25 de abril de 2021

Apenas em 2038 haverá equidade racial entre professores universitários no país, aponta Censo da Educação

 

De 115.869 professores universitários no Brasil com título de Mestre, apenas 3.137 são negros. (FOTO/ Divulgação).

Atualmente no Brasil, cerca de 16% do quadro de professores em universidades públicas são negros, enquanto no ensino privado esse número é de 18%. Os dados são da última pesquisa do Censo da Educação Superior 2018, realizado pelo MEC, e revelam, ainda, que, caso o Brasil continue neste ritmo, apenas em 2038 haverá equidade racial no corpo docente de universidades públicas e privadas do país. O quadro, que ainda é pequeno, era menor antes da aprovação da Lei de Cotas para concursos públicos no Brasil, em 2014. De lá para cá, houve um aumento de 60% de professores negros em universidades públicas. Os dados revelam a desigualdade no sistema educacional e escancara os desafios enfrentados cotidianamente por alguns docentes.

A Lei 12.990 reserva 20% das vagas ofertadas nos concursos públicos para candidatos autodeclarados pretos ou pardos. O principal objetivo desta Lei é amenizar o índice de desigualdade entre negros e brancos no serviço público brasileiro. “Ainda é notória a falta de professores negros e pardos no ambiente universitário, seja ele público ou privado. Em termos de cor, eu me identifico apenas com mais um colega de trabalho”, relata a professora universitária Ana Cristina, mestre e doutora em Linguística e Língua Portuguesa.

Segundo Ana Cristina, a representatividade entre o corpo docente das universidades é essencial. “Se olharmos com atenção, veremos poucos alunos negros nas faculdades, o que mostra que ainda há muito por se fazer. Acredito que minha presença ali sirva para inspirar outras meninas que se identifiquem comigo, com a minha aparência, com a minha história. E também para que entre os demais alunos eu seja vista e respeitada”, pontua.

Os dados do Censo da Educação Superior também apontam que quanto maior o título acadêmico, menor é o número de negros diplomados; de 115.869 professores universitários no Brasil com título de Mestre, apenas 3.137 são negros, o mesmo ocorre com os doutores, já que, no país, são 2.517 doutores negros contra 80.774 doutores brancos.

Para Ana Cristina, somente a Lei de Cotas não é suficiente; para mudar esta realidade são necessárias ações afirmativas com recortes raciais e socioeconômicos. “Sou fruto de ações afirmativas, comecei a sonhar com o ensino universitário quando fui selecionada no terceiro ano da faculdade de Letras na Unesp para um programa de pesquisa que visava preparar alunos para a carreira de professor universitário. O Programa selecionava alunos com boas notas e interesse em fazer pós graduação e se não fosse esse programa eu não sei como seria, pois durante a graduação enfrentei muitas dificuldades”, conta a Professora.

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Com informações do Notícia Preta.

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