UFC LANÇA NOVOS EDITAIS DE CONCURSO PARA PROFESSOR


A UFC lançou novos editais de concurso público para professor efetivo, temporário e substituto dos campi de Fortaleza e do Interior. As inscrições variam de acordo com a vaga e todos os editais estão publicados no site da Superintendência de RecursosHumanos da UFC. Veja o resumo das vagas.

- Professor Substituto da Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade (FEAAC), no Departamento de Teoria Econômica, setor de estudo "Teoria Econômica". Inscrições até 14 de fevereiro. Edital n° 27/2012;

- Professor Substituto do Centro de Ciências, no Departamento de Estatística e Matemática Aplicada, setor de estudo "Probabilidade e Estatística". Inscrições de 15 a 17 de fevereiro. Edital n° 38/2012;

- Professor Assistente do Campus do Cariri, setor de estudo "Assessoria de Imprensa". Inscrições até 13 de março. Edital n° 37/2012;   
Professor

- Professor Temporário do Instituto de Cultura e Arte, curso de Música, setor de estudo "Prática Instrumental Flauta-Doce/Sopros". Inscrições nos dias 17, 23 e 24 de fevereiro. Edital nº 39/2012.

- Professor Adjunto da Faculdade de Medicina, departamento de Cirurgia, Setor de Estudo "Traumatorpedia/Cirurgia de Coluna". Inscrições de 13 de fevereiro a 13 de março. Edital nº 40/2012;

- Professor Substituto do Campus da UFC em Sobral, curso de Psicologia, setor de estudo “Sociologia”. Inscrições nos dias 14, 15, 16, 17 e 23 de fevereiro. Edital nº 25/2012.


Fonte: UFC

O COFRE DO DR.RUI


Ele não sai das vitrines das principais livrarias do Brasil e está próximo de figurar na lista dos títulos mais vendidos do país. Se você pensou em algum livro sobre a saga de um vampiro adolescente ou em mais um manual de autoajuda, errou. O livro em questão se chama “O Cofre do Dr.Rui”, do jornalista Tom Cardoso, e conta a história de um dos acontecimentos mais emblemáticos da história contemporânea do Brasil: como a Var-Palmares de Dilma Rousseff realizou o maior assalto da luta armada brasileira.

O episódio narrado de forma romanceada por Cardoso começa em 1969, quando a esquerda brasileira tentava se organizar após o baque sofrido pela promulgação do Ato Institucional N°5 (1968), que radicalizou a repressão no Brasil ao permitir ao regime militar cassar e suspender direitos políticos, intervir nos estados e municípios e exacerbar a censura à imprensa. Em pouco menos de um ano, várias lideranças da esquerda estavam presas, mortas ou no exílio. As que ainda se encontravam livres no Brasil, passavam toda a sorte de privações e perigos. Não havia dinheiro para sustentar a compra de armas ou mesmo assegurar a sobrevivência dos militantes, sobretudo aqueles que foram obrigados a viver no exterior. Era uma época de parcos recursos para a luta armada. Até que um dia, uma ação, a “Grande Ação”, conforme o batismo de Carlos Lamarca, apareceu no caminho dos grupos de esquerda com a promessa de ser uma reviravolta nos rumos da resistência à ditadura.

Durante os anos de chumbo”, boa parte dos recursos das organizações de esquerda vinham de assaltos a bancos, chamados pelos militantes destas organizações de “expropriações”. No início de julho de 1969, a recém formada Vanguarda Armada Revolucionária, a VAR-Palmares, adepta da luta armada, foi informada de um cofre repleto de dólares mantido em segredo absoluto em uma casa no bairro de Santa Tereza, Rio de Janeiro. O cofre estaria localizado na mansão onde morava o cardiologista Aarão Burlamaqui Benchimol, irmão de Ana Guimol Benchimol Capriglione, que fora amante de Adhemar de Barros, ex-governador de São Paulo, famoso pelo bordão “rouba, mas faz”, falecido quatro meses antes. Ana, que mantinha em segredo a fortuna de Adhemar, dinheiro supostamente desviado durante sua gestão, era conhecida nos meios políticos pelo pseudônimo de Dr.Rui, criado pelo próprio Adhemar para não levantar suspeitas publicas de seu envolvimento extraconjugal. O tal “Cofre do Dr.Rui” teria aproximadamente 200 mil dólares, valor que tiraria os militantes da dificuldade e ainda financiaria uma série de ações contra a repressão. Carlos Lamarca, ex-militar que passara para o lado dos guerrilheiros, soube da história e logo a batizou de “A Grande Ação”.

