão no palco e o atirou na plateia.

Como boa parte dos compositores e cantores da música brasileira, Sérgio Ricardo não escapou da truculenta censura federal. “A minha relação com ela foi sempre a pior possível. Eu vivia sendo chamado para explicar letra de música e prestar depoimento, como se isso fosse transformar alguma coisa ou fazer uma guerra”, relata. “Levei uma pobre produtora de disco quase à falência, porque retiraram das bancas o meu disco ‘Aleluia’, do qual ela tinha feito uma grande tiragem. Foi um projeto que eu fiz em homenagem ao (Che) Guevara, um grande herói internacional que foi assassinado. Ninguém sabe que música é essa. Até hoje não existe forma de poder botá-la no ar, também porque o assunto envelheceu. A história se incumbiu de fazer esquecimentos por aí”, lamenta.

Resistindo de todas as maneiras, Sérgio Ricardo ficou 20 anos sem gravar, entre 1980 e 2000. Seu trabalho mais recente é “Ponto de Partida”, registrado entre setembro de 2007 e fevereiro de 2008, e lançado pela gravadora Biscoito Fino. “A principal herança que me deixaram foi o esquecimento. Foi aquela coisa de me proibirem de tocar no rádio e na televisão, e de aparecer nos meios de comunicação. Acabaram me transformando num desconhecido. Eu não estou aqui à procura de sucesso nem de glória. Mas acho que foi injusto o que aconteceu comigo.”

O compositor acrescenta: “Não interessa a injustiça feita comigo. O que importa é o Brasil no setor cultural, tanto no teatro como no cinema, na televisão e no rádio. Uma coisa cruel, que se desenvolveu durante a ditadura, foi o jabá. A cultura brasileira só acontece através do jabá. Se pagou, você é tocado no rádio e aparece na televisão. Essa distorção dos valores aniquilou com a alma brasileira. Você não ouve mais choro, serenata e um canto de amor. Só ouve um rock desesperado e agônico. O próprio samba, que era tudo o que poderíamos ter de tradição a ser conservada, está sendo esfacelado. Aos 80 anos, ver uma realidade brasileira dessa natureza dá uma tristeza enorme em quem faz arte neste país”. 

Leia a entrevista completa.

Você acredita que ainda há reflexos do regime militar no Brasil? Nós conseguimos superar todos os fantasmas daquele período?

Eu acho que os fantasmas ainda existem. Não foram superados inteiramente e talvez tenha sido essa a razão da interrupção do processo anterior, porque, no momento em que se constatou que já estava conquistada a desesperança de uma mudança, a força resolveu ceder lugar aos novos dirigentes do país. Eu percebo que ficou instaurado um medo no povo brasileiro de uma tentativa de transformação. Ficou mesmo estabelecido que o perigo está à volta. Então todos passaram a ter medo de uma reviravolta e das reivindicações que o Brasil precisava ter utilizado para transformar a realidade e que não foram levadas a efeito.

O país teve uma série de problemas, como a falta de atitudes políticas e reivindicatórias de classe, e a cultura brasileira, que naufragou. Naturalmente, alguns deles foram resolvidos no governo do Lula, um pouco mais tarde. Mas os outros continuam existindo. A cultura, que é meu terreno pessoal, é o setor mais abandonado neste momento. Parece que se quer descer ao nível da miséria do povo brasileiro. Ela chegou a um momento em que não se tem mais perspectivas de melhora. Já se instaurou uma debandada dos princípios e das raízes brasileiras. A forma com que se produzia cultura no país acabou por completo. Eu não fico com tanta radicalidade de que estejamos no fim, mas a falta de reivindicação da própria classe cultural já demonstra que esse medo deixado pela ditadura permanece na nossa realidade.

Houve projetos inovadores e importantes que foram abortados em função do regime militar?

Acabou a censura, porque não há mais o que censurar. Não se está fazendo nada que, pelo menos, indicasse a necessidade de uma censura, porque a nossa realidade ficou amorfa. Ninguém luta por nada. Eu não gostaria de generalizar, porque há muitos setores que estão se movimentando, mas num nível muito modesto. Não ao nível de uma verdadeira reivindicação transformadora, mas, sim, de uma queixa. O que existe são queixas e poucos líderes transformando as coisas. Lideranças com consciência de classe. A classe cultural, por exemplo, está abandonada. Não se vê reuniões da classe querendo transformar alguma coisa. Só se vê todo mundo tentando se ajustar aos moldes que foram lançados como participação do governo na produção cultural, que é uma coisa que está inteiramente furada.

