Arte urbana no Bairro do Gesso busca ressignificar a relação com a presença negra e indígena

 

 

Por Cicera Nunes e Joedson Nascimento

No sábado, 08 de janeiro de 2022, o Bairro do Gesso localizado na cidade do Crato, amanheceu com suas paredes pintadas de gente. No dia anterior foi iniciada uma ação de arte urbana que busca refletir nas paredes de algumas casas e prédios, as histórias e memórias da população do bairro, que tem forte ancestralidade negra e indígena.

A ação faz parte do projeto “O currículo e os processos de formação docente no campo das relações étnico-raciais na educação básica” que busca dialogar com o território de saberes negros e indígenas presentes no Bairro do Gesso, compreendendo-o como um livro vivo que pode ser lido para ressignificar a nossa relação com o território e, com isso, atribuir sentido ao que se aprende e se ensina na escola.

Como parte das ações que envolvem o levantamento de histórias de vida, produção de material áudio visual, elaboração de cadernos pedagógicos, ação de formação de professores (as) da rede de educação básica, organização de biblioteca comunitária, desenvolvimento de aplicativo para conhecimento dos pontos de memória, o projeto também propiciou uma intervenção urbana nos muros da comunidade com a participação dos artistas Wanderson Petrova, Cristiano Ramos e Jéssyca Sereia. A intervenção trata-se de uma grande ação coletiva que envolve a participação de estudantes e professores (as) da Escola de Ensino Fundamental Dom Quintino e moradores (as) do lugar. As pinturas dialogam com referências negras e indígenas do contexto nacional e local, ao tempo em visibiliza o legado ancestral presente na comunidade.

Com isso, busca-se positivar a existência negra e indígena, retratar as memórias históricas a partir das experiências vividas pelas pessoas do lugar, aprender a partir do que se retrata nos murais do território, compreender a dimensão de resistência presente na arte urbana, atribuir sentido à relação entre o conhecimento sistematizado e os saberes tradicionais.

A ação pedagógica que envolve a intervenção educativa na comunidade está inserida também no contexto das reformas urbanas que vêm sendo realizadas por coletivos e ações comunitárias protagonizadas pelos (as) moradores (as) da comunidade.

As ações são fruto do projeto O currículo e os processos de formação docente no campo das relações étnico-raciais na educação básica numa perspectiva inter e transdisciplinar” que conta com o apoio do Edital "Equidade Racial na Educação Básica: Pesquisa aplicada e Artigos científicos" organizado pelo CEERT em parceria com as organizações: Itaú Social, UNICEF, Instituto Unibanco e Fundação Tide Setubal". São parceiros dessa ação O Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação, Gênero e Relações Étnico-Raciais NEGRER/URCA, a Escola de Ensino Fundamental Dom Quintino, o Coletivo Camaradas, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Crato e conta com o apoio do Grupo de Valorização Negra do Cariri – GRUNEC.

Abaixo você confere mais fotos:

Arte/ Cristiano Ramos.


Arte/ Wanderson Petrova.

Arte/ Jéssyca Sereia

Vacinas protegem contra a covid longa e resfriados, segundo estudos

Mesmo que alguém vacinado se infecte após tomar vacina, a progressão da enfermidade é muito mais branda - ©Evaristo Sa / AFP

Os vacinados correm risco menor de desenvolver sintomas de covid longa após a infecção do que os não vacinados. A conclusão é de um novo estudo preliminar por médicos da Universidade Bar-Ilan em Safed, em Israel, submetido à revista científica Nature na terça-feira (25/01).

Os casos estudados foram da fase inicial da campanha de vacinação, a partir de março de 2021. Os pesquisadores perguntaram a mais de 3 mil cidadãos testados por PCR sobre possíveis sintomas de covid-19 no longo prazo. Entre eles, 951 haviam tido uma infecção comprovada.

O resultado sugere que a vacinação ajuda a enfrentar melhor uma eventual infecção, que ocorra apesar da imunização. "É outro motivo para se vacinar", segundo Michael Edelstein, epidemiologista da universidade.

Fundamentalmente, as vacinas protegem já pelo fato de ajudarem a prevenir infecções. Mas, mesmo que alguém vacinado se infecte, a progressão da enfermidade é muito mais branda.

Isso também se reflete nos efeitos de longo prazo: os vacinados tinham 54% menos probabilidade de ter dores de cabeça; os sintomas de fadiga eram até 64% menos prováveis; e as dores musculares, 68% menos prováveis.

A intensidade dos sintomas observados correspondia aos valores que também haviam sido relatados pelos participantes do estudo que ainda não haviam sido infectados pela novo coronavírus.

Covid longa é difícil de determinar

Costuma ser difícil para os clínicos gerais diagnosticar com precisão a covid longa. Os pacientes muitas vezes sentem que não são levados a sério, quando reclamam.

Sintomas típicos como fadiga, cansaço, tonturas, falta de concentração ou dor muscular raramente são inequivocamente atribuíveis a uma infecção passada. Um estudo publicado na PlosMedicine em 28 de setembro de 2021, para o qual os pesquisadores analisaram os dados de 273.618 portadores de covid-19, confirmou essa dificuldade.

O estudo concluiu que quase 60% dos infectados ainda apresentavam sintomas após seis meses. A situação é semelhante à da gripe comum, em que 40% dos recuperados reclamam de sintomas similares aos da covid longa após seis meses.

No entanto, as estimativas da frequência de covid longa variam muito, dependendo da definição dos sintomas típicos. A Sociedade Helmholtz, por exemplo, a estima em menos de 10%, mas é possível que se tenham considerado apenas os casos graves como diagnósticos confirmados.

