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Maria Raiane. (FOTO/ Reprodução/ Facebook). |
Nas
periferias de Juazeiro do Norte, região do cariri- Ceará, a mensagem sobre a
importância do isolamento não faz muito sentido para a vida das/dos
trabalhadoras/es que ainda precisam se levantar diariamente para poder colocar
o básico na mesa para sua família. “A
quarentena aqui onde eu moro, tem muitas pessoas saindo pra trabalhar”. Boa
parte das pessoas que não moram no centro busca o seu sustento no trabalho
informal, são empregadas domésticas sem direitos reconhecidos e sem carteira
assinada, pedreiros que não podem ir aos seus “bicos”, afro-empreendedoras sem
poder vender seus produtos e entre
outras profissões que não dão o direito
ao isolamento social para esse povo.
Algo
propagado pelos responsáveis da saúde é a higienização e a não aglomeração de
pessoas. OK!. E para a família periférica que o uso da água em suas comunidades
é quase inexistente?
São
essas mesmas casas onde se encontram mulheres negras, mães e domésticas que
precisam trabalhar fora para garantir o aluguel da casa, pois, “É quarentena, mas tem que pagar as contas”.
Realidade viva de mulheres que lutam diariamente para que a fome não bata a sua
porta. “Estou preocupada porque não tem
como pagar as contas, temos dois alugueis atrasados- já estávamos passando por
dificuldade, e agora só complica”. A poucos dias está sendo discutido a
“Renda Mínima” que garantirá para algumas famílias a existência do que comer,
muitas famílias rezando com a chegada desse dinheiro que não podemos nos deixar
enganar que foi boa vontade do governo e sim, de muita pressão dos movimentos
sociais e movimentos negros. Recordando: “Genocídio”
é a palavra que está sendo reconhecida por pessoas que jamais foram atingidas
por isso. Pessoas cujo isolamento social está sendo garantido. O genocídio no
Brasil se deu desde a sua exploração pelos portugueses. Se tem sangue de gente
negra nas mãos de quem manda, “está tudo
bem”, mas como o vírus atingiu gente
rica e que realmente tem privilégio, aí a palavra genocídio é reconhecida!!!
O
texto teve a contribuição de Leidiane, mulher negra, mãe, periférica e
empregada doméstica.
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* Maria Raiane é ativista do Grupo de
Valorização Negra do Cariri (GRUNEC) e estudante de ciências sociais na
Universidade Regional do Cariri (URCA).
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