O ASSALTO

O assalto foi planejado nos mínimos detalhes. Ocorreu em uma sexta-feira, dia 18 de julho de 1969, quando apenas alguns poucos moradores da casa e outros poucos funcionários encontravam-se no local. No total, participaram diretamente da operação onze militantes da VAR-Palmares, entre eles o atual deputado estadual do Rio de Janeiro, Carlos Minc. Tratou-se de mega operação, envolvendo pessoas de várias regiões do Brasil, calculada sob medida para retirar o pesado cofre da casa, coloca-lo em um carro e leva-lo para um lugar seguro. O assalto e o transporte foram feitos sem sobressaltos. A grande surpresa, no entanto, estava na abertura do objeto. Ao invés de 200 mil dólares, os guerrilheiros encontraram um montante de 2 milhões e 598 mil dólares, que hoje equivalem a pouco mais de 20 milhões de dólares. A sorte parecia estar do lado da VAR-Palmares. O que o livro de Tom Cardoso mostra, porém, é que o dinheiro trouxe tudo, exceto boa sorte para os envolvidos na “Grande Ação”.

Ao lado dos preparativos e da execução do assalto, a essência do livro está no destino dos onze militantes que participaram da “expropriação” e de outros personagens que participaram de outra forma no episódio. A história de cada um mostra uma espécie de “maldição” que o dinheiro de Adhemar parecia carregar. No fundo, entretanto, o que o dinheiro realmente fez foi provocar fissuras e discordâncias já latentes entre pessoas e organizações.

A primeira das fissuras ocorreu logo nos momentos seguintes a abertura do cofre. Os guerrilheiros distribuíram entre si uma nota de um dólar para comemorar a ação, embora o “manual do guerrilheiro, que deveriam seguir, condenasse esse tipo de prática. 

Outros, achavam que era preciso celebrar em grande estilo, com camarão e vinho branco em um badalado bar do bairro do Leblon, Zona Sul do Rio de Janeiro. Houve discordâncias nos dias e meses seguintes, discussões acirradas, quase um motim no seio da organização. O dinheiro acabou repartido, após uma confusa e tensa reunião entre lideranças da esquerda clandestina.

Com o avançar das investigações, a polícia prendeu vários guerrilheiros, que foram torturados e, por sua vez, deletaram outros companheiros. Um dos envolvidos sumiu com parte do dinheiro. Outro caiu em um golpe no exterior e perdeu boa parte do valor. 

Um grupo propôs uma nunca realizada redistribuição, no sentido de ajudar exilados em dificuldade no exterior. Outro grupo, esbanjou de uma qualidade de vida invejável. Em suma, o dinheiro catalisou diferenças e acelerou a fragmentação dos guerrilheiros em facções cada vez mais frágeis e efêmeras.

PIBIC: PROJETO GEOPARK ARARIPE APROVADO


Intitulado “Jovens Paleontólogos”, o projeto do Geopark Araripe obteve aprovação do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica-PIBIC. 

Coordenado pela Secretária Executiva do Geopark Araripe, a geóloga Flavia Lima e pelo geólogo Idalécio Freitas, o projeto vai ser realizado nas minas de exploração de calcário de Santana do Cariri e terá duração de um ano.

