O que os demais concorrentes diriam disso? : "Não podemos colocar principiantes na Prefeitura".

INÁCIO ARRUDA (PCdoB)


Em entrevista ao jornal O Povo, Inácio se destacou com as melhores propostas para administrar Fortaleza, com planejamento e serviços públicos de qualidade. O candidato do PCdoB reiterou a confiança recebida na população nas várias atividades de rua da campanha e alertou para o risco de "aventureiros" e "iniciantes" que disputam a Prefeitura visando apenas a um projeto de poder.
“Não podemos colocar principiantes na Prefeitura”, ressaltou na entrevista transmitida ao vivo, na manhã de segunda-feira (17), pela AM O Povo CBN, e publicada no jornal O Povo desta terça-feira (18).

"Temos projetos diferentes para a cidade. E nós temos que apresentar o nosso projeto, essa é a hora. Essa eleição é a mais importante para que os partidos se apresentem, e nós estamos apresentando a nossa candidatura, porque se trata de gente que tem história na luta política e social da cidade de Fortaleza", destacou Inácio, frisando a origem popular dele, a grande ligação com os movimentos sociais e o vasto histórico de contribuições a Fortaleza e ao Ceará alcançadas por ele e por Chico Lopes.

"Inácio e Chico Lopes têm história, estão fincados aqui na cidade. O eleitor nos conhece, sabe da nossa história, sabe das nossas lutas com os trabalhadores", afirmou Inácio.

"O candidato tem que ter muita ligação com a cidade. Tem que ter história na cidade. Eu acho que sempre que você busca um aventureiro, um principiante, você corre risco na cidade, porque não aproveita as oportunidades. Você imagina o grau de oportunidades que nós tivemos na cidade de Fortaleza nos últimos oito anos", acrescentou o candidato do PCdoB.

Apoio a Lula

Respondendo a perguntas sobre o governo Lula e a luta política nos bastidores do governo, Inácio reafirmou seu compromisso com o povo, suas votações, como senador, em favor da população e sua atuação em defesa do então presidente. Bem como do projeto popular para a administração federal, responsável pela inclusão social de 30 milhões de brasileiros e por avanços importantes no País.

"Quando se tratou de defender o projeto nacional, de defender o presidente Lula, que não querem nem que eu use a imagem dele nas eleições, este cara eu tive coragem de defender, quando muita gente do seu partido não teve essa coragem. Tentaram derrubá-lo, e eu disse 'de jeito nenhum', derrubar o presidente".

O candidato do PCdoB lembrou ainda a contribuição do PCdoB para conquistas importantes em Fortaleza, como o CUCA da Barra do Ceará e a reforma do Estádio Presidente Vargas. E reafirmou a confiança de vitória nessas eleições, pela diferença de sua candidatura.

"A eleição vai chegando e o povo vai refletindo, vai decidindo seu voto, independente das máquinas e das campanhas milionárias. O eleitor sabe que a cidade precisa é de um prefeito de compromisso com a cidade, disposto a governar dia a dia, que conheça os problemas e saiba implantar soluções e trazer recursos para resolvê-los. E isso Inácio e Chico Lopes já mostraram que sabem", acrescentou. "Vamos juntos, para uma grande vitória no dia 7 de outubro".



























Com informações do Portal Vermelho

Especialistas refutam tese pós-moderna de enfraquecimento do proletariado



Participantes de uma das mesas do Simpósio Internacional A Esquerda na América Latina, realizado na USP, foram unânimes ao rechaçar a visão de que a classe operária não tem mais força hoje. Para Mauro Iasi, professor da UFRJ, tal avaliação, de caráter não-emancipatório, tenta apagar a história do operariado, “relegando tudo ao momento e à particularidade essencial”.

São Paulo - “Estamos vivendo em uma nova era da luta de classes, em que tudo está em suspensão”, disse o professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Ricardo Antunes no último dia do Simpósio Internacional A Esquerda na América Latina, realizado na Universidade de São Paulo (USP) entre os dias 11 e 13. Na mesa que contou com sua presença, professores e intelectuais de esquerda trataram da imagem e história da classe operária no continente latino-americano.

O panorama da história do proletariado na América Latina tem suas divergências e particularidades, segundo Antunes. Os demais professores da mesa – Agnaldo dos Santos, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Mauro Iasi, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Sean Purdy, da USP – concordaram. O processo histórico pautou e pauta o desenvolvimento das lutas de classes e faz emergir novas contradições e particularidades que devem ser levadas em consideração por quem as estuda, completou o professor da Unicamp.