Vacinas também ajudariam contra resfriado

Pesquisadores das universidades de Ulm e Amsterdã apontaram outra razão para se vacinar: os imunizantes contra a covid-19 no mercado também ofereceriam alguma proteção contra outros coronavírus (hCoV), que geralmente causam resfriados. Além disso, seriam eficazes contra os patógenos do primeiro vírus da síndrome aguda respiratória grave (SARS-CoV-1).

A equipe liderada por Frank Kirchhoff, do Instituto de Virologia Molecular da Universidade de Ulm, afirma, num estudo publicado em 25 de janeiro na revista Clinical Infectious Diseases, que "a vacinação leva à neutralização cruzada eficiente da SARS-CoV-1, mas não da MERS-CoV. Em média, a vacinação aumenta significativamente a atividade neutralizadora contra [os vírus de resfriado] hCoV-OC43, -NL63 e -229E."

Cada vez mais recuperados contraem a ômicron

Enquanto isso, um grande estudo de saúde britânico mostrou que quase um terço dos que contraíram o coronavírus de 5 a 20 de janeiro de 2022 já haviam tido covid-19 antes. A variante altamente contagiosa ômicron é atualmente a dominante no Reino Unido.

O estudo, que integra o programa de pesquisa REACT sobre o coronavírus, consultou 100.500 indivíduos que haviam se submetido a testes rápidos de antígenos no período. Um a cada 23 participantes (4,41%) testara positivo. Foi o maior número de infectados, desde que o REACT começou, em maio de 2020. Em dezembro, a taxa fora de 1,4%.

Agora, 64,6% dos comprovadamente contagiados informaram já ter tido covid-19 no passado. Entretanto, como os dados se baseiam em notificações próprias, os números devem ser avaliados com cautela.

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Com informações do Brasil de Fato.

Prêmio Estratégias de Equidade no Enfrentamento à Evasão Escolar

 


O Geledés Instituto da Mulher Negra, em parceria com o Instituto Unibanco, iniciará o ano de 2022 com o Prêmio Estratégias de Equidade no Enfrentamento à Evasão Escolar: implicações da COVID-19 para a permanência na Educação Básica. Esta iniciativa tem como objetivo mapear boas práticas de enfrentamento à evasão escolar com recorte de raça/gênero/território/deficiências realizadas em diferentes regiões do país, reconhecer essas iniciativas por meio de premiações e difundir as experiências bem-sucedidas para ampliar repertório e estratégias da gestão educacional, gestão escolar e organizações estudantis.

A evasão escolar na rede pública é um problema histórico na sociedade brasileira que, diante do cenário de uma pandemia mundial, vem se agravando. Como sabemos, esse problema atinge majoritariamente as crianças e os adolescentes em condição de vulnerabilidade. A PNAD Educação de 2019 já apontava 8,5% de evasão entre estudantes de até 13 anos de idade, e de 18% entre aqueles de 19 anos ou mais. Dadas as desigualdades socioeconômicas, as chances de evasão se tornam 8 vezes maiores entre estudantes com idades entre 15 e 17 anos pertencentes ao grupo dos 20% mais pobres em relação aos 20% mais ricos.

Ao realizar oficinas de escuta com profissionais da educação e estudantes de escolas públicas sobre os resultados da pesquisa “A educação de meninas negras em tempos de pandemia: o aprofundamento das desigualdades”, que traz evidências sobre as atuais e futuras implicações da pandemia sobre as desigualdades de raça e gênero nos indicadores de evasão escolar, Geledés Instituto da Mulher Negra identifica uma série de ações realizadas por grupos/coletivos e organizações estudantis para enfrentar essa problemática, com estratégias de retorno e reinserção de crianças e adolescentes nas escolas. Profissionais da educação e estudantes também apontam maiores riscos para a permanência de meninas e pessoas negras no espaço escolar pós-pandemia.

Dado que ainda não existe nenhum esforço de sistematização dessas experiências, a instituição elabora a proposta do I Prêmio Estratégias de Equidade no Enfrentamento à Evasão Escolar: implicações da COVID-19 para a permanência na Educação Básica. Esta proposta busca apoiar secretarias de educação, unidades educacionais e estudantes diante do desafio de retomar as atividades escolares.

Todas as boas práticas de Equidade no Enfrentamento à Evasão Escolar deverão contemplar pelo menos um dos recortes de raça, gênero, territórios rurais e de povos e comunidades tradicionais e deficiências. A premiação está dividida em três eixos, conforme descrito abaixo:

Gestão Educacional: monitoramento de indicadores educacionais; orientação e acompanhamento das escolas; metodologias de busca ativa;

Gestão Escolar: monitoramentos da evasão escolar; estratégia de busca ativa; comunicação com as famílias; acompanhamento de estudantes;

Estudantes (grêmios, coletivos e entidades): ações de comunicação entre pares; ações de acolhimento de estudantes evadidos.

Serão premiadas até três iniciativas de cada um dos eixos supracitados, sendo que a recompensa para as iniciativas serão:

Gestão Educacional: Certificação de Secretaria Promotora de Equidade Racial.

Gestão Escolar: Kit Multimídia com projetor, computador, tela, caixa de som e microfone.

Estudantes: Kit Rádio escolar

Esta chamada terá 8 etapas, sendo elas: 1) Divulgação ampla e nacional do edital do Prêmio Estratégias de Equidade Enfrentamento à Evasão Escolar: Implicações da COVID-19 para a Permanência na Educação Básica; 2) Período de inscrições das secretarias, escolas e organizações estudantis; 3) Seleção de iniciativas participantes; 4) Divulgação dos resultados; 5) Gravação de vídeo sobre as boas práticas selecionadas; 6) Evento de premiação das boas práticas; 7) Composição do Banco de Boas Práticas; 8) Divulgação do Banco de Boas Práticas na área de educação do Portal Geledés e do Observatório da Educação do Instituto Unibanco.