Durante esse período, três jovens do Ensino Médio de Santana do Cariri serão capacitados sobre geologia e a fazer coleta e levantamento de dados de fósseis nas minas. O material coletado será enviado para o Museu de Paleontologia da Universidade Regional do Cariri-URCA, em Santana do Cariri, para ser estudado e tombado. A ideia é estimular o conhecimento desses jovens sobre as ciências da terra, ampliar o acervo do Museu de Paleontologia da URCA e conscientizar os trabalhadores das minas de exploração de calcário sobre a importância dos fósseis.

A jovem equipe receberá um kit de campo, contendo camiseta, boné, lupa, crachá e prancheta, material que os auxiliarão na atividade. Eles terão acompanhamento de campo pela equipe técnica do Geopark. Ao final dos trabalhos, o trio produzirá um trabalho científico a partir das informações obtidas que será apresentado na Semana de Iniciação Científica da URCA.


Fonte: URCA

COPA SÃO JOSÉ DO QUINCUNCÁ: ALTANEIRA BATE 13 DE MAIO E SEGUE FIRME NA BUSCA PELO TÍTULO



A Equipe de Altaneira quase que não vence o 13 de Maio pela Copa São José do Quincuncá. Ao todo, foram oito gols na partida, inclusive com direito a dobradinha tripla.

Teinha, Junior e Cristiano marcaram dois gols cada e Orlando balançou as redes uma vez, fazendo com que a Equipe aplicasse uma senhora goleada pra cima do Adversário que ainda descontou.

Com a Goleada por 7 x 1, Altaneira segue para a próxima fase da competição com 100% de aproveitamento. Seu Adversário ainda não está definido. Toda via, o próximo confronto será dia 03 (três) de Março.



Fonte: Departamento de Esporte de Altaneira

O ENSINO DE HISTÓRIA EM DEBATE


A coordenação do GT Ensino de História e Educação da Anpuh vem, desde meados de 2011, se articulando para desenvolver as ações da pauta do GT para o biênio 2012 e 2013. O primeiro passo foi justamente a própria consolidação da pauta de ações. Uma primeira indicação foi feita durante a reunião de eleição, quando a coordenação anterior fez um balanço das ações realizadas e resultados alcançados e desafios para o GT no âmbito da ANPUH. Na ocasião foram levantadas questões relacionadas a 5 pautas básicas: 1. Comunicação do GT: a Revista História Hoje, a construção de um site ou blog como veículo de comunicação digital e integração entre os membros do GT; 2- Pesquisa: articulações e realizações do Projeto Panorama do Ensino de História; 3- Articulações do GT: no plano externo à ANPUH, as aproximações e diálogos com a ABEH (Associação Brasileira de Ensino de História) , e os eventos da área de pesquisa sobre o ensino de História, o ENPEH (Encontro Nacional dos Pesquisadores de Ensino de História) e o encontro "Perspectivas do Ensino de História", e no plano interno a aproximação do GT com as pautas da ANPUH tais como regulamentação da profissão, campanha de filiação, aproximação com os docentes das redes públicas de ensino, articulação com os fóruns de graduação e pós-graduação; 4- Ações políticas: inserção do GT nos debates acerca dos currículos da educação básica, projetos de formação de professores (inicial e continuada), acompanhamento das políticas públicas de educação e realização de balanços sobre profissão docente e condições de trabalho. Em setembro de 2011 realizamos em Vitória, no Espírito Santo, uma primeira reunião da coordenação do GT, que contou com a valiosa presença da profª Juçara Luzia Leite (UFES), na qual consolidamos a pauta acima indicada e esboçamos um plano de trabalho para o biênio.
Dentre as prioridades desta agenda está uma aproximação e maior articulação com os pesquisadores do ensino de História. Uma via que está sendo construída e que conta com a generosa acolhida e apoio das professoras Ernesta Zamboni e Maria Carolina Bovério Galzerani é a aproximação do GT com a comissão organizadora do VIII Encontro Nacional Perspectivas do Ensino de História e do III Encontro Internacional de Ensino de História, a ser realizado na UNICAMP, no período de 02 a 05 de julho de 2012. Outra via é a aproximação com os pesquisadores do projeto "Panorama do Ensino de História". Nesse sentido reconhecemos e valorizamos os esforços individuais e atuações das várias pessoas já engajadas no processo, e cujas iniciativas de pesquisa foram fundamentais para a sustentabilidade da proposta. Nossa intenção é contribuir para fortalecer as articulações e a continuidade do projeto colaborando para a definição de uma agenda comum junto aos me mbros do GT. Entendemos que dentre as possibilidades de continuidade e desdobramento da proposta, o Projeto Panorama pode vir a se constituir em um Observatório do Ensino de História, adquirindo elementos do formato já adotado para outros, como o Observatório da Educação Indígena, da Educação de Jovens e Adultos, e que são apoiados pela CAPES. Dentro dessa perspectiva de abertura para o diálogo, esse primeiro contato tem como objetivo realizar um balanço do quadro atual do projeto, identificando os envolvidos, suas instituições, temas e perspectivas metodológicas.