A produção cultural no país, neste momento, é falha e completamente desvinculada da alma brasileira. Na música, virou uma coisa americana e inglesa. Virou cópia de outros países. O sistema de comunicação está escravo de um sistema inteiramente apodrecido e em decadência no mundo inteiro. O mundo não está podendo mais suportar o declínio desse capitalismo selvagem que está por aí e já está perdendo todas as vestimentas. Não se cobre mais nada. O corpo está difuso e só falta dar o tiro de misericórdia. É o que está faltando para que a gente mude o sistema no mundo inteiro. Em decorrência, principalmente no Brasil, de um amedrontamento que foi solto no ar pela própria tradição da ditadura. Está difícil de a gente conciliar os interesses gerais numa luta reivindicatória que possa transformar alguma coisa.

Há um medo que você percebe na nova geração de uma coisa que não existe mais. Parece que existe uma repressão à espera de alguma rebeldia qualquer para poder torturar, prender, matar, transferir para outro país, fazer o diabo. Ou seja, esse tipo de coisa que ficou na memória do povo brasileiro, dessa tristeza que foram os anos de chumbo, da ditadura, virou algo da cultura brasileira, de repente. É algo que precisa ser destruído imediatamente. 

Quais são as lembranças que você tem desse período?

As piores possíveis. Eu assisti durante toda a ditadura a decadência e destruição dos valores brasileiros, lentamente. Os melhores professores foram embora do país. O pensamento brasileiro, a transformação que estava na cabeça de todos e a revolução que se estava fazendo no sentido de salvar o país foi por água abaixo. Isso eu fui verificando durante todo o momento da ditadura, em todos os estandes dela. A cultura, principalmente, que é a alma do povo, ficou prejudicada da forma mais escrachada possível. Tudo que se faz no país está sem a alma que deveria estar presente e é falsa. Estamos vivendo uma farsa de um país desenvolvido, que, na verdade, não tem desenvolvimento algum. É algo etéreo, mentiroso, com muitas coisas fantasiadas pela imprensa, pelo sistema de comunicação e pela chamada intelligentsia, que não tem mais quase nada.

 Como era sua relação com a censura?

A minha relação com a censura foi sempre a pior possível. Eu vivia sendo chamado para explicar letra de música e prestar depoimento, como se isso fosse transformar alguma coisa ou fazer uma guerra. Não fez coisa alguma. Levei uma pobre produtora de disco quase à falência, porque retiraram o meu disco “Aleluia” das bancas, do qual ela tinha feito uma grande tiragem, recolheram e jogaram tudo fora. Sei lá o que fizeram. Foi um projeto que eu fiz em homenagem ao (Che) Guevara, um grande herói internacional que foi assassinado. Ninguém sabe que música é essa. Até hoje não existe forma de poder botar essa música no ar, também porque o assunto já envelheceu por si só. A história se incumbiu de fazer esquecimentos por aí. Além de tudo, a principal herança que me deixaram foi o esquecimento. Foi aquela coisa de me proibirem de tocar no rádio, na televisão, e de aparecer nos meios de comunicação. Acabaram me transformando num desconhecido. Eu não estou aqui à procura de sucesso, nem de glória. Mas acho que foi injusto o que aconteceu comigo.

Não interessa a injustiça feita a meu respeito. O que importa é o Brasil, que está no caos no setor cultural, tanto no teatro como no cinema, na televisão e no rádio. Uma coisa cruel, que se desenvolveu durante a ditadura, foi o jabá. A cultura brasileira só acontece através do jabá. Se pagou, você é tocado no rádio e aparece na televisão. Essa distorção dos valores aniquilou com a alma brasileira. Você não ouve mais choro, serenata, um canto de amor. Só ouve um rock desesperado e agônico, e esses bate-bocas que não levam a nada. Músicas terríveis, péssimas. O próprio samba, que era tudo o que poderíamos ter de tradição a ser conservada, está sendo esfacelado. É terrível. Aos 80 anos, ver uma realidade brasileira dessa natureza dá uma tristeza enorme para quem faz arte neste país.

Também havia muita autocensura na época do regime militar?