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Com informações do Geledés. Clique aqui e confira o cronograma.

Tolovi: “A diversidade sempre foi vista como uma ameaça para um sistema de poder que quer ser absoluto”

 

Carlos Alberto Tolovi. (FOTO/ Reprodução/ YouTube/ Papo Social Podcast).

Por Nicolau Neto, editor

Em 2018, o Brasil testemunhava um dos maiores retrocessos desde o projeto português de colonização e que implantou a escravização dos povos originários, inicialmente e, de povos africanos, posteriormente, como a principal ferramenta de sua manutenção. Naquele fatídico dia 28 de outubro, o capitão reformado do exército que desde 1991 estava como deputado federal, mas que pouco aparecia na mídia, não por decisão própria, mas porque nada tinha pra mostrar nesses anos todos como parlamentar, elegeu-se presidente com mais de 57 milhões de votos. 55,1% no segundo turno. Algo inimaginável para um país que carrega na sua trajetória política dois imperadores e dois processos ditatoriais. Estes últimos já no século passado.

Mesmo assim, dois meses depois do resultado das eleições de 18, este Blog entrevistou o professor universitário, filósofo e autor dos livros “Mito, Religião e Politica. Padre Cícero e Juazeiro do Norte” (2019) e Moral e Ética nas Relações de Poder” (2021), o Dr. Carlos Alberto Tolovi. Naquela oportunidade, algumas questões nortearam a entrevista, como por exemplo. Quais os desafios do Brasil pós-eleição? Quais as estratégias que devem ser tomadas para que os a margem do poder não sejam cada vez mais massacrados nesses quatro anos vindouros? Como os movimentos sociais devem se comportar? É possível um diálogo mais eficiente entre partidos de esquerda e os movimentos sociais? Como isso deve ser feito para atingir os menos favorecidos?

Para Tolovi, a vitória de Bolsonaro foi uma “tragédia” social no Brasil e que ele representou a “construção de uma narrativa organizada pela direita, que respondia aos desejos e necessidades da coletividade a partir de um caos produzido intencionalmente”.

O professor foi taxativo ao destacar que o processo que culminou na vitória de Bolsonaro representa ações de um movimento fascista e lembrou que “não podemos nos esquecer que, na guerra ideológica, o campo da educação é um dos mais importantes. Principalmente em um movimento fascista como esse que estamos vendo”.

Para complementar, asseverou:

A diversidade sempre foi vista como uma ameaça para um sistema de poder que quer ser absoluto.

2022 chegou e os desafios são enormes, a começar pela retirada da cadeira de presidente daquele que representa um perigo para a já fragilizada democracia; para os menos favorecidos; para negros/as e povos originários; para a comunidade lgbtqia+......

Quer reler essa entrevista? É só clicar aqui.

‘Na Câmara, tentam sabotar toda lei que fale em gênero’, diz Erika Hilton

 

Érika Hilton (FOTO/ Karime Xavier/Folhapress)

No mesmo país onde candidaturas e eleição de pessoas trans bateram recordes em 2020, pessoas transgêneras da política institucional sofrem agressões e ataques que tentam impedir o pleno exercício de seus mandatos. Segundo o “Dossiê Sobre Violências Contra Pessoas Trans Brasileiras” publicado nesta sexta-feira (28) pela Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), no ano passado, a violência política de gênero atingiu “de forma desproporcional as parlamentares trans/travestis”.

O documento, lançado por ocasião do Dia da Visibilidade Trans, comemorado em 29 de janeiro, identifica que a transfobia na política se dá por “diversas formas de ameaças e ataques por suas identidades de gênero, raça e pautas que defendem”. E afirma que a violência transfóbica vêm se acirrando desde a eleição de Bolsonaro.

Desde janeiro do ano passado, o cerco fechou muito para mim”, confirma a vereadora Erika Hilton (PSOL), que entrou na Câmara Municipal de São Paulo nas últimas eleições como a mulher mais bem votada do país e primeira vereadora trans da maior cidade da América do Sul, com mais de 50 mil votos.

Em entrevista, Erika afirma que mesmo com as várias violências que sofreu desde que assumiu uma cadeira no Legislativo municipal — tanto as veladas quanto as diretas, como quando teve o gabinete invadido e passou a ser acompanhada por seguranças diariamente — ela não se intimida em assumir sua identidade travesti, negra, periférica, ativista pelos direitos humanos.

Travesti é, vale frisar, uma identidade feminina, como ela fez questão de explicar em seu Twitter, em apoio à cantora Linn da Quebrada, que sofreu transfobia no “Big Brother Brasil” sendo chamada por pronomes masculinos. A vereadora também usa o termo transvestigênere, que ela cunhou para abarcar “todas identidades de homens e mulheres trans, travestis, pessoas trans não binárias”.

Erika conta ainda sobre sua atuação à frente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Vereadores e na presidência da primeira CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Violência Contra as Pessoas Trans e Travestis.

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Por Andrea Dip, do Universa. Clique aqui e leia a entrevista.

Sergio Moro ficou rico com a Lava-Jato, não há o que discutir

 

Moro exibindo seu holerite no canal de Kataguiri. (FOTO/ Reprodução/ YouTube).