Para tanto, programamos para início deste ano um encontro que possa reunir os representantes de todos os GTs estaduais, com o objetivo de estreitar o diálogo e estabelecer compartilhadamente as estratégias de ação. Com apoio incondicional da Direção da ANPUH, essa primeira reunião nacional do GT ficou definida para o dia 23 de março de 2012, em São Paulo, na sede da ANPUH-Nacional, no prédio da História, na Cidade Universitária USP. Na pauta trataremos dos seguintes pontos que consideramos fundamentais:

Balanço da situação dos GTs regionais de Ensino de História e definição de estratégias para sua organização ou reorganização;

Participação do GT na campanha de filiação junto aos professores da Educação Básica;
Balanço e perspectivas de desenvolvimento da Pesquisa "Panorama do Ensino de História" e outros projetos;

Discussão sobre o papel do GT no debate acerca das novas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, os currículos estaduais e o ensino da disciplina na Educação Básica;

Definição de estratégias para apoiar as ações da atual diretoria da Anpuh;
Construção da agenda de encontros nacionais e regionais para o biênio. Acreditamos que com esforço coletivo, mobilização e apoio dos parceiros institucionais conseguiremos enfrentar e responder a esses desafios.

Por favor, confirme sua presença, ou indique um representante do GT regional, enviando mensagem para o e-mail anpuh@usp.br. Sua presença é muito importante.
Coordenação do GT Ensino de História e Educação da Anpuh

O STF NÃO SABE O QUE É HISTÓRIA

O Ministro Cezar Peluso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), promulgou, em 29 de novembro de 2011, a Resolução No 474 que "estabelece critérios para atribuição de relevância e de valor histórico aos processos e demais documentos do Supremo Tribunal Federal". O documento causa perplexidade aos historiadores e a todos aqueles que, minimamente, tem acompanhado o desenvolvimento da historiografia contemporânea, em especial por duas razões: por procurar estabelecer "por decreto" o que é ou não histórico e por apontar como subsídio para essa classificação critérios considerados ultrapassados há, pelo menos, um século. Por esse motivo, a Associação Nacional de História (ANPUH), entidade que congrega os profissionais de história atuantes no ensino, na pesquisa e nas entidades ligadas ao patrimônio histórico-cultural, não poderia deixar de trazer a público a sua inconformidade com a referida Resolução.
Apesar de seus precursores mais remotos (como os gregos Heródoto e Tucídides), o conhecimento histórico só se estabeleceu como disciplina autônoma e com pretensões científicas no século XIX, acompanhando o processo de surgimento e/ou consolidação dos Estados nacionais. Naquele momento era importante alicerçar em uma narrativa fidedigna, ancorada em provas documentais, a história desses Estados, comprovando sua existência ao longo do tempo e reforçando os laços de identidade entre seus habitantes, com base em uma presumida origem comum. Não é à toa que, justamente nesse período, surgiram os Arquivos Nacionais, inclusive no Brasil, como forma de reunir e conservar os documentos oficiais que dissessem respeito à "biografia" das jovens nações. Muitos historiadores, por seu turno, voltavam sua atenção aos ditos "acontecimentos consagrados", aos "grandes personagens", aos "fatos marcantes" da história de seus países; acontecimentos, persona gens e fatos esses, diga-se de passagem, em geral ligados às elites políticas, econômicas, culturais, militares e intelectuais a quem se atribuía o "fazer da História".