Antunes retomou a história latina de colonização e exploração para mostrar que desde então elas deixam marcas na luta de classes. Segundo ele, o mundo não sofre uma diminuição do trabalho, mas sim uma proletarização de todos os setores de trabalho. “Quando fui em uma fábrica automotiva na Espanha vi um engenheiro e um operário lado a lado, trabalhando juntos. Como estavam de roupas iguais não sabíamos diferenciá-los”, exemplificou. De acordo com seu diagnóstico, “o operário não é mais aquele que só dá o valor à matéria; é ele que agora atesta a qualidade do produto. Não existe mais aquele juiz exterior que diz ‘este sim, este não’”. O capitalismo e sua capacidade de sofisticação transforma também o trabalho, atribuindo-lhe novos desafios e questões.

Sean Purdy, do Departamento de História da USP, especializado em história norte-americana, apresentou a realidade dos trabalhadores latinos nos EUA. Segundo ele, no ano 2000 a minoria latina no país superou a negra, dado que acompanha uma importante discussão sobre a questão do trabalho dessa população. Ainda recebendo salários menores e com o racismo bastante presente, os latinos ilegais (80% dessa minoria está nos EUA sem documentos) convivem com ataques aos seus direitos civis e trabalhistas.

Segundo Purdy, a mobilização trabalhista radical na América do Norte teve sua principal organização na década de 1960, com os mobilizados porto-riquenhos (por exemplo, os Young Lords). Nos anos 70, os latinos do campo (cujo líder era César Chávez) acabam por causar a desmobilização dos trabalhadores. “Hoje, tanto aqui [no Brasil] como nos EUA, temos um problema com as organizações trabalhistas e de minorias; as cooptações, pelos partidos, de suas causas acaba por prejudicar sua mobilização, como se dissessem: ‘não precisam se organizar, apenas votem em mim’”, disse Purdy.

A mesa bateu de frente com a crítica pós-moderna que não vê mais força no proletariado. O professor Mauro Iasi, especialista no pensamento marxiano, relembrou a tensão entre o particular e o universal na luta de classe. “A classe operária tem papel decisivo no horizonte de emancipação e revolução da história”, disse. Segundo o professor, revoluções tão particulares como as da América Latina, por exemplo, convergem na universalidade emancipadora desejada pelo proletariado socialista: a importância da classe operária para a história assume, então, um caráter de união na luta pela emancipação.

O olhar cuidadoso para a herança histórica e as novas contradições que encontramos hoje devem pautar as novas atividades da esquerda, “mostrando que a esquerda não está acabada, pois ela está aqui”, disse Ricardo Antunes. A mesa foi unânime na forte crítica ao caráter não emancipatório da “defesa pós-moderna para apagar a história dessa classe operária, relegando tudo ao momento e à particularidade essencial”, concluiu Iasi.











































Com informações do Carta Maior

O beijo da morte na candidatura tucana



A entrada do ex-presidente na campanha para a prefeitura de São Paulo, mesmo que seja com um simples depoimento no programa eleitoral, pode significar o beijo da morte na candidatura tucana, conforme o conhecido código de Palermo. Não acrescenta ao candidato os votos das elites de São Paulo, mas reduz os que possa angariar na periferia.

Todos os que conhecem de perto a política paulista sabem que Fernando Henrique Cardoso e José Serra são cordiais adversários. A entrada do ex-presidente na campanha para a prefeitura de São Paulo, mesmo que seja com um simples depoimento no programa eleitoral, pode significar o beijo da morte na candidatura tucana, conforme o conhecido código de Palermo.

Serra e Fernando Henrique caminharam juntos, quando se encontravam no lado esquerdo da estrada. Suas idéias, ainda que não fossem exatamente as mesmas, eram muito próximas, quando buscavam o poder possível. Tinham, naquele tempo, a consciência de que dificilmente seriam protagonistas do processo político no futuro estado democrático.

Esperavam, quando muito, obter algum mandato parlamentar, em nome da relativa perseguição sofrida durante o regime ditatorial. É certo que, uma vez portadores desse mandato, naturalmente encontrariam aberta a via para trechos mais amplos em sua biografia.