O ex-juiz Sergio Moro admitiu, em live com seu apoiador Kim Kataguiri, ter recebido da consultoria norte-americana Alvarez & Marsal quase 4 milhões de reais por um ano de “trabalho” na empresa. A Alvarez & Marsal, por sua vez, recebeu pelo menos 65 milhões de reais das empresas de construção civil atingidas pela Lava-Jato, como a Odebrecht, para recuperá-las judicialmente. Este montante representa 78% de todo o faturamento da consultoria. Ou seja, Moro ficou rico graças às mesmas empresas que destruiu. Não há o que discutir.

A relação do ex-juiz que condenou Lula sem provas com a consultoria gringa está sob investigação do TCU (Tribunal de Contas da União) por possível conflito de interesses, justamente porque a Alvarez & Marsal atua para empresas prejudicadas pela Lava-Jato. Advogados também apontam que Moro deveria ter cumprido uma quarentena de três anos após deixar o cargo de juiz e em seguida o governo Bolsonaro para lucrar na iniciativa privada.

A Constituição Federal determina que a quarentena imposta aos juízes corresponde à vedação de exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo. No caso de Moro, este se afastou da magistratura em novembro de 2018, portanto, até novembro de 2021 estava de quarentena”, dizem os advogados Fernando Augusto Fernandes e Guilherme Lobo Marchioni em artigo publicado no site Consultor Jurídico. “As atitudes do ex-juiz, ex-ministro Sergio Moro são escandalosas, antiéticas e, fatalmente, estão sob sérias suspeitas de corrupção.”

Mesmo que a relação financeira com os recuperadores judiciais das empresas que destruiu seja legal, a conclusão continua a mesma: a Lava-Jato enriqueceu Moro. Se não tivesse comandado uma operação eivada de ilegalidades a ponto de o STF anular suas condenações, o ex-juiz de primeira instância conseguiria ganhar um salário de 243 mil reais por mês na iniciativa privada? Nunca.

Enquanto isso, segundo o Dieese, 4,4 milhões de vagas de emprego foram perdidas com a operação, que destruiu a indústria da construção civil no país –só neste setor foram 1,1 milhão de empregos perdidos. Apenas a Odebrecht, que ajudou a pagar o salário milionário de Moro na Alvarez & Marsal, perdeu 230 mil funcionários com a Lava-Jato. Era uma das maiores empresas de construção civil do mundo. Em qualquer país sério, como os EUA que o ex-juiz tanto admira, os executivos seriam afastados e punidos e a empresa, preservada.

Moro passará à História como o primeiro candidato que destruiu empregos no Brasil antes de chegar à presidência. Essa nem o ex-chefe dele, Bolsonaro, conseguiu.

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Por Cynara Menezes, originalmente no Socialista Morena.

Nilma Lino é uma das vencedoras de prêmio nacional da SBPC

 

(FOTO/ Letícia Souza).

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) anunciou as três vencedoras da 3ª edição do prêmio “Carolina Bori Ciência & Mulher”. A organização premiou três mulheres cientistas que realizaram contribuições de destaque em três áreas: Humanidades, Biológicas e Saúde, e Engenharias, Exatas e Ciências da Terra.

Nilma Lino Gomes, ministra das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos no governo da ex-presidenta Dilma Rousseff, foi a vencedora na área de Humanidades. Ela é professora emérita, ou seja, que se aposentou em posição honrosa e continua mantendo seu título de professora, da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Também é reconhecida como uma das maiores especialistas em políticas afirmativas do país.

Em seu perfil no Instagram, Nilma agradeceu a homenagem e reafirmou sua visão do que é fazer ciência. “Estou feliz. É uma homenagem que compartilho com todas as pessoas que lutam pela democracia, pela emancipação social, contra o racismo e todas as formas de discriminação. Eu não ando só”, escreveu.

Lutamos por uma ciência e produção do conhecimento emancipatórias e engajadas que não se separam da luta contra as desigualdades. Que não dormem em paz sabendo que, no Brasil e no mundo, as opressões e violências continuam. E que é preciso, sempre, descolonizar e re-humanizar as Humanidades”, completou.

Prêmio será entregue em fevereiro

As outras duas pesquisadoras vencedoras do prêmio foram Gulnar Azevedo e Silva, professora titular do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), venceu na área de Biológicas e Saúde; e Beatriz Leonor Silveira Barbuy, professora titular do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP), na área de Engenharias, Exatas e Ciências da Terra.

A SBPC realiza a cerimônia de premiação, que será virtual, no dia 11 de fevereiro às 10h30, Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, instituído pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A entrega poderá ser assistida pelo Canal do YouTube da entidade.

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Com informações do Brasil de Fato.

Guaramiranga -CE vacinou todos os adultos e não registra mortes por Covid-19 há 7 meses

 

Guaramiranga. (FOTO/ Portal Guaramiranga).

A cidade de Guaramiranga, no Ceará, não registra mortes por Covid-19 há sete meses. O resultado foi possível em razão da alta taxa de vacinação no município de 5 mil habitantes: até o momento, 96% dos moradores com mais de 11 anos já tomaram duas doses da vacina, enquanto 25% dos habitantes já receberam a dose de reforço.

"A gente fica muito satisfeito por ter tido essa vacinação e sabendo que a vacina salva", disse o professor Luzibergue Souza Carneiro. Guaramiranga foi a primeira cidade cearense a aplicar a primeira dose em todos os adultos, em junho de 2021.

Segundo o G1, o município foi escolhido para colaborar com um teste de eficiência da vacina. Os habitantes, assim que recebem as doses, passam por dois exames: o primeiro para detectar a presença do vírus e o segundo para avaliar o grau de imunidade a ele.