Ora, desde ao menos o final da década de 1920, tal visão do que é ou não histórico foi fortemente contestada pelas principais correntes contemporâneas da historiografia por seu caráter limitado e elitista. Desde então, se sabe que nenhum documento possui "relevância" ou "valor" histórico em si, mas somente a partir das perguntas que o historiador dirige ao passado. Por exemplo: por muito tempo, não se deu valor às experiências das mulheres na história, ou apenas quando elas participavam de espaços tradicionalmente masculinos como a política e a guerra. Hoje uma das áreas mais desenvolvidas da historiografia brasileira e mundial é, justamente, a história das mulheres, que, para se desenvolver, precisou se utilizar de documentos antes considerados "não históricos" (talvez por envolver mulheres pouco famosas), como registros policiais e documentos judiciais referentes a, por exemplo, violência doméstica, guarda de crianças, brigas entre vizinhos, etc. Neste sentido, um exemplo entre muitos outros é o livro da consagrada historiadora Maria Odila Leite da Silva Dias, "Quotidiano e poder no século XIX", cuja leitura indicamos aos ministros do STF, que apresenta as lutas femininas em São Paulo naquele período e as estratégias de sobrevivência de mulheres pobres, talvez "sem valor histórico" na visão desses magistrados, como lavadeiras, quitandeiras, escravas, forras, entre outras.

COMISSÃO DA VERDADE: ENTRE A MEMÓRIA E A HISTÓRIA

Recentemente foi aprovada pelo Congresso Nacional a formação da Comissão da Verdade que terá como função apurar as violações aos direitos humanos ocorridas em nosso país entre 1946 e 1988. A ela não cabe punir ou julgar culpados, mas lançar luz sobre uma série de crimes perpetrados por agentes governamentais, em especial no período da ditadura civil-militar iniciada com o golpe de 1964, esclarecendo suas circunstâncias, motivações, agentes, entre outros aspectos. Alguns, sobretudo aqueles setores identificados com os governos autoritários, a acusam de "revanchista", por querer reacender conflitos que deveriam, em sua visão, ter sido esquecidos com a Lei da Anistia de 1979. Outros, em especial os militantes de direitos humanos e os familiares de mortos e desaparecidos políticos, denuncia m seu caráter limitado e seus precários recursos (incluindo um número reduzido de membros e um tempo curto para as investigações). De qualquer forma, trata-se de uma iniciativa fundamental para que se possa encarar de frente uma série de situações traumáticas próprias desse passado recente que insiste em não passar, e que macula até hoje a nossa democracia.

A Comissão da Verdade assemelha-se a outras iniciativas ocorridas em países que passaram por traumas coletivos, em geral provocados por governos ditatoriais e autoritários, os quais pareciam impedir-lhes de seguir em frente com seus projetos de organização democrática. Isso aconteceu, através de modalidades e com resultados variados, na Alemanha após o nazismo, nos países do Leste europeu na sequência da débâcle do bloco comunista, na África do Sul depois do apartheid e em países do Cone Sul com o fim das ditaduras de Segurança Nacional. Em todos esses casos, muito se falou do dever de memória, ou seja, do dever de lembrar o horror para não repeti-lo, o que, em alguns casos, implicou também reparações materiais e simbólicas às vítimas, aos seus familiares ou mesmo a grupos sociais inteiros (como judeus e negros) que haviam sido submetidos a terríveis violências por parte do aparato estatal.



