Sobre Fidel Castro, por Benedita da Silva*


HASTA SIEMPRE!

Todos aqueles que lutam e que têm consciência de que são oprimidos e sofrem com a enorme injustiça social nesse mundo profundamente desigual, todas essas multidões choram nesse momento a morte de Fidel.

O ódio que lhe dirige a imprensa dos poderosos, as 638 tentativas de matá-lo, o bloqueio econômico desde 1960...tudo isso não seria necessário se Fidel fosse um Pinochet ou um Temer, mas ele era o Fidel que transformou Cuba, de colônia americana, numa Cuba independente, altiva e em esperança para os povos latino-americanos.

Não é preciso ser comunista para entender e admirar a justiça social e a excelente qualidade da educação e da saúde que a Revolução dirigida por Fidel realizou em Cuba, pois vivemos um pouco disso com o saudoso trabalho dos médicos cubanos, sempre atenciosos, respeitosos e competentes no atendimento às populações mais pobres de nosso país, até mesmo naqueles rincões mais inacessíveis.

Não foi por acaso que os golpistas e sua imprensa atacavam tanto os médicos cubanos. Eles odeiam o povo e tudo o que venha melhorar a sua vida e elevar a sua autoestima.

Deixo aqui a minha mais sentida homenagem a esse grande líder mundial e sempre presente FIDEL CASTRO!


*Deputada Federal com assento pelo PT(RJ).

Com uma diferença de apenas 2 pontos, Higor Gomes conquista o tricampeonato MTB de Altaneira


A trilha Sítio Poças foi palco na tarde deste sábado, 26 de novembro, da grande final da terceira edição do Campeonato de Mountain bike (MTB) do município de Altaneira.

Segundo informações do Blog de Altaneira, o ciclista Higor Gomes conquistou seu tricampeonato ao chegar com a vitória na última etapa aos 197 pontos. Apenas dois pontos a frente do vice-capeão, Lindevaldo Pereira.

Diferença ainda menor foi registrada entre o terceiro e o quarto colocado. Um ponto separou Jonathan Soares (101) de Bruno Roberto (100).

Concluída a competição, a classificação ficou da seguinte forma:

1) Higor Gomes - 197 pontos;
2) Lindevaldo Ferreira - 195 pontos;
3) Jonathan Soares - 101 pontos;
4) Bruno Roberto - 100 pontos;
5) Ricardo Pereira - 92 pontos;
6) Richard Soares - 89 pontos;
7) Paulo Robson - 74 pontos;
8) Luciano Ferreira - 68 pontos;
9) Ryan Alencar - 24 pontos;
10) Raimundo Soares - 16 pontos;
11) Ian Santos - 9 pontos;
12) Raquel Guedes - 8 pontos;
13) Eduardo Amorim - 8 pontos;
14) Aderson Pereira.

Papa Francisco lamenta “triste notícia” da morte de Fidel



O site Revista Fórum publicou neste sábado, 26 de novembro, nota do Papa Francisco lamentando a morte de um dos líderes da Revolução Cubana emitida ao seu irmão e presidente de Cuba, Raúl Castro.

 “EXCELENTÍSIMO SEÑOR RAÚL MODESTO CASTRO RUZ

LA HABANA

AL RECIBIR LA TRISTE NOTICIA DEL FALLECIMIENTO DE SU QUERIDO HERMANO, EL EXCELENTÍSIMO SEÑOR FIDEL ALEJANDRO CASTRO RUZ, EXPRESIDENTE DEL CONSEJO DE ESTADO Y DEL GOBIERNO DE LA REPÚBLICA DE CUBA, EXPRESO MIS SENTIMIENTOS DE PESAR A VUESTRA EXCELENCIA Y A LOS DEMÁS FAMILIARES DEL DIFUNTO DIGNATARIO, ASÍ COMO AL GOBIERNO Y AL PUEBLO DE ESA AMADA NACIÓN.