"O que nós temos apresentado é uma resposta bem positiva já na segunda dose. A gente prova que os pacientes que estão contraindo a Covid, por conta da vacina, eles estão tendo sintomas leves”, disseSilvana Soares de Souza, secretária de Saúde da cidade.

Esse monitoramento é importante para entender como se dá a transmissão e a gravidade, principalmente dos casos que têm acontecido. Até o momento, Guaramiranga não registra óbito desde junho de 2021", apontou a secretária executiva de Vigilância e Regulação em Saúde do Ceará, Ricristhi Gonçalves.

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Com informações do G1 e do Aventuras na História.

Bolsonaro veta recursos de pesquisa, saúde e educação do Orçamento de 2022

 

(FOTO/Pixabay).

O presidente Jair Bolsonaro (PL) sancionou, com vetos, o Orçamento de 2022 aprovado em dezembro pelo Congresso Nacional. A nova lei de diretrizes orçamentárias (14.303/22) foi publicada no Diário Oficial da União desta segunda-feira (24). Os cortes, detalhados somente hoje, atingem principalmente as áreas de pesquisa, educação, saúde, sustentabilidade e proteção a povos indígenas e quilombolas.

A Fiocruz, por exemplo, perdeu R$ 11 milhões que iriam para pesquisa e desenvolvimento tecnológico em saúde. Já o programa de saneamento básico rural teve corte de R$ 40 milhões. O controle de desmatamento perdeu R$ 8,5 milhões.

Também foram tirados R$ 8,6 milhões do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), voltados para formação, capacitação e fixação de recursos humanos para o desenvolvimento científico. Outros R$ 859 mil para o fomento de projetos de pesquisa e desenvolvimento científico que seriam promovidos por meio do órgão foram suprimidos.

Ao todo, foram R$3,18 bilhões embargados pelo Executivo. A Secretaria Geral da Presidência informou que “foi necessário vetar programações orçamentárias com intuito de ajustar despesas obrigatórias relacionadas às despesas de pessoal e encargos sociais. Nesse caso, será necessário, posteriormente, encaminhar projeto de lei de crédito adicional com o aproveitamento do espaço fiscal resultante dos vetos das programações”.

Cortes ministeriais

Os ministérios do Trabalho e Previdência e da Educação foram os mais afetados pelos cortes. Juntos, eles somam mais da metade dos recursos vetados.

A pasta de Onyx Lorenzoni sofreu perdeu cerca de R$1 bilhão, maior parte dele no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Isso equivale a um terço do que estava reservado para o órgão.

O veto na Educação retirou da pasta R$ 802,6 milhões, dos quais quase R$500 milhões seriam destinados ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Bolsonaro também vetou R$ 458,7 bilhões do Desenvolvimento Regional, R$ 284,3 milhões da Cidadania e R$ 177,8 milhões da Infraestrutura.

De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, a estratégia dos técnicos do governo era centrar os vetos necessários em órgãos que haviam tido incremento de verbas, em uma tentativa de minimizar o desgaste político da tesourada.

Fundo eleitoral

No Orçamento foram mantidos os R$4,9 bilhões para o fundo eleitoral, o chamado 'fundão', repassado aos partidos e usado para financiar campanhas. O fundo especial de financiamento de campanhas é destinado aos partidos políticos para pagarem a corrida eleitoral. Inicialmente, foi aprovado um recurso de R$2,1 bilhões. No entanto, o Congresso subiu o valor para R$4,9 bilhões. A cifra representa mais que o dobro dos aproximados R$2 bilhões destinados às eleições de 2018 e de 2020.

Bolsonaro também deixou intactos os R$16,5 bilhões para emendas de relator – orçamento secreto. O esquema distribuiu recursos a aliados políticos do governo em troca de apoio parlamentar. Paralelamente, o presidente manteve a previsão de R$1,7 bilhão para reajuste de funcionários públicos federais, sem especificar, no entanto, quais categorias seriam beneficiadas.

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Com informações do Alma Preta.

Língua da África ocidental contém pistas sobre origens e evolução da escrita

 

(FOTO/ Reprodução/ Instituto Búzios).

Os cientistas sabem pouco sobre etapas primárias da evolução da escrita nas civilizações antigas do Oriente Médio, China e América Central, mas o desenvolvimento de um alfabeto moderno no ocidente africano oferece pistas sobre as tendências e como outros alfabetos e sistemas de escrita existentes apareceram.

Segundo comunicou nesta terça-feira (11) a Universidade da Nova Inglaterra, na Austrália, um dos seus antropólogos, Piers Kelly, e os do Instituto Max Planck para a Ciência da História Humana, na Alemanha, realizaram uma análise da escrita do povo Vai, da Libéria. O sistema foi criado “do zero” provavelmente em 1834 por oito pessoas “completamente analfabetas que escreviam com tinta feita de bagas esmagadas”.

Antes disso, o idioma Vai nunca tinha sido escrito. Durante 171 anos posteriores à sua criação, suas 200 letras silábicas experimentaram mudanças ano após ano. A tendência-chave dessa evolução pôde ser descoberta graças a certos métodos que permitem quantificar a complexidade visual dos símbolos, que com tempo, acabaram adquirindo uma forma “cada vez mais comprimida”, algo que simplifica tanto a leitura como a escrita.

Os inventores originais se inspiraram nos sonhos para desenhar símbolos individuais para cada sílaba de sua língua. Um representa uma mulher grávida, outro um escravo acorrentado, outros foram feitos de emblemas tradicionais”, explica Kelly. “Quando esses símbolos foram aplicados à escrita de sílabas faladas, e depois ensinados a novas pessoas, eles se tornaram mais simples, mais sistemáticos e mais semelhantes entre si.”

