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O ministro da Saúde,, Luiz Henrique Mandetta durante coletiva de imprensa sobre o coronavirus. (FOTO/ Ueslei Marcelino/ Reueters). |
Desde
que percebeu que sua exoneração seria inevitável, o ministro da Saúde, Luiz
Henrique Mandetta, resolveu dar o troco. Com isso, a autoridade, a competência
e a sanidade do presidente da República vêm sendo abertamente questionadas por
um subordinado com mais aprovação que ele. Uma novidade para um Jair Bolsonaro
que se acostumou a fritar e humilhar ministros em público.
"Sessenta
dias tendo de medir palavras. Você conversa hoje, a pessoa entende, diz que
concorda, depois muda de ideia e fala tudo diferente. Você vai, conversa,
parece que está tudo acertado e, em seguida, o camarada muda o discurso de
novo. Já chega, né?", afirmou Mandetta ao site da revista Veja nesta
quarta (15).
Esse
relato trata de um presidente da República que não sustenta sua própria palavra
e os acordos que firma, sendo, portanto, incapaz de construir consensos para
poder vencer uma pandemia. Mostra alguém que vive para a guerra, visando à
capitulação do outro. Não admira que seja tutelado por seus auxiliares
militares.
No
último domingo (12), o ministro já havia provocado Bolsonaro a demiti-lo.
Disse, em uma entrevista, que o país vive uma situação em que o responsável
pela pasta da Saúde orienta uma coisa e o presidente da República, outra. O
mais importante não foi a mensagem, mas o canal - o programa Fantástico, da
Rede Globo, tão odiada pelo mandatário. E com gravação na sede de governo de Goiás
- o médico e ruralista Ronaldo Caiado rompeu com o governo exatamente por conta
do negacionismo sanitário presidencial.
Bolsonaro
tem demonstrado, desde a posse, uma grave insegurança no exercício de suas
funções. Há um rosário de declarações em que gasta tempo para convencer a
plateia que ele é quem manda, reafirmando-se como capitão, timoneiro,
presidente da República. Essa insegurança aliada a uma boa dose de paranoia
conspiracionista fazem com que, paradoxalmente, um chefe atue para conter sua
própria equipe quando ela se destaca.
O
que deve estar passando pela cabeça desse mandatário inseguro ao verificar que
um subordinado resolveu não se demitir diante de seus ataques? E que sabe usar
a imprensa a seu favor, vendendo uma boa imagem, sendo visto como mais
essencial do que ele próprio para a condução do desafio atual?
Uma
coisa foi substituir um ministro como o finado Gustavo Bebianno, fritando-o em
parceria com seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro. Afinal, quem era Bebianno
na fila do pão? Outra coisa é um presidente com 33% de aprovação trocar um
ministro da Saúde que ostenta 76% em meio a uma pandemia de um vírus assassino
transmitido por contato social.
A
pandemia de coronavírus será bem didática para Jair Bolsonaro ou para o eleitor
brasileiro. Um dos dois pode, a depender da escolha que for feita pelo
presidente, aprender a lidar com as consequências de seus atos.
__________________________
Por
Leonardo Sakamoto em seu Blog
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