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Protesto de petrolinenses derrubou projeto que pretendia dar título de cidadão a Bolsonaro. (FOTO/Lizandra Martins). |
Texto | Redação RBA
O
presidente Jair Bolsonaro chegou nesta sexta-feira (24) ao Nordeste do país,
região onde tem seu pior índice de rejeição. Segundo o Ibope, o governo
Bolsonaro é ruim ou péssimo para 40% dos nordestinos. Apesar de já ter visitado
os Estados Unidos duas vezes, esta é a primeira visita do presidente do país ao
Nordeste depois de eleito.
Bolsonaro
desembarcou em Recife, onde encontrará os governadores da região – todos de
partidos de oposição ao governo eleito – para uma reunião no conselho da
Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).
Depois,
segue para Petrolina, a mais de 700 quilômetros da capital, para participar da
entrega de imóveis do Minha Casa Minha Vida, um dos principais programas
sociais dos governos do PT.
Na
cidade, de mais de 300 mil habitantes, a visita de Bolsonaro deve sofrer
resistência. A pressão de populares fez com que o Projeto de Decreto
Legislativo 26/2019, do vereador Elias Jardim (PHS), fosse retirado da pauta de
votação na quinta-feira (23). O parlamentar propunha o título de Cidadão
Petrolinense a Jair Bolsonaro. Indignados com a homenagem, estudantes,
sindicalistas, professores, artistas, produtores culturais ocuparam a Câmara de
Vereadores e protestaram com vaias.
“O
título de cidadão petrolinense deve ser apresentado a quem prestou serviços
educacionais, culturais, científicos etc., o que não é o caso desse
presidente”, afirma o vereador Gilmar Santos (PT).
Para
o parlamentar, não existe justificativa para a homenagem a uma pessoa que
presta mais desserviço do que serviços ao povo brasileiro. “O presidente Jair
Bolsonaro do ponto de vista educacional é ignorante; do ponto de vista da
cultura é preconceituoso, intolerante; do ponto de vista político é
incompetente; do ponto de vista científico é incompreensível; do ponto de vista
esportivo é perigoso; e é socialmente violento”, ressalta. “Como é que a gente
vai apresentar um título de cidadão a uma pessoa dessas? É até um desrespeito
com a população de Petrolina. Nós temos motivos de sobra para repudiar esse
projeto.”
Um
presidente contra a educação
Robson
Nascimento, coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de
Pernambuco (Sintepe), em Petrolina, considerou “incabível” a proposta de
conceder título de cidadão petrolinense a Bolsonaro. “Primeiro porque o
presidente tem cinco meses de governo e não tem nenhum serviço prestado à
sociedade petrolinense. Pelo contrário, o governo só tem apresentado propostas
que massacram a sociedade, como a reforma da Previdência, o corte de recursos
das universidades, os projetos de armamento da sociedade”, ressalta. “O projeto
foi retirado de pauta, mas vamos continuar vigilantes. Não vamos permitir que
Petrolina conceda esse título a esse presidente.”
A
estudante de Ciências Sociais Luana Brandt, da Universidade Federal do Vale do
São Francisco (Univasf), do campus Juazeiro (BA), lembra dos ataques do
presidente ao Nordeste durante o período das eleições. “Um presidente que não
está nem aí para o Nordeste, que já deu várias declarações contra a região
dizendo que não era presidente da gente e que vota pautas contra as
universidades não merece título de cidadão petrolinense (…) É incabível dar o
título para uma pessoa que nunca pisou o pé aqui, que nunca fez nada de bom
pela nossa cidade”, protesta.
Também
da Univasf, o estudante de Artes Visuais Bruno Melo não vê argumento possível
para explicar o título a Bolsonaro. “Uma pessoa que está há trinta anos na
política e nunca fez nada pelo Nordeste; que defende uma reforma da Previdência
que vai penalizar o trabalhador rural, que corta auxílios dos pescadores de
Sobradinho, corta verbas da educação, o que consequentemente pode fechar a
Univasf, que homenageia miliciano, que acoberta a corrupção, não tem nenhuma
justificativa para receber esse título.”
O
músico Mário José faz coro. “Bolsonaro já desrespeitou diversas vezes o povo
nordestino e por Petrolina fazer parte do Nordeste acho que é uma afronta ao
povo petrolinense. Embora ele seja o presidente, ele não é o presidente do
Nordeste, foi dado esse recado na época da eleição e acho que os vereadores que
já estavam contra esse título, da oposição principalmente, estavam com respaldo
de grande parte da população.”
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