AL MISMO TIEMPO, OFREZCO PLEGARIAS AL SEÑOR POR SU DESCANSO Y CONFÍO A TODO EL PUEBLO CUBANO A LA MATERNA INTERCESIÓN DE NUESTRA SEÑORA DE LA CARIDAD DEL COBRE, PATRONA DE ESE PAÍS.

FRANCISCO PP”.

Tradução por Nicolau Neto

PRESIDENTE DOS CONSELHOS DE ESTADO E DE MINISTROS DA REPÚBLICA DE CUBA

A HAVANA

Ao receber a triste notícia da morte do seu querido irmão, sua Excelência Fidel Alejandro Castro Ruz, ex-presidente do Conselho de Estado e do Governo da República de Cuba, expresso meus sentimentos de simpatia a você e aos outros parentes do dignatário falecido, assim como ao Governo e ao povo desta nação querida.

Ao mesmo tempo ofereço orações ao senhor para seu relaxamento e confiança para todo o povo cubano e a intercessão materna de Nossa Senhora da Caridade do Cobre, padroeira do país.


Papa Francisco


Porque negros(as) admiram Fidel Castro?, por Douglas Belchior



Com a morte de Fidel Castro e a comoção da maior parte daqueles que se dedicam a luta social pelo mundo afora, alguns grupos e personalidades negras questionam o porquê de negros "idolatrarem" Fidel e seu regime "racista".

Publicado originalmente em sua página

Respeito os que criticam, mas preciso discordar e o faço com muita força. Reconheço que esse debate é complexo. Mas preciso dizer que não se trata apenas de "muita gente do movimento negro" idolatrar Fidel, mas sim de movimentos, organizações e personalidades negras de todo planeta reconhecerem o importante papel histórico de Fidel enquanto liderança que se contrapôs ao status quo mundial. Há controvérsias em sua atuação? Sem dúvida! Cuba pós revoluçao se curou do racismo? Evidente que não. Experiência essa que nos ajudou a forjar a ideia de que a revolução necessária está muito além de econômica, em especial nos aspectos de raca, genero, questoes religiosas e sexuais. Roberto Trindade, negro brasileiro que viveu 7 anos e se formou médico na Ilha nos relata:

"Em Cuba o racismo existe sim, mas não é um racismo institucional, como estamos "acostumados". É fruto de uma herança cultural de países escravocratas. Posso exemplificar com a ideia de que os santiagueros (Santiago de Cuba tem a maioria de sua população negra) são burros!!! Realmente a revolução não conseguiu desconstruir essa ideia vinda desde os tempos da colônia e essa persiste e se propaga nas "piadas", "ditados populares" e etc. Em Cuba os negros vivem melhor que em qualquer outro lugar previamente escravocrata. Existem as mesmas oportunidades e possibilidades, algo que pode parecer difícil de entender após eu confirmar que há racismo na Ilha. A revolução, plurirracial e de caráter nacional por si só já não permitiria que o racismo persistisse entre as esferas do governo".

Pra mim, particularmente, seria suficiente para admirar Fidel e sua obra uma atuação em especial Milito no mivimento de Cursinhos há quase 20 anos. Nesse período trabalhei em processos de seleção de jovens negros para fazer medicina em Cuba. Esse programa durou muitos anos e formou centenas de brasileiros latino americanos e africanos negros e pobres. Arrisco dizer que enquanto o programa durou, entre seu início e os primeiros resultados das políticas de acesse do governo Lula, Cuba formou mais negros brasileiros como médicos do que todas as universidades públicas do Brasil no mesmo período. Cleber Da Costa Firmino e José Cícero Da Silva e Roberto Trindade - que nos fez o relato acima - viveram lá, se formaram médicos e podem nos ajudar no debate.

É justo tbm lembrar o papel de Cuba e Fidel, no apoio a luta por libertação e independência de diversos países africanos frente a opressão colonial européia. Guevara, outro líder da revolução cubana, antes de ser morto enquanto guerreava na Bolivia, esteve a frente com seu batalhao cubana na guerrilha em Luta pela libertação do Congo.

