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Pela primeira vez, mais da metade (53,2%) da população de 25 anos ou mais tinham pelo menos o Ensino Básico Obrigatório. (FOTO | Renato Araújo/Agência Brasília). |
A
taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais recuou de 6,1%
em 2019 para 5,6% em 2022, uma redução de pouco mais de 490 mil
analfabetos no país, chegando a menor taxa da série, iniciada em
2016. No total, eram 9,6 milhões de pessoas que não sabiam ler e
escrever, sendo que 55,3% (5,3 milhões) delas viviam no Nordeste e
54,2% (5,2 milhões) tinham 60 anos ou mais.
Os
dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD)
Contínua: Educação 2022, divulgada hoje pelo IBGE. Essa é a
primeira divulgação do módulo após a pandemia. Devido à redução
na taxa de aproveitamento da amostra, causada pela mudança na forma
de coleta implementada emergencialmente durante o período de
distanciamento social, a divulgação do suplemento foi suspensa em
2020 e 2021, retornando agora com os resultados para 2022.
“O
analfabetismo segue em trajetória de queda, mas mantém uma
característica estrutural: quanto mais velho o grupo populacional,
maior a proporção de analfabetos. Isso indica que as gerações
mais novas estão tendo maior acesso à educação e sendo
alfabetizadas ainda crianças, enquanto permanece um contingente de
analfabetos, formado principalmente, por pessoas idosas que não
acessaram à alfabetização na infância/juventude e permanecem
analfabetas na vida adulta”, observa a coordenadora Pesquisas por
Amostra de Domicílios do IBGE, Adriana Beringuy.
As
taxas ficaram em 16,0% entre as pessoas de 60 anos ou mais, 9,8%
entre as pessoas com 40 anos ou mais, 6,8% entre aquelas com 25 anos
ou mais e 5,6% entre a população de 15 anos ou mais. Por outro
lado, a taxa de analfabetismo das pessoas de 60 anos ou mais foi a
que mais caiu, reduzindo-se em 2,1 p.p frente a 2019 e 4,5 p.p. ante
2016.
Taxa
de analfabetismo de pretos e pardos é duas vezes maior que a dos
brancos
Em
2022, entre as pessoas pretas ou pardas com 15 anos ou mais de idade,
7,4% eram analfabetas, mais que o dobro da taxa encontrada entre as
pessoas brancas (3,4%). No grupo etário de 60 anos ou mais, a taxa
de analfabetismo dos brancos alcançou 9,3%, enquanto entre pretos ou
pardos ela chegava a 23,3%.
Na
análise por sexo, a taxa de analfabetismo das mulheres de 15 anos ou
mais, em 2022, foi de 5,4%, enquanto a dos homens foi de 5,9%. Entre
os idosos, a taxa das mulheres foi de 16,3%, ficando acima da dos
homens (15,7%).
Beringuy
destaca que “a tendência de queda do analfabetismo se verifica nos
grupos onde ele é maior: população mais velha e pessoas de cor
preta ou parda. É como se tivesse mais espaço para queda nesses
grupos, uma vez que a população jovem já está mais escolarizada.
De todo modo, temos um panorama no qual persiste mais de 20% da
população de 60 anos ou mais de cor preta ou parda na condição de
analfabeta”.
Taxa
de analfabetismo do Nordeste é quatro vezes maior que a do Sudeste
A
taxa de analfabetismo para as pessoas de 15 anos ou mais também
reflete desigualdades regionais: o Nordeste tem a taxa mais alta
(11,7%) e o Sudeste, a mais baixa (2,9%). No grupo dos idosos (60
anos ou mais) a diferença é maior: 32,5% para o Nordeste e 8,8%
para o Sudeste.
“A
taxa de analfabetismo é uma das metas do atual Plano Nacional de
Educação (PNE), que tem vigência até 2024. Um dos itens seria a
redução da taxa da população de 15 anos ou mais para 6,5% em 2015
e a erradicação em 2024. A meta intermediária foi alcançada em
2017 na média Brasil, porém, no Nordeste e para a população preta
ou parda, ainda não foi alcançada”, ressalta a coordenadora.
Entre
as 27 unidades da federação, as que mostraram as três maiores
taxas de analfabetismo foram Piauí (14,8%), Alagoas (14,4%) e
Paraíba (13,6%). Já as três menores taxas foram as do Distrito
Federal (1,9%), Rio de Janeiro (2,1%) e de São Paulo e Santa
Catarina (ambos com 2,2%).
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Com
informações do IBGE.