O antropólogo relembrou também a hipótese comumente reconhecida que as letras evoluíram de desenhos para sinais abstratos, tal como ocorreu com alguns hieróglifos egípcios que acabaram por se tornar símbolos do alfabeto fenício. No entanto, essa não é a tendência mais geral, já que na escritura precoce se encontram também muitas formas de letras abstratas.

A característica comum dos alfabetos em suas fases iniciais seria a sua relativa complexidade, que se reduz com tempo, à medida que nascem novas gerações de escritores e leitores. Isso é certo para a língua Vai, mas a equipe acredita que esta tendência de simplificação e compreensão pode explicar também como se desenvolvia as línguas escritas do passado.

A complexidade visual é útil se está criando um novo sistema de escrita. Gera mais pistas e maiores contrastes entre os símbolos, o que ajuda aos alunos analfabetos”, admite Kelly. “Mas logo essa complexidade se interpõe no caminho da leitura e da reprodução eficientes, por isso, desaparece”, resumiu.

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Com informações do Sputnik e replicado no Instituto Búzios.

Especialistas alertam a importância da vacinação infantil diante da variante Ômicron

(FOTO/ Tomaz Silva/Agência Brasil).


A vacinação infantil contra a Covid-19 no Brasil começou na sexta-feira passada (14) em São Paulo com a imunização do Davi, menino de oito anos de idade e indígena da etnia Xavante. Diante do avanço da vacinação nas crianças, volta à discussão o debate sobre a importância da imunização para esse público e a preocupação de alguns pais sobre os efeitos adversos da vacina.

O Ministério da Saúde recomenda que as crianças de cinco a 11 anos com comorbidades, deficiências, indígenas e quilombolas sejam o grupo prioritário para receber as doses. São utilizadas as vacinas da Pfizer e a da Coronavac, liberada pela Anvisa nesta quinta-feira (20) em crianças e adolescentes de 6 a 17 anos. O Governo de São Paulo está fazendo também um pré-cadastro opcional para agilizar o atendimento nos locais de imunização.

Segundo Naiá Ortelan, epidemiologista do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (CIDACS) e com experiência em Nutrição Materno-Infantil e Promoção da Amamentação, a vacinação é a forma mais eficaz de prevenir a contaminação do vírus responsável pela Covid-19.

“É bom ressaltar que, quanto maior o número de infectados, maior é a probabilidade de surgirem novas variantes e novas cepas desse vírus. Então, quanto maior o percentual da população estiver vacinada, menor a probabilidade das novas cepas surgirem”, explica a epidemiologista.

De acordo com Adriano Vendimiatti Cardoso, médico, escritor e divulgador científico, é muito difundida a ideia de que a Covid-19 costuma dar menos sintomas nas crianças, mas isso em comparação com os adultos. Entretanto, quando se compara os quadros de Covid-19 em crianças com outras doenças de infância, se percebe o quão grave o vírus é. Além de que a forma como a criança vai lidar com o vírus depende de seu quadro de saúde anterior e da situação de vulnerabilidade em que ela se encontra.

“Se a gente for olhar para os últimos dois anos, a Covid foi uma das maiores causas de adoecimento, internações e mortes nas crianças no mundo todo. Um dos campeões desses números é o Brasil. Se você for pensar em todas as doenças que são infectocontagiosas, nenhuma matou mais crianças que a Covid no ano de 2021”, pontua o médico.

No Brasil, foram 1449 crianças de até 11 anos mortas pela Covid-19 desde o início da pandemia, segundo a nota pública de membros da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19. “É interessante colocar também que mais de 2/3 das mortes de crianças no Brasil são de crianças pretas, pardas ou indígenas, o que mostra como essa população, até pela questão socioeconômica, está mais vulnerável”, ressalta o médico.

Diante da variante ômicron, a mais transmissível das cepas do novo coronavírus identificada até então, e da proximidade do retorno às aulas, o perigo de não vacinar as crianças aumenta ainda mais segundo os especialistas. “As crianças já tem naturalmente uma certa resistência em relação à Covid. Elas pegam menos. O problema é a ômicron. A ômicron está vencendo sobremaneira essa capacidade das crianças. Ela é mais virulenta que qualquer cepa que já surgiu até agora. Então, ao meu ver, as crianças poderiam estar frequentando as escolas com tranquilidade depois da segunda dose da vacina. Até que isso se complete, talvez, poderia ser feito um caminho híbrido”, explica Cardoso.

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Com informações da Alma Preta.

Ceará já vacinou mais de 13 mil crianças em uma semana

FORTALEZA, CE, BRASIL, 15.01.2021: Fortaleza iniciou hoje a vacinação de crianças de 11 anos. Cerca de 200 crianças estão agendadas (FOTO/Thais Mesquita/OPOVO)(FOTO/Thais Mesquita)

Desde o início da vacinação contra a Covid-19 no Estado, um total de 13.500 crianças entre 5 a 11 anos foram imunizadas em todo o Ceará. Dado foi divulgado na tarde deste sábado, 22, pelo governador Camilo Santana em suas redes sociais. Há uma semana, o uso das doses no público infantil era iniciado.

"Completamos hoje uma semana no início da vacinação das nossas crianças de 5 a 11 anos, um novo e importante momento da imunização dos cearenses. Até agora foram mais de 13.500 doses aplicadas, e nossa meta é agilizar essa vacinação para proteger o quanto antes as crianças do Ceará", comentou o petista nas redes sociais.