O fato é que ambos foram favorecidos pelas circunstâncias. Com prestígio nas elites intelectuais e sociais de São Paulo, Fernando Henrique foi candidato em uma sublegenda para o Senado em 1978 – e perdeu para o cabeça da chapa, Franco Montoro. Quando Montoro se elegeu governador em l982, ele, como suplente, chegou ao Senado, conforme as regras eleitorais de então.

José Serra, filho de imigrante italiano que trabalhava como feirante, tinha todas as condições para tornar-se um grande líder de esquerda no Brasil: origem de classe, capacidade de mobilização da juventude e conhecimento dos fundamentos da economia. Em certo trecho de sua vida, no entanto, Serra passou a ser apoiado pelos banqueiros e grandes empresários de São Paulo – a mesma clientela de Fernando Henrique.

Nisso, talvez, resida a discreta rivalidade entre ambos: jogam no mesmo time e na mesma posição. Servidores da hegemonia paulista na vida nacional, os dois sempre contribuíram para o enfraquecimento do sistema federativo. José Serra se orgulha de haver impedido, na Assembléia Constituinte de 1988, a descentralização do sistema tributário nacional, que daria mais recursos aos estados. Fernando Henrique acabou, de fato, com a autonomia dos Estados em seu mandato. Serviram, assim, aos interesses de São Paulo, ao dificultar o desenvolvimento das demais regiões brasileiras. Minas foi mais prejudicada, por ser o segundo estado da federação, mas se reconheça que, ao servir aos interesses econômicos de São Paulo, os dois serviram aos seus patrocinadores.

Fernando Henrique não renuncia a ser reverenciado não só pelo auto proclamado excelso e universal saber, mas também por sua presumida liderança política sobre os neoliberais. Não lhe convém a ascensão de Serra, onze anos mais moço. Há pouco, FHC jogava nas costas do outro a privatização das empresas estatais. Agora, apóia a sua postulação à Prefeitura. Não acrescenta ao candidato os votos das elites de São Paulo, mas reduz os que possa angariar na periferia.




























Com informações do Carta Maior

Lógica de conciliação pós-ditadura compromete realização da democracia




Em simpósio internacional realizado na USP, estudiosos do regime autoritário criticam a imposição da idéia de conciliação com os militares e alertam para os riscos de morte lenta da democracia neste contexto. Para eles, os limites colocados pela não responsabilização dos torturadores e o legado estrutural da ditadura ferem o Estado de Direito.

São Paulo - Para alguns autores, se a própria democracia é incerta quanto aos resultados do jogo político, os períodos de transição são ainda mais ameaçadores em termos do controle dos resultados. Dentro desta lógica, muitos responsáveis por transições de Estados pós-regimes autoritários em todo o mundo optaram pela reconciliação. Adotaram assim um paradigma de análise centrado no que as elites políticas eram capazes de pactuar nesses momentos com a elite moderada das oposições. A idéia era a que, com esses atores negociando, seria possível devolver o poder a um conjunto de regras claras, que definiram a democracia a ser retomada.

O que tais pensadores não previram - ou negligenciaram - foi que a conciliação poderia impactar de tal forma o processo de transição a ponto de provocar uma morte lenta da própria democracia. Na última semana, em simpósio internacional realizado na Universidade de São Paulo, estudiosos da ditadura militar brasileira e defensores de direitos humanos alertaram para os limites colocados pela conciliação no país, que ferem o Estado Democrático de Direito.

"A compreensão era a de que não bastava retirar os autores políticos autoritários para redemocratizar estrutura do Estado e da sociedade civil. Uma ameaça de regressão autoritária estaria no horizonte, com o risco efetivo de os militares darem um novo golpe, e daí a preocupação com um pacto político", explicou Renan Quinalha, pesquisador da Faculda de Direito da USP, membro do grupo que organiza uma campanha pela criação de uma Comissão da Verdade na USP.

"Para que não houvesse risco de uma morte rápida da democracia, certos interesses do antigo bloco no poder não poderiam ser tocados. As demandas por Justiça dos familiares eram consideradas desestabilizadoras e indesejáveis - não à toa foram silenciadas por muito tempo. Mas não atentaram para a dimensão lenta da morte da democracia, comprometida na sua realização efetiva", acrescentou.

Na avaliação de Quinalha, uma parte a esquerda brasileira em grande parte pactuou com essa interdição do passado. Para muitos, discutir memória, verdade e justiça não era possível. Seria necessário estabilizar a nova ordem democrática, numa preferência clara de secundarizar a demanda por justiça e analisar a transição numa ótica utilitarista. "Não interessava uma discussão por uma transição justa, com uma dimensão ética da nova democracia. Interessava somente estabelecer novas regras do jogo", afirmou.