Fonte: ANPUH

ALTANEIRA: PREFEITO DELVAMBEETO APRESENTA REALIZAÇÕES E PLANOS EM 2012 NA ABERTURA DAS ATIVIDADES DOS PARLAMENTARES


Os Vereadores do Município de Altaneira, em recesso desde o último dia 30 (trinta) de dezembro de 2011, retornaram as suas atividades normais na tarde de ontem, 07 (sete) de fevereiro.

A abertura dos trabalhos em uma Sessão Solene foi marcada pela presença dos secretariados e do Gestor Municipal, Delvamberto Soares (PSB) que, na oportunidade, através de mensagem encaminhada ao Legislativo, fez um balanço dos primeiros meses a frente da Prefeitura.

O Prefeito fez um longo discurso sobre as realizações em 2011. Nesse sentido, disse ele: “o ano de 2011 para nós foi basicamente de organização da Máquina Administrativa e de estruturação das condições para o grande salto de qualidade que Altaneira necessitava dar”.  Foi ressaltado a implementação dos Programas Sociais, a saber: Cartão Mãe, Bolsa Universitária e Bebê Saudável, a formação da Coordenação do Plano Brasil sem Misérias.

No Setor da Educação, foi frisado a valorização dos Professores com a aprovação do Plano de Cargos, Carreira e Remuneração da Classe, a construção de mais duas salas de aula na Escola Joaquim de Morais na Vila do São Romão, estabelecimento de parceria com a Associação ARCA através da Secretaria de Educação no Programa Brasil Alfabetizado, dentre outras realizações.

Este ano também foi comentado. Segundo o Prefeito, já foram entregues Kits para os Profissionais do Ensino e feito a ampliação da Carga horária dos professores efetivos com 100 horas. No que tange a área da Saúde já foram conquistados grandes avanços. Para Delvamberto, o Município de Altaneira é o sétimo do Estado e o terceiro do Cariri que mais investe em Saúde, com uma média de 31 a 33% do orçamento.

No final do discurso ele afirmou que já estão encaminhados alguns Projetos. Cita-se aqui a Urbanização da Avenida Carneira de Almeida com recursos já assegurados pela gestão anterior, o Parque de Eventos, sendo, inclusive aproveitada a estrutura do Parque de Vaquejada e  uma Quadra Poliesportiva no Córrego e um Campo de Futebol nos Sítio Taboquinha e Taboleiro.

O HISTORIADOR COMO PERITO


Criação da Comissão da Verdade no Brasil traz à tona uma importante discussão para a área de história: deve o historiador atuar como perito?

No dia 12 de janeiro, a Associação Nacional de História (ANPUH) posicionou-se pública e oficialmente a respeito da composição da Comissão da Verdade, aprovada recentemente pelo Congresso Nacional com o intuito de apurar as violações aos direitos humanos ocorridas no Brasil entre 1946 e 1988. Em texto publicado em seu site, a ANPUH, entidade que hoje agrega mais de quatro mil profissionais dedicados a área de história, julgou ser fundamental a participação de historiadores profissionais entre os membros daquela comissão. Desde então, a repercussão do tema nas mídias sociais tem sido significativo e faz reacender uma série de questões que há alguns anos mobilizam especialistas e intelectuais no Brasil e em outros países: deve o historiador profissional atuar como perito?

A iniciativa da Comissão da Verdade assemelha-se a outras de países que também passaram por traumas coletivos, em geral, provocados por regimes autoritários e ditatoriais. Tais iniciativas quase sempre são marcadas por um forte sentimento de “dever de memória”, sobretudo por parte das vítimas e de seus familiares. Em seu comunicado público, a ANPUH reconhece a importância da memória neste processo, mas ressalta que somente esta não é suficiente. É aí que, segundo a entidade, entram os historiadores:

“A memória é sempre ligada aos afetos, a identidades específicas, a sentimentos muitas vezes autocentrados do tipo: ‘você não passou por isso, então não pode entender e julgar o que ocorreu’. Por isso, é tão importante que as lembranças sejam compreendidas à luz da História, forma de conhecimento do passado ligada à razão, ao intelecto, ao distanciamento, à tentativa de pensar o que ocorreu de maneira global e articulada. Obviamente, o historiador nunca é neutro e imparcial, ele também é sujeito de seu tempo. Porém, ao longo de sua formação, desenvolve habilidades como a pesquisa em arquivos, a crítica documental, a interpretação de testemunhos e a coleta e análise de fontes orais que lhe permitem formular questões menos emocionais e mais balizadas por referências conceituais e metodológicas próprias de um conhecimento científico que tem por objetivo compreender, a partir da análise de fontes históricas, as tramas do passado (ainda que recente).”

O Café História conversou com alguns historiadores para saber o que eles pensam a respeito do trabalho do historiador como perito em iniciativas como a Comissão da Verdade. Carlos Fico, professor titular do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), reconhece a importância do trabalho dos historiadores nesse tipo de iniciativa, mas ressalta que é contra situações em que o historiador pode acabar gerando ou legitimando narrativas unívocas:

- Eu discordo da participação de historiadores em procedimentos que resultem na constituição de narrativas oficiais, unívocas, como é o caso das comissões da verdade e iniciativas desse tipo, na medida em que devemos buscar interpretações plurais. Entretanto, não vejo maiores problemas no fornecimento de informações e contextualizações históricas a tribunais e organismos assemelhados a fim de que seus membros possam melhor se informar.

Leila Algrante, professora do Departamento de História da Universidade de Campinas (Unicamp), também se mostrou cuidadosa com o tema. A professora disse ter conversado sobre a questão com colegas historiadores e de áreas afins, e esta conversa, segundo a própria professora, a ajudou a formular sua posição. Algrante não se opõe, mas sublinha alguns riscos que devem ser observados, sobretudo se o tema for visto apenas sob o ponto de vista político:

- A Comissão da Verdade é uma grande conquista da nossa sociedade e penso que deva ser composta por pessoas de reconhecida reputação, projeção e afinidade com o assunto a fim de dar legitimidade a suas ações. Se entre essas pessoas houver historiadores, será ótimo e certamente temos vários nomes respeitados pela nossa comunidade que poderiam participar dela. Agora, se a pergunta for: ‘é absolutamente necessária a presença de um historiador na Comissão como perito no trato desse tipo de documentação?’ Aí tenho algumas dúvidas, pois não é esse o sentido maior da Comissão. E quanto ao historiador escolhido: se a questão for tratada meramente como uma questão política pode ser algo negativo em vez de positivo para nós, historiadores, e para a Comissão.

A professora ainda acrescentou:
- É preciso que a Comissão conquiste o apoio geral da sociedade para que consiga desempenhar suas funções e não simplesmente que represente todos seus segmentos. É indiscutível que tanto a ANPUH como alguns historiadores individualmente têm tido uma participação importantíssima na defesa da abertura dos arquivos secretos da Ditadura, bem como na luta pela preservação de acervos documentais em vias de serem legal ou ilegalmente destruídos. Foi, de fato, um trabalho incansável desenvolvido ao longo de muitos anos. Penso que os historiadores poderão estar ou não presentes na Comissão como membros oficiais, mas sua participação é e será indispensável – assim como a de peritos em outras áreas – como consultores da Comissão da Verdade, assessorando não só na leitura e análise da documentação, mas em todas as etapas dessa tarefa imensa e dificílima que lhe caberá desempenhar. Creio que os riscos dessa participação são aqueles inerentes ao ofício do historiador como, por exemplo: assumir generalizações, tomar os documentos como verdades absolutas ou esquecer que foram “fabricados” em um determinado contexto político; buscar uma verdade histórica ou cometer anacronismos. De resto, creio que é preciso confiar no sucesso dessa empreitada.

O Café História também falou com o historiador João Fábio Bertonha, da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Bertonha recebeu o gentilmente nosso contato. No entanto, disse ainda não ter opinião formada sobre o assunto.

