![]() |
(Foto: Valter Campanato/ Agência Brasil). |
A
diferença entre políticos do PSDB e de outros partidos não é a quantidade de
escândalos em estão envolvidos, mas a quantidade de vezes que a justiça ou o MP
garantiram que filiados à legenda tivessem seus casos prescritos ou suas
investigações retardadas. Ou seja, o que difere os tucanos dos outros é
exatamente aquilo que procuradores e juízes dizem querer acabar no Brasil, a
impunidade.
Furnas
Centrais Elétricas, Caso Sivam, Caso da Pasta Rosa, Cartel dos metrôs e trens
de São Paulo e Distrito Federal, Mensalão tucano, Máfia do Carlinhos Cachoeira,
Aeroporto de Cláudio, JBS e muitos outros.
Em
todos estes casos, há, ao menos, um figurão do PSDB envolvido: Aécio Neves,
Geraldo Alckmin, José Serra, Fernando Henrique Cardoso, Eduardo Azeredo, Beto
Richa, Marconi Perillo e Aloysio Nunes entre outros. Se ações e processos
contra o PT e partidos aliados evoluem em ritmo supersônico, em contrapartida,
quando os protagonistas são tucanos os inquéritos paralisam, juízes arquivam
denúncias inexplicavelmente e penas prescrevem sem justificativa.
A Fórum relembra 15 desses casos.
Veja a seguir:
1) Alckmin e a Odebrecht
– O ex-governador paulista e pré-candidato do PSDB à presidência, Geraldo
Alckmin, apesar de ter sido delatado por três funcionários da Odebrecht, foi
beneficiado e será investigado na Justiça eleitoral de São Paulo. Nesta
quarta-feira (11), o Superior Tribunal de Justiça autorizou o envio para o
Tribunal Regional Eleitoral de um processo em que o tucano é investigado. Até
esta data, seu caso corria na corte de Brasília, pois ele tinha foro
privilegiado. Ao renunciar para disputar a eleição perdeu a prerrogativa e terá
o caso apurado por instâncias inferiores.
2) Serra e a prescrição
– Na mesma época em que Lula tinha sua condenação mantida pelo TRF-4, a
procuradora-geral da República, Raquel Dodge, solicitou ao Supremo Tribunal
Federal, o arquivamento de um inquérito que investigava o senador José Serra
(PSDB) por suposto recebimento de caixa dois na campanha presidencial de 2010.
O inquérito havia sido aberto em agosto de 2017, por conta de delações
premiadas de executivos da JBS. Raquel Dodge diz que o caso prescreveu em 2016,
um ano antes do início das investigações.
3) Aloysio Nunes beneficiado
– A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, mandou ao STF um pedido para
que a Polícia Federal encerre, dentro de 60 dias, as pesquisas de informações
junto à Odebrecht, na apuração de supostas vantagens indevidas obtidas pelo
ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes (PSDB), quando era senador. O
esquema teria servido para financiar sua campanha eleitoral de 2010. No
entanto, apesar disso, Dodge diz que os crimes foram cometidos antes de 2010 e,
portanto, estariam prescritos.
4) Cartel tucano no Rodoanel
– No final de 2017, a Odebrecht disponibilizou à Superintendência Geral do Cade
(Conselho Administrativo de Defesa Econômica) vários documentos que revelam a
formação de um cartel no Rodoanel e no Programa de Desenvolvimento do Sistema
Viário Estratégico Metropolitano de São Paulo. No período do cartel, apontado
pela Odebrecht, o estado de São Paulo foi comandado pelo PSDB, com os
governadores Geraldo Alckmin (2004-06), José Serra (2007-2010) e Alberto
Goldman (2010). Por enquanto, ninguém foi punido.
5) Máfia das merendas –
Em 2016, mais um escândalo com a participação dos tucanos vaio à tona: o
superfaturamento em contratos para o fornecimento de merenda escolar à
Secretaria de Educação e mais 22 prefeituras do estado de São Paulo. Durante
apuração da Operação Alba Branca, dirigentes da Cooperativa Orgânica Agrícola
Familiar (COAF), em delação, denunciaram o deputado Fernando Capez (PSDB) e o
ex-chefe de gabinete da Casa Civil do governo de Geraldo Alckmin (PSDB), Luiz
Roberto dos Santos, o Moita, como integrantes do esquema. Ninguém foi punido.
6)
Aeroporto de Cláudio – Na época em que era governador de
Minas Gerais, entre 2003 e 2010, Aécio Neves (PSDB) mandou construir cinco aeroportos
em cidades de pequeno porte, todos próximos a terras de seus familiares. O caso
mais notório foi o de Cláudio, município com cerca de 30 mil habitantes. A
pista, construída a 6 km de sua fazenda, se localiza nas terras do tio de
Aécio, desapropriadas e pagas com dinheiro público. Preço: R$ 14 milhões.
