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Filho do presidente da República, deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) é bola da vez entre as polêmicas que circundam o governo. (FOTO/ Câmara dos Deputados). |
A
possível indicação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ) para o cargo
de embaixador do Brasil nos Estados Unidos, anunciada na semana passada pelo
seu pai, o presidente Jair Bolsonaro (PSL), caiu como uma bomba no Congresso
Nacional e se tornou mais um elemento de desgaste para o governo.
A
novidade incita polêmica não só por conta do grau de parentesco entre os dois,
que são pai e filho, mas também porque o posto do Itamaraty em Washington é
considerado um dos mais importantes da diplomacia brasileira. Além do peso dos
Estados Unidos na geopolítica mundial, o país é o segundo maior parceiro
comercial do Brasil.
Para
esse tipo de função, a tradição da diplomacia nacional é a nomeação de
profissionais de carreira. Por esse motivo, o deputado federal Marcelo Calero
(Cidadania-RJ), único parlamentar diplomata, chegou a classificar a medida como
“um desprestígio ao Itamaraty”.
Após
o anúncio do chefe do Executivo, o deputado apresentou um projeto de lei que
impede que pessoas de fora da carreira comandem missões oficiais em nome do
país no exterior porque, apesar de a legislação atual abrir essa possibilidade,
esse tipo de medida foi tomada apenas em situações pontuais. Caso a proposta
tramite rapidamente e seja aprovada, ela poderá frear os planos do clã
Bolsonaro.
A
oposição também reagiu à intenção do presidente, especialmente parlamentares da
Comissão de Relações Exteriores (CRE) da Câmara, hoje presidida por Eduardo
Bolsonaro. Foi o caso da deputada Perpétua Almeida (AC), vice-líder do
PCdoB.
“Não
se mandam pra uma embaixada dessas nem embaixadores menos experientes, imagine
alguém que não tem a menor relação com a diplomacia. É uma desmoralização
completa, inclusive dos embaixadores mais antigos e dos que por ali passaram.
Eu fico imaginando que Barão do Rio Branco deva estar se remexendo no túmulo”,
ironizou a parlamentar, em referência ao brasileiro que dá nome ao instituto
nacional responsável pela formação dos diplomatas brasileiros.
A
nomeação do filho de um chefe do Executivo para uma embaixada não tem
precedentes na história da república brasileira e chama atenção também aos
olhos do mundo democrático. Caso concretize a indicação, Jair Bolsonaro se
igualará apenas ao ditador da Arábia Saudita, que pôs o filho na embaixada dos
Estados Unidos entre os anos de 2017 e 2019.
Em
resposta às reações, Eduardo Bolsonaro disse, em entrevista concedida na última
sexta (12), que a indicação ajudaria a fortalecer as relações bilaterais entre
o Brasil e o país hoje presidido por Donald Trump, líder de extrema direita.
Também afirmou que não vê “desconforto” na situação e que considera ter
credenciais para o cargo.
“Não
sou um filho de deputado que está do nada vindo a ser alçado a essa condição.
Tem muito trabalho sendo feito, sou presidente da Comissão de Relações
Exteriores [da Câmara], tenho uma vivência pelo mundo, já fiz intercâmbio, já
fritei hambúrguer lá nos Estados Unidos”, disse o filho do presidente, numa
declaração que teve forte ressonância.
“Isso
pode fazer o governo do nosso país ser considerado internacionalmente como uma
piada de mau gosto”, criticou o deputado Glauber Braga (RJ), membro da
CRE.
Nos
bastidores, Eduardo Bolsonaro já opera, desde o início da gestão do pai, como
interlocutor estratégico dos interesses de Washington no Brasil. Entre outras
coisas, ele tem atuado em prol do acordo que cede a Base de Alcântara, no
Maranhão, para o lançamento de foguetes estadunidenses. A medida tem grande
rejeição popular, com destaque para comunidades quilombolas que vivem na
região.
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As
informações são do Brasil de Fato. Clique aqui e confira íntegra do texto.
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