De fato, a discussão ainda está senda realizada entre os especialistas da área. As chamadas “memórias traumáticas” nunca foram temas fáceis. Até recentemente, acontecimentos que compunham o espaço-tempo do historiador eram interditados ao debate historiográfico. Temia-se que o excesso de proximidade com o objeto de estudo pudesse comprometer o rigor histórico da investigação, bem como os seus resultados. Somente nas últimas décadas esse tipo de interdição foi desmontada e os “historiadores do tempo presente” conseguiram cercar plenamente as temáticas mais contemporâneas. Ainda assim, lidar com o “próprio tempo”, com sujeitos históricos que ainda estão vivos, é uma tarefa árdua para o historiador: em geral, são temas que lidam com alta carga emocional (por parte dos sujeitos envolvidos), com os holofotes dos meios de comunicação e, claro, com os sentimentos e interesses volúveis da opinião pública.
Contribuir para a elucidação de eventos do passado certamente faz parte do escopo do trabalho do historiador. Por isso, é normal que historiadores possam prestar assistência a iniciativas como a Comissão da Verdade. Mas, por outro lado, há sempre o risco de haver uma instrumentalização política da narrativa do historiador. E é a esse aspecto que o profissional da história deve estar atento, conforme pontuam Fico e Algrante. Além disso, parece importante que o historiador não seja o único perito. Não cabe ao trabalho de investigação histórica gerar vereditos, mas sim gerar subsídios para que outros profissionais (políticos, advogados, juízes, médicos, legistas, assistentes sociais, cientistas políticos etc.) possam elaborar os seus pareceres e um quadro de esclarecimentos legítimo e representativo.

Historiadores, Tribunais e Leis
O historiador como perito é apenas uma das dimensões do cruzamento da história com o universo do direito. Porém, há outros. Desde o término da Segunda Guerra Mundial, são frequentes os casos em que o historiador se vê envolvido com objetos de estudos que acabam disputados em tribunais ou casas legislativas. Na Europa, o caso do holocausto é representativo.

Em 1993, a historiadora americana Deborah Lipstadt escreveu a obra "Denying the Holocaust: The Growing Assault on Truth and Memory", com o intuito de desmontar o discurso daqueles que negam o holocausto. No livro, Lipstadt fez duras críticas aquele que ela considera o principal destes negacionistas: David Irving. Três anos depois Irving processou Lipstadt e a editora da historiadora, a Penguin Books Ltda. por difamação. O julgamento ocorreu de janeiro a abril de 2000, com vitória de Lipstadt e da editora. O que começara no plano livresco acabou em disputa judicial.

Mais recentemente, o Congresso Francês aprovou um projeto de lei que sanciona quem negar o genocídio dos turcos contra os armênios durante a Primeira Guerra Mundial, o que provocou grande polêmica já que o Governo Turco, que classificou a medida como eleitoreira.

A própria ANPUH, voltando ao cenário brasileiro, se envolveu em outra questão que cruza com o universo do direito. Em texto intitulado "O STF não sabe o que é história", publicado em janeiro de 2012, a entidade criticou publicamente em seu site a resolução promulgada pelo Ministro Cezar Pesulo, presidente do Supremo Tribunal Federal, que "estabelece critérios para atribuição de relevância e de valor histórico aos processos e demais documentos do Supremo Tribunal Federal. Para a ANPUH, não é possível determinar "por decreto" o que é ou não histórico, devendo esse julgamento ficar a cargo de profissionais que possam fazer uma avaliação técnica adequada, como os historiadores.

E você, o que pensa sobre estes limites? Na sua opinião, o historiador pode/deve atuar como perito? Para participar desta discussão, clique aqui e ajude a desenvolver esse importante debate para a área de história. O Café História preparou um fórum especial para o assunto, que merece toda a atenção dos participantes e leitores da rede, formados, em sua maioria, por professores, pesquisadores e estudantes de história.


Fonte: cafehistoria