7) Mensalão Tucano
– Foi o esquema de desvio de verbas de empresas públicas em Minas Gerais, no
ano de 1998, que visou favorecer a reeleição do então governador Eduardo
Azeredo (PSDB). O caso envolveu R$ 4,4 milhões. Apesar de ter sido condenado em
2015 a mais de 20 anos de prisão, em função dos recursos, a pena pode
prescrever, caso o julgamento não transite em julgado até setembro de 2018,
quando Azeredo completa 70 anos.
8) Máfia do Cachoeira
– O Congresso instalou, em 2012, uma CPI para investigar as relações entre a
máfia do bicheiro Carlinhos Cachoeira e agentes públicos e privados. Entre os
envolvidos, o ex-senador Demóstenes Torres (à época no DEM) e o então
governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). O mandato de Demóstenes foi
cassado. No entanto, nada ocorreu com o tucano Perillo, que, inclusive, hoje é
novamente governador de Goiás.
9) Cartel dos Metrôs de São Paulo e
Distrito Federal – Este escândalo teve origem há muitos
anos e, até agora, nenhum político tucano foi punido. Na verdade, são duas
situações que se relacionam: o Caso Alston, multinacional francesa, que teria
subornado políticos ligados ao governo de Geraldo Alckmin (PSDB) para conseguir
o contrato de expansão do metrô de São Paulo, e o Caso Simiens, empresa que
reconheceu ter formado cartel para fraudar licitações do metrô de São Paulo e
do Distrito Federal. Prejuízo estimado: R$ 425 milhões.
10) Privataria Tucana –
Denunciados com vasta documentação no livro de mesmo nome, de Amaury Ribeiro
Junior, os descaminhos do dinheiro público desviado por tucanos na época áurea
das privatizações, no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e do então
ministro da Fazenda, José Serra (PSDB). Levantamento realizado pelo então
deputado Protógenes Queiroz (PCdoB), delegado da Polícia Federal no caso,
indica que o total de desvio atingiu incríveis R$ 124 bilhões.
11) Emenda da Reeleição de FHC
– Durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 1997, a Câmara
Federal aprovou uma emenda que liberou a reeleição presidencial. Meses após,
surgiram denúncias de compra de votos pelo Poder Executivo para a aprovação.
Apesar de grampos em gravações, ninguém foi investigado pelo Congresso e,
tampouco, punido. Em 1998, FHC se reelegeu para mais um mandato. O valor da
fraude não pôde ser estimado.
12) Caso da Pasta Rosa
– Funcionários Públicos do Banco Central, que atuavam em uma auditoria no Banco
Econômico, em 1995, acharam um dossiê com documentos que indicavam a existência
de um esquema ilegal de doação eleitoral, envolvendo a Federação Brasileira de
Bancos (Febraban) e Antônio Calmon de Sá, dono do Econômico. O esquema indicava
a distribuição ilegal de US$ 2,4 milhões dos bancos a 45 políticos que se
candidataram as eleições de 1990, entre eles José Serra (PSDB). Nenhum político
foi punido.
13) Caso Sivam
– Este pode ser considerado o primeiro grande escândalo de corrupção do governo
de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Surgiu em 1995 e envolvia denúncias de
corrupção e tráfico de influência na implantação do Sistema de Vigilância da
Amazônia. O caso respingou no embaixador Júlio César Gomes dos Santos, então
chefe do cerimonial de FHC, além de ministros e outros assessores do presidente
tucano. Em 1996, o então deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) pediu a instalação
de uma CPI, que só saiu em 2001. Com maioria na Câmara, FHC abafou o caso e
ninguém foi punido. Prejuízo estimado: US$ 1,4 bilhão.
14) Caso Furnas
– O escândalo já passou de dez anos e nada aconteceu a respeito do esquema de
corrupção semelhante ao mensalão, que foi montado dentro da companhia estatal
Furnas Centrais Elétricas, com sede no Rio de Janeiro, para beneficiar
políticos e partidos. A fraude foi citada nas delações premiadas do doleiro
Alberto Youssef e do lobista Fernando Moura, durante a Operação Lava Jato.
Ambos apontaram o senador Aécio Neves (PSDB) como beneficiário dos desvios.
15) O grampo da JBS
– Em 2017, Joesley Batista, proprietário do frigorífico JBS, entregou à
Procuradoria-Geral da República uma gravação do senador Aécio Neves (PSDB)
solicitando ao empresário R$ 2 milhões. No áudio, o então presidente nacional
dos tucanos justifica, afirmando que precisava da doação para pagar sua defesa
na Operação Lava Jato. Aécio indicou um primo para receber o dinheiro e a
entrega foi gravada pela Polícia Federal, que descobriu, ainda, que a quantia
foi depositada em uma em presa do senador Zezé Perrella (PMDB-MG). (Com informações da Revista Fórum).