É lógico. Principalmente pelos escravos do sistema. Os meios de comunicação, por exemplo, faziam autocensura para não ser prejudicados. Imagine você receber da Kolynos uma grana pretíssima para poder produzir um programa e depois aparecer um sujeito que fosse falar contra o regime. Eles seriam censurados e perderiam a grana toda. Quer dizer, tudo gira em torno do dinheiro. O sistema está pobre e caindo pelas tabelas. Eu estou ficando velho para botar panos quentes nas coisas. O problema todo é essa porcaria desse capitalismo que não quer ir embora. 

 Há saídas?

Há milhões de saídas. É só acabar com essa porcaria. Vamos inventar outro regime, meu Deus do céu. Não é possível que não exista uma solução para esse tipo de problema. Os poderosos não deixam. Os donos do dinheiro não vão permitir. Vão jogar bomba atômica e o mundo vai acabar. Pronto. É isso o que vai acontecer. Eu não sou Pitonisa para descobrir o que vai ser. O que acontece é que não há mais condições de ficar falando em meio termo. Hoje, você tem de abrir a boca e dizer a verdade, porque é impossível conversar com quem quer que seja. Eu não vou declinar aqui a minha indignação diante de qualquer sistema de comunicação que me venha entrevistar. Eu estou dizendo aquilo que acho o que é verdade e fim de papo. Essa porcaria não tem mais como funcionar. Está precisando de uma reforma geral. O Brasil está precisando de um retrocesso. É melhor começarmos de Pedro Álvares Cabral de novo. 

Como você recebe a notícia de que os militares comemoraram o golpe?

 Aqui se faz festa para tudo. Quem está no poder faz festa. Só não tem festa para miserável. Eu queria ver qual é o dia do favelado, que poderíamos comemorar com champanhe e com o país inteiro abrindo mão de seus lucrozinhos para poder fazer uma transformação na favela do Brasil. Isso é o que me interessa. Saber que militar vai fazer comemoração de uma porcaria daquelas, para mim, não quer dizer nada. Eu recebo como um insulto, inclusive por ter sempre um sistema de comunicação dando essa porcaria. Isso não é coisa que se faça. O próprio Exército poderia fazer uma autocrítica e saber que aquela não é a condução certa. E lá dentro eu tenho certeza que tem gente que entende que isso não é coisa que se faça, comemorar uma farsa e uma entrega do país ao império econômico. Aquilo foi uma coisa indigna que o Brasil teve de viver e que agora esquecem para poder comemorar. Isso é uma indignação.



Fonte: Núcleo Frei Tito

Documento para Rio+20 oficial ignora direitos humanos



Na última semana, a antropóloga Iara Pietricovsky, do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), saiu de Brasília em direção a Nova York. Lá, foi direto para o quartel-general da Organização das Nações Unidas (ONU), onde só é possível entrar após um processo burocrático de raios-x e vistoria de crachás. “A cena é um pouco deprimente”, afirma ela, que não vê necessidade do rito por encontrar os mesmos rostos, conhecidos há décadas. Iara é veterana: acompanha as conferências da ONU desde 1992.

Representante da Rede Brasileira sobre Instituições Financeiras Multilaterais (Rede Brasil) no Grupo de Articulação da Cúpula dos Povos na Rio+20, Iara também vai participar das reuniões da conferência oficial. Por isso, vem acompanhando de perto todo o processo da ONU na formulação de propostas e documentos para o evento que o Rio de Janeiro recebe em junho.

“Estávamos todos e todas por lá: faces conhecidas, cabelos grisalhos e alguns com clara expressão de desânimo. Outros, mais jovens, mais animados, querendo conhecer o processo”, conta a antropóloga, que se enquadra no primeiro grupo. Não pela cor dos cabelos, mas pela aparente decepção com o rumo que a Rio+20 parece tomar a partir de agora.

Durante os encontros realizados entre os últimos dias 19 e 23, uma série de questões-chave para o avanço do desenvolvimento sustentável no planeta foram deletadas das páginas do rascunho do documento oficial.

“Todo o conteúdo que de alguma forma fazia referência aos direitos humanos foi apagado. O objetivo dos países em desenvolvimento é resumir o documento o máximo possível, torná-lo mais generalizante. Para mim, fica bem claro que não querem se comprometer com nada”, protesta. “Todas as nossas conquistas obtidas na Rio 92 estão em retrocesso”.

A borracha do Rascunho Um

O novo documento, a ser formalizado nesta terça-feira (27/3), será chamado de Rascunho Um, já que dará lugar ao Rascunho Zero (‘Zero Draft’) – primeiro esboço das propostas que seriam levadas para o evento. Com vinte páginas, o primeiro rascunho já foi alvo de críticas intensas da própria Iara por seu conteúdo superficial e controverso. Agora, segundo ela, o problema pode ser ainda maior, caso a ONU atenda às sugestões dos EUA quanto à redução do documento definitivo para apenas 4 páginas.