Na transição conservadora, o acordo entre militares, Tancredo Neves e outros líderes devolveu o poder aos civis, mas garantiu a impunidade dos agentes de Estado responsáveis por graves violações de direitos humanos. O suposto pacto foi então cristalizado na Lei de Anistia de 1979 através do dispositivo dos “crimes conexos aos crimes políticos”.

Para o jornalista Pedro Estevam da Rocha Pomar, membro do Comitê Paulista pela a Memória, a Verdade e a Justiça, e autor do livro "Massacre na Lapa", que conta como o Exército liquidou o Comitê Central do PCdoB em 1976, a Lei de Anistia tem sido, até agora, a fonte inesgotável da suposta legitimidade e da condição de intocáveis dos militares, tudo sob o discurso da conciliação nacional.

"Com o apoio indispensável das oligarquias, as Forças Armadas brasileiras conseguiram interditar por longos anos o debate legal e institucional sobre memória, verdade e justiça", disse. "E mantiveram e ainda mantêm sob controle direto alguns segmentos do Estado: a Justiça Militar como ramo específico do Poder Judiciário, o controle do tráfego da aviação civil, as Capitanias de Portos", destacou.

Pomar lembra que familiares, ex-presos políticos e grupos de direitos humanos mantiveram acesa a chama da luta por reparações simbólicas e pela punição dos responsáveis pelas atrocidades e por toda sorte de violações de direitos humanos na Ditadura Militar. Mas, ao exigir a punição dos criminosos, sempre esbarraram nesta muralha, reiterada pela decisão do Supremo Tribunal Federal de considerar anistiados os torturadores que agiram a serviço da ditadura, o que "reiterou a cumplicidade de expressiva parcela oligárquica, representada no Poder Judiciário, com aqueles que praticaram o terrorismo de Estado".

Justiça de transição
A partir dos anos 90, a partir de reflexões teóricas e documentos da ONU, do Tribunal Europeu de Direitos Humanos e da Comissão Internamericana de Direitos Humanos da OEA, emerge o conceito de justiça de transição. A partir de casos levados a estes órgãos, os mesmos passaram a reconhecer os direitos das vítimas a terem uma reparação econômica simbólica e a acessarem o direito à verdade, a medidas de memória – com homenagens aos que resistiram aos regimes autoritários e desqualificação daqueles que se valeram da estrutura do Estado para implantar a repressão -, e à justiça, com a identificação e processamento penal dos violadores. A justiça de transição passa ainda pela reforma das instituições, considerando que o terrorismo de Estado atravessou várias delas.

"Assim é necessário haver depuração e uma nova cultura política na sociedade para internalizar valores democráticos. O conceito, então, é retrospectivo - olha para o passado para trazer à tona essa história -, mas também prospectivo, porque isso diz respeito ao presente e ao futuro, para garantir que as violações não mais ocorram", relata Renan Quinalha. "É neste contexto que o tema da justiça de transição começa a ser apropriado no Brasil, sobretudo a partir de 2008, de maneira sistematizada e organizada no debate político e nas instituições acadêmicas", acrescenta.

Vem desta perspectiva de justiça a expectativa de punição dos torturadores da ditadura militar no Brasil, reavivada com a criação da Comissão Nacional da Verdade, que esta em seu quarto mês de funcionamento. O horizonte da reconciliação nacional, no entanto, permanece, visto que este é um dos objetivo da própria Comissão, previso em lei.

"Há um pacto em vigor entre governo e militares. Não é o velho pacto de 1984, porque os protagonistas mudaram e porque não há como evitar determinadas concessões aos familiares e aos ex-presos, mas sua essência não mudou: trata-se de garantir a impunidade de quem, em nome do Estado castrense, torturou, humilhou, trucidou e tirou a vida de centenas de “subversivos”", avalia Pedro Pomar.

Para o jornalista, a materialização da idéia de reconciliação nacional foi a cerimônia de posse dos integrantes da Comissão da Verdade, com a participação de dois ex-presidentesdos, Sarney e Collor, que tiveram participação direta na ditadura e foram seus beneficiários.