Camilo também reforçou a importância de fazer o cadastro da criança no Saúde Digital. Para qualquer cearense receber as doses, é necessário estar cadastrado na plataforma da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa). De um total de 904 mil crianças cearenses, apenas 400 mil cadastros foram confirmados no Estado, segundo o governador. Em Fortaleza, menos da metade das crianças agendadas tomou a vacina contra Covid-19. Segundo dados fornecidos pela Prefeitura, do início da vacinação, no dia 15, até a última quinta-feira, 20, foram realizados um total de 11.080 agendamentos para esta faixa etária. No mesmo intervalo, o número de doses aplicadas foi de apenas 5.243, correspondente a apenas 47% do público esperado.

Capital inicia neste sábado a vacinação infantil para crianças com comorbidades entre 5 a 11 anos. A vacina aplicada é a da Pfizer, mas há previsão do uso da CoronaVac no Ceará após autorização da Anvisa para o público infantil. Sesa discutirá uso do imunizante e distribuição das doses para o Estado até a próxima semana. Dosagem da CoronaVac seria a mesma aplicada em adultos, medida tida como segura após análises técnicas.

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Com informações do O Povo.

Leonel Brizola faria hoje faria cem anos

 

Leonel Brizola faria 100 anos neste sábado (22) - https://blognaopassarao.blogspot.com/

Se estivesse vivo o ex-governador Leonel de Moura Brizola estaria completando cem anos. Filho de camponeses, Brizola nasceu no distrito de Cruzinha de São Bento, no interior do município de Carazinho, a 300 quilômetros de Porto Alegre.

Durante a campanha de 1989 estive lá refazendo o início da caminhada de Brizola para o jornal O Globo. Conversei com primos do ex-governador, companheiros de infância dos tempos em que ele carregava malas na estação ferroviária da cidade enquanto fazia as primeiras letras. E até com o chefe político da cidade de Colorado que, na revolução de 1923 havia mandado matar o pai de Brizola.

Todos, sem exceção, admiravam a trajetória daquele que agora era um dos candidatos a presidente de República. Brizola foi governador do Rio Grande do Sul e iniciou um processo de desenvolvimento do Estado cuja visão somente foi retomada no governo Olívio Dutra 40 anos mais tarde.

Construiu milhares de escolas, todas de madeira para terem construção rápida, muitas delas ainda estão de pé cumprindo sua missão de ensinar as crianças gaúchas. No Rio de Janeiro construiu os CIEPS, escolas de tempo integral. Para ele, educação era a ferramenta essencial para o processo de conscientização do povo e a construção do Brasil novo.

Em 1962, atendendo as reivindicações de arrendatários de terras organizados no Movimento de Agricultores Sem Terra (MASTER), realizou a primeira Reforma Agrária da história da República brasileira, desapropriando 13 mil hectares no Banhado do Colégio, em Camaquã, drenando o banhado e construindo um projeto de canais de irrigação abaixo de uma grande barragem no arroio, onde até hoje, colonos assentados cultivam arroz e milho irrigados. Para ele a Reforma Agrária era uma das bases do desenvolvimento econômico trancado há séculos pelo latifúndio improdutivo.

Criou empresas para produzir o que era importado pelos gaúchos, a Açúcar Gaúcho S/A (AGASA) em Santo Antônio da Patrulha, aproveitando cultura de cana do Litoral. A Salgasa, tentativa da produção de sal entre Cidreira e Tramandaí, introduziu o cultivo da cebola no Litoral Norte, para substituir a importação de cebolas argentinas e pernambucanas. Ele entendia que as regiões deveriam produzir tudo o que pudessem para a sobrevivência e a soberania alimentar de seus povos, evitando o atrelamento a um sistema de transporte. Tudo isso foi sucateado pelos militares a serviço dos imperialistas que ajudaram a transformar o Brasil em uma grande colônia especializando a produção em cada uma das regiões.

Democrata convicto, organizou a resistência ao golpe em 1961, criando a Rede da Legalidade através de rádios de todo o Rio Grade do Sul, comandadas dos porões do Palácio Piratini por ele mesmo ao microfone. Aliás Brizola usou rádio como poucos, quando governador tinha um programa as sextas-feiras de noite em rede de rádios que era ouvido pela maioria dos gaúchos. Dialogava diretamente com as pessoas e ouvia suas reivindicações.

Em 1964 se exilou no Uruguai e de lá comandou movimentos de resistência como o de Três Passos liderado pelo coronel Jeferson Cardin com os Grupos dos 11 e a Guerrilha de Caparaó, em Minas Gerais, onde esteve o jornalista Flávio Tavares. Em 1979 retornou do exílio e refundou o Partido Trabalhista Brasileiro, cuja legenda perdeu para a deputada paulista Ivete Vargas, criou então o PDT. Por este partido elegeu-se governador do estado do Rio de Janeiro e mais tarde concorreu à Presidência da República, depois concorreu como candidato a vice-presidente na chapa do PT, liderado por Luís Inácio Lula da Silva.

A liderança de Brizola hoje está substituída pela força de Luís Inácio Lula da Silva, que acredita nos mesmos princípios e na mesma politica de alianças que poderá devolver ao Brasil a democracia e a economia independente que está sendo destruída pelo atual desgoverno.

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Por Walmaro Paz, originalmente no Brasil de Fato.

“A Voz do Milênio” se cala: morre Elza Soares, aos 91 anos

 

Elza Soares morreu aos 91 anos, em casa, de causas naturais. (FOTO/ Marcos Hermes).

A cantora Elza Soares, 91, morreu na tarde desta quinta-feira (20), em casa, no Rio de Janeiro, de causas naturais. “É com muita tristeza e pesar que informamos o falecimento da cantora e compositora Elza Soares, aos 91 anos, às 15 horas e 45 minutos em sua casa, no Rio de Janeiro, por causas naturais”, diz a postagem nas redes sociais da cantora.