Contudo, com a intervenção dos países-membros da ONU, o novo rascunho já passa das 150 páginas. O motivo não é nobre. Iara explica que o documento está repleto de temas em desacordo. “Quando um representante de um país não concorda com algum tópico, ele pode incluir um colchete. É isso que o texto mais tem neste momento. Ou seja, há um baixo nível de confiança e consenso entre os representantes”.

Além dos EUA, outros países, como França, Canadá e Austrália, negam preceitos que reconhecem o acesso a recursos naturais como um direito humano. Eles defendem a exclusão sumária de trechos sobre segurança alimentar, erradicação da pobreza e princípios básicos de responsabilidade dos países com o desenvolvimento sustentável. Esses últimos são os que mais comprometem a credibilidade da Rio+20.

“Por exemplo, foram excluídos os princípios do país poluidor-pagador, da precaução ambiental e o da responsabilidade comum, mas diferenciada”, explica Iara. “Sem esses princípios, todas as metas de desenvolvimento sustentável serão jogadas no lixo. Será a maior contradição da Rio+20”.

Segundo o princípio do país poluidor-pagador, o país responsável por danos ambientais deve arcar com os custos da reparação. Já pelo princípio da precaução, uma ação deve ser evitada em caso de incerteza quanto ao impacto do uso de uma técnica ou produto – a usina de Belo Monte, por exemplo, não estaria sendo construída se esse princípio fosse respeitado. Por fim, o princípio das responsabilidades comuns, mas diferenciadas reconhece que os países desenvolvidos são os maiores responsáveis, historicamente, pela degradação do meio ambiente.

“Os manipuladores do novo documento parecem não enxergar nenhuma relação entre homem e meio ambiente”, acrescenta Iara. “Essa (falta de) visão fica ainda mais clara quando o assunto refere-se aos povos fragilizados pelo não acesso à propriedade, a alimentos ou até mesmo à água.”

Ítens excluídos

Se para você parece óbvio que os direitos à “alimentação e nutrição adequadas”, “água potável e saneamento” devem ser assegurados para todo cidadão, saiba que os países à frente da redação do novo rascunho não pensam o mesmo. A segurança alimentar foi um dos temas que mais sofreu alterações. A situação se torna ainda mais alarmante quando os países demonstram não se preocupar com as razões da crise de alimentos: foi excluído do documento o item que previa a “regulamentação dos mercados financeiros e de commodities para enfrentar a volatilidade dos preços”.

O parágrafo que garantia o direito de mulheres, povos indígenas e outros grupos vulneráveis ao acesso à terra também foi apagado. O mesmo aconteceu ao trecho que assegurava atenção especial dos governos aos “desafios enfrentados pelos pequenos produtores, mulheres e jovens, inclusive sua participação nos processos decisórios”.

A manipulação do novo texto não parou por aí: em toda a sua extensão, a palavra “pobreza” tem dado lugar ao termo “pobreza extrema”, para reduzir ainda mais o campo de atuação das políticas públicas nos próximos anos.

Vinte anos de retrocesso

Há vinte anos, Iara se deparava com uma situação diferente. Ao contrário do que está acontecendo agora, os direitos humanos pautaram os debates sobre o desenvolvimento sustentável durante a Rio 92. Não à toa, Iara lembra da época atribuindo um certo brilho às palavras que usa para descrevâ-la. “Vivíamos um momento importante. Estávamos inaugurando uma nova década na luta por direitos. Havia uma excitação, muita ilusão e muita esperança. Estabelecíamos princípios que armavam um marco jurídico internacional da maior relevância para aqueles que acreditavam nos direitos humanos”.

Agora, Iara não quer ver o que era sólido se desmanchar. Por isso, faz um alerta. 

“Estamos correndo o sério risco de perder todas as conquistas dos direitos humanos e ver o marco jurídico internacional ser destruído, para poder se adequar a uma outra visão mais conservadora, desumana, predatória sobre os recursos naturais e sobre os que são, nessa visão excludente, menos humanos – mulheres, pobres, negros, indígenas, homossexuais, deficientes e quem mais lute por afirmação dos direitos”, conclui.


Com Informações do Núcleo Frei Tito