"A presidenta Dilma discursou, enfatizando que não se trata de revanchismo, nem de “reescrever a história de forma diferente do que aconteceu”. Afinal, devemos ou não reescrever a história?", questionou. "Que a burguesia reivindique a autoria e a legitimidade da ditadura militar, e que parte da oligarquia ainda hoje a defenda, não surpreende. Que a liderança de esquerda, tendo chegado ao poder político pela força de 50 milhões de votos, se submeta ao pacto forjado pela transição conservadora vinte anos antes, trinta anos antes, e o renove, isso sim ainda surpreende", criticou.

Para os presentes, um dos maiores riscos da renovação desse pacto é a perpetuação de situações de violação de direitos humanos que ocorrem no dia de hoje como reflexos institucionais desse período. Da criação das polícias militares à tortura que continua a ser praticada em delegacias, quartéis e presídios, passando pelas condições da população carcerária e pelas execuções sumárias quase sempre de pobres, negros e moradores das periferias, até a situação de populações inteiras colocadas sob ocupação militar.

"Encontramos neste ponto uma relação muito forte entre a atrofia da democracia atual e o terrorismo de Estado que vivemos no passado, por obra da ditadura militar instaurada em 1964", acredita Pomar. "Se agentes do próprio Estado torturam e matam, regularmente e impunemente, não se pode falar em “Estado de Direito”, mas em terrorismo de Estado, ainda que não seja o Estado central, a União, o protagonista de tais ações", conclui Pedro Pomar.















































Com informações do Carta Maior

Questão ambiental: Limites da esquerda




Em debate realizado no Simpósio Internacional da Esquerda, na Universidade de São Paulo, palestrantes apontaram limitações atuais da esquerda na questão ambiental: indeterminação do conceito de desenvolvimento sustentável, a cosmologia dos povos indígenas, a urgência de uma nova esquerda, que diferente da esquerda tradicional, altamente produtivista, se encarregue de questionamentos mais amplos, como o que envolve o meio ambiente foram alguns dos principais temas abordados no debate.

São Paulo - A mesa "Esquerda e o Meio Ambiente", realizada no último dia do Simpósio Internacional da Esquerda, na Universidade de São Paulo, teve a participação de Maurício Waldman, Francisco del Moral Hernández, Ana Paula Salviatti e Gilson Dantas. De pontos de vista distintos os palestrantes apontaram as limitações impostas pelo capitalismo ao meio ambiente. A indeterminação do conceito de desenvolvimento sustentável, a cosmologia dos povos indígenas, a urgência de uma nova esquerda, que diferente da esquerda tradicional, altamente produtivista, se encarregue de questionamentos mais amplos, como o que envolve o meio ambiente foram alguns dos principais temas abordados no debate.

Francisco Hernández, engenheiro elétrico e ambiental, professor e assessor, que atuou no painel de especialistas no caso da usina hidroelétrica de Belo Monte, expôs a influência dos livros marxistas que abordam a temática, como Marxismo e Ecologia do professor Jonh Bellamy Foster e compartilhou a experiência vivida junto dos grupos e movimentos organizados em torno da causa ambiental no norte do país, afetados pelo progresso destrutivo imposto pela lógica de mercado.

Maurício Waldman, pós doc pela Unicamp, apresentou sua bibliografia e atividade na área de preservação ambiental desde os anos 70. Waldman apontou as continuidades e rupturas ocorridas ao longo dos anos no Brasil e no mundo em ações pró-ambientais, assim como a limitação das condições ambientais encontradas ao longo do globo.

Ana Paula Salviatti, mestranda em história econômica pela Universidade de São Paulo, buscou traçar um paralelo entre as condições de existência dos trabalhadores e dos meios de produção no âmbito de um capitalismo financeirzado, através dos mecanismos financeiros desenvolvidos no Protocolo de Kyoto, a participação de créditos de carbono junto de ativos de petróleo em fundos de hedge altamente especulados.

Gilson Dantas, médico de formação, doutor em sociologia pela UNB e editor da revista Contra Corrente analisou as estratégias e objetivos dos movimentos Occuppy Wall Street e do movimento ecológico grego que compõe a coligação de esquerda Siriza. Em entrevista feita com representantes do movimento norte-americano, Dantas, abordou a heterogeneidade dos integrantes e as condições embrionárias positivas de um movimento contestatório de forte repercussão, não só no país como no mundo todo.

Quanto às manifestações ocorridas na Praça Syntagma, em Atenas, Dantas expôs os acordos que o movimento ambiental grego esteve disposto a fazer junto da coligação Syriza colocando mais pontos de proximidade do que de ruptura com modelos europeus de governo.














































Com informações do Carta Maior