Ícone da música brasileira, considerada uma das maiores artistas do mundo, a cantora eleita como a Voz do Milênio, teve uma vida apoteótica, intensa, que emocionou o mundo com sua voz, sua força e sua determinação”, continua o texto.

A assessoria lembrou ainda que Elza se manteve ativa até os últimos dias de vida. “A amada e eterna Elza descansou, mas estará para sempre na história da música e em nossos corações e dos milhares fãs por todo mundo. Feita a vontade de Elza Soares, ela cantou até o fim”.

Com mais de 50 anos de carreira e 34 discos gravados, Elza Soares cantou do samba ao funk, do jazz à música eletrônica. “Eu sempre quis fazer coisa diferente, não suporto rótulo, não sou refrigerante”, dizia ela. Como um capricho do destino, Elza morreu no mesmo dia que seu ex-marido, o jogador Mané Garrincha, 39 anos depois do seu falecimento.

No último carnaval, em 2020, Elza foi enredo do samba da Mocidade Independente de Padre Miguel. Ela desfilou no último carro e teve sua história cantada no sambódromo, onde ela foi uma das primeiras mulheres a interpretar um samba enredo. “És a ESTRELA! Seu povo esperou tanto pra revê-la! E reviu! Reviu o seu amor Independente passar na Avenida da forma mais linda possível! Você foi uma das maiores deste país. Só podemos agradecer por tudo. Consternados! Essa é a nossa despedida! Obrigado, Deusa. NÓS NÃO VAMOS SUCUMBIR NUNCA! ✊🏿😭⭐️💚”, postou a escola de Padre Miguel, em homenagem à cantora.

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Com informações do Noticias Preta.

Desaparecida

 

Alexandre Lucas. (FOTO/ Reprodução).

 Por Alexandre Lucas, Colunista

A carta estava amarelada, escrita com pressa e força, era possível perceber a pressão da palavra sobre o papel, escrita grossa e azul. Dobrada várias vezes em tamanho pequeno, cabia na palma da mão. Papel amassado, cheio de rugas, sobras de um embrulho para presente, vermelho cintilante. 

Fincada na parede, a carta parecia Cristo crucificado. Acelerado os desaparecimentos, o aborto das despedidas era um código de sobrevivência. As cartas, às vezes, compostas de três palavras e o embaraço do aligeiramento, nem chegavam aos seus destinatários.

Ninguém sabe o que tinha, o tempo esfarelou cada palavra fincada naquele papel crucificado na parede.

Inspirado em Carolina Maria de Jesus, livro reúne histórias de catadoras do Brasil

 

(Foto/Elizabeth Nader/Prefeitura de Vitória).

Vulnerabilidade social, violência doméstica, fome e racismo são alguns dos relatos comuns compartilhados por 21 catadoras de materiais recicláveis de diferentes cidades do Brasil, que, assim como a escritora e catadora Carolina Maria de Jesus, encontraram na escrita uma forma de partilhar as suas dores e tomarem o protagonismo das suas próprias histórias.

As histórias estão reunidas nas 243 páginas do livro 'Quarentena da resistência', publicado pela editora Coopacesso, que conta a história de catadoras de materiais recicláveis de forma intimista e a busca dessas mulheres, de maioria negra e chefes de família, por melhores condições de vida e oportunidade. O livro está disponível para download no site da Organização Internacional do Trabalho (OIT), uma das parceiras do projeto.

Durante sete meses, as trabalhadoras participaram de uma formação virtual com oficinas de criação literária e escrita através da leitura do livro 'Quarto de Despejo: Diário de uma favelada', da escritora Carolina Maria de Jesus. Por meio das trocas de experiências e debates, as catadoras compartilharam sobre as suas realidades. Cada participante recebeu uma bolsa de estudos mensal com valor de R$ 385 para os custos de internet e cestas básicas.

"Inspiradas em Carolina Maria de Jesus, as catadoras, trabalhadoras severamente atingidas pela pandemia, em sua maioria negras, encontraram um lugar de fortalecimento e luta pela palavra e compartilhamento das dores e afetos. O potencial trazido pela literatura, a partir de reflexões sobre trabalho, racismo, gênero e outras questões que atravessam a vida das catadoras, reflete na organização do grupo e na defesa de direitos", afirma Elisiane dos Santos, procuradora do Trabalho do MPT-SP e uma das idealizadoras do projeto.

A ideia do livro surgiu em meio a pandemia de Covid-19, período em que grupos em situação de vulnerabilidade sofreram impactos devastadores, sobretudo os catadores e catadoras de materiais recicláveis, expostos a condições de trabalho precárias e baixa remuneração.

A iniciativa é fruto de uma parceria entre a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Ministério Público do Trabalho (MPT) de São Paulo, a Festa Literária das Periferias (FLUP) e a Cooperativa Central do ABC (Coopcent ABC), com o apoio da Universidade Federal do ABC (UFABC) e os Laboratórios da Palavra e de Teorias e Práticas Feministas do Programa Avançado de Cultura Contemporânea da Faculdade de Letras/UFRJ.

'O resgate da história de organização da categoria profissional, agora em livro, mostra à sociedade a importância fundamental do trabalho que realizam, ao tempo em que cobra do Poder Público as condições e políticas públicas para a valorização e reconhecimento do trabalho de milhares de mulheres e famílias no Brasil, trabalho este do qual depende a vida das pessoas e do planeta. Essa obra deve ser lida por todos e todas", ressalta Elisiane.

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Com informações do Alma Preta.