Argélia foi apoiada em 1961. Enquanto lutava contra o colonialismo francês, Fidel Castro, a pedido da Frente de Libertação Nacional e fez chegar armas aos independentistas. Apoiou a luta contra o Apartheid e enviou cerca de 300.000 soldados a Angola entre 1975 e 1988 para fazer frente à agressão do exército supremacista da África do Sul. Em 1991, Nelson Mandela rendeu tributo a Fidel Castro: "Desde os seus dias iniciais, a Revolução Cubana tem sido uma fonte de inspiração para todos os povos amantes da liberdade. O povo cubano ocupa um lugar especial no coração dos povos da África."

Por fim, Sempre que sou provocado a falar de Cuba e de Fidel, deixo a seguinte pergunta, já respondida por Trindade, acima: seria exagero dizer que Cuba é o país em que os negros da Diáspora vivem melhor, em todo o mundo? Depois de uma rápida pesquisa nos índices de Desenvolvimento Humano e Desigualdades Sociais na Ilha, desde a revolução, eu arriscaria dizer que sim. Há teoricos que condenam a experiência Cubana? Sim. Mas eu prefiro ficar com a posição de Malcon X, Mandela, Ângela Davis e alguns outros dos Panteras Negras, pessoas com as quais sempre teve boa relação, e outros tantos revolucionários negras/os que o admiravam.

Fidel viverá para sempre!

Fidel Castro ao lado de Nelson Mandela e Ângela Davis - dois ícones na defesa
das causas negras. Montagem: Prof. Nicolau Neto.



Fidel, por Eduardo Galeano



 “E seus inimigos não dizem que apesar de todos os pesares, das agressões de fora e das arbitrariedades de dentro, essa ilha sofrida mas obstinadamente alegre gerou a sociedade latino-americana menos injusta

Publicado originalmente no Outras Palavras

Tradução: Eric Nepomuceno

Seus inimigos dizem que foi rei sem coroa e que confundia a unidade com a unanimidade.
E nisso seus inimigos têm razão.

Seus inimigos dizem que, se Napoleão tivesse tido um jornal como o Granma, nenhum francês ficaria sabendo do desastre de Waterloo.
E nisso seus inimigos têm razão.

Seus inimigos dizem que exerceu o poder falando muito e escutando pouco, porque estava mais acostumado aos ecos que às vozes.
E nisso seus inimigos têm razão.

Mas seus inimigos não dizem que não foi para posar para a História que abriu o peito para as balas quando veio a invasão, que enfrentou os furacões de igual pra igual, de furacão a furacão, que sobreviveu a 637 atentados, que sua contagiosa energia foi decisiva para transformar uma colônia em pátria e que não foi nem por feitiço de mandinga nem por milagre de Deus que essa nova pátria conseguiu sobreviver a dez presidentes dos Estados Unidos, que já estavam com o guardanapo no pescoço para almoçá-la de faca e garfo.

TEXTO-MEIO

E seus inimigos não dizem que Cuba é um raro país que não compete na Copa Mundial do Capacho.

E não dizem que essa revolução, crescida no castigo, é o que pôde ser e não o quis ser. Nem dizem que em grande medida o muro entre o desejo e a realidade foi se fazendo mais alto e mais largo graças ao bloqueio imperial, que afogou o desenvolvimento da democracia a la cubana, obrigou a militarização da sociedade e outorgou à burocracia, que para cada solução tem um problema, os argumentos que necessitava para se justificar e perpetuar.

E não dizem que apesar de todos os pesares, apesar das agressões de fora e das arbitrariedades de dentro, essa ilha sofrida mas obstinadamente alegre gerou a sociedade latino-americana menos injusta.

E seus inimigos não dizem que essa façanha foi obra do sacrifício de seu povo, mas também foi obra da pertinaz vontade e do antiquado sentido de honra desse cavalheiro que sempre se bateu pelos perdedores, como um certo Dom Quixote, seu famoso colega dos campos de batalha.

(Do livro “Espelhos, uma história quase universal”)

Com Angela Davis e Malcolm X durante uma visita aos EUA.