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A PEC 6 põe em risco as aposentarias dos jovens, de está próximo e de que já é aposentado. (FOTO/Reprodução/RBA). |
A reforma da Previdência 2019 volta a
tramitar na Câmara dos Deputados esta semana. Nesta terça-feira (7), a Comissão
Especial da Câmara que vai analisar o mérito da Proposta de Emenda à
Constituição 6/2019, a PEC da Previdência fará a primeira reunião, a partir das
14h30. Estão previstas 11 audiências públicas com cerca de 60 convidados para
debater a tentativa de "reforma" da Previdência do governo Jair
Bolsonaro.
O presidente da comissão, deputado
Marcelo Ramos (PR-AM), afirma trabalhar para aprovar o texto da reforma na
comissão e entregar análise ao plenário da Câmara até julho, onde são
necessários 308 votos (três quintos dos 513 votos) para a aprovação da medida,
por se tratar de uma alteração da Constituição.
Aposentadoria
em perigo
A proposta de reforma da Previdência
2019 não acaba com privilégios e pode representar o fim do sonho e do direito à
aposentadoria para milhões de trabalhadores e trabalhadoras rurais e urbanos.
Todos perdem. Desde os mais jovens até os mais velhos.
Caso a PEC 6 seja aprovada, porém,
ainda que o governo retire do texto alguns pontos para facilitar a obtenção dos
votos necessários, esses mesmo pontos que eventualmente venham a ser retirados
nesse processo de negociação podem vir a ser apresentados depois com maior
facilidade de aprovação. Essa é considerada uma das principais armadilhas da
reforma.
Isso porque o projeto do governo
Bolsonaro retira da Constituição a regulação do sistema de previdência e
seguridade. E muitos dos direitos hoje protegido pela Carta Magna passam a ser
alvos de projetos de lei complementar, que requerem menos votos (257) para
serem aprovados do que uma emenda constitucional.
No site Minha Aposentadoria você pode
conferir as propostas do governo Bolsonaro para a Previdência que acabam com a
aposentadoria por tempo de contribuição e impõem idade mínima de 65 anos
(homens) e 62 anos (mulheres), tanto do setor público como do setor privado.
E piora com o tempo, já que o texto da
reforma contém um dispositivo que aumenta, a partir de 2024, a idade mínima a
cada quatro anos, de acordo com a expectativa de vida da população medida pela
IBGE.
Além da idade mínima de 65 anos para
homens e 62 anos para mulheres, o tempo mínimo de contribuição passará de 15
anos para 20 anos. Mas para ter acesso ao valor integral do benefício, além da
idade mínima, as pessoas terão de comprovar contribuição durante pelo menos 40
anos.
Os valores pagos vão cair, já que serão
levados em conta, no cálculo do benefício, todos os salários (mesmo os mais
baixos, do comecinho da carreira profissional), e não somente os 80% maiores
como é hoje.
Só
você vai pagar
A proposta de reforma da Previdência de
Bolsonaro quer trazer para o Brasil um sistema que levou os aposentados à
falência em muitos países: a capitalização.
O regime, implantado no Chile em 1981,
determina que cada trabalhador seja responsável por fazer a própria poupança,
depositada em uma conta individual, que servirá como aposentadoria no futuro.
Não há contribuições por parte dos empregadores nem do Estado. O sistema
financeiro administra essas contas e está de olho nos lucros que podem advir
dessa capitalização.
Se o trabalhador não tiver como poupar,
mesmo que por um período, será cada vez mais difícil aposentar.
Reportagem da CUT informa que os
trabalhadores chilenos são obrigados a depositar ao menos 10% do salário por no
mínimo 20 anos para se aposentar. “Após 37 anos da implantação do modelo de
capitalização, apenas metade dos trabalhadores e trabalhadoras chilenos
conseguiram se aposentar. E como a maioria ganhava salários baixos e ficou
grandes períodos desempregada ou não conseguiu fazer uma poupança com recursos
suficientes, aproximadamente 91% dos aposentados recebem benefícios de cerca de
meio salário mínimo do país, o equivalente a, em média, a R$ 694 – o piso
nacional do Chile é de 288 pesos, ou R$ 1.575,66.”
Crueldade
O texto da reforma da Previdência prevê
o corte de 50% no valor da pensão por morte de cônjuges e órfãos. Além disso, o
governo Jair Bolsonaro quer impedir que o viúvo ou a viúva receba aposentadoria
e pensão. Em alguns casos, o valor do segundo benefício poderá ficar abaixo de
um salário mínimo.
Idosos carentes terão de completar 70
anos para receber o Benefício de Prestação Continuada (BPC) no valor de um
salário mínimo. Atualmente recebem a partir dos 65 anos. A PEC da Previdência
reduz o valor para R$ 400 pagos a partir dos 60 anos de idade. Pessoas com
deficiência continuariam com os valores da regra atual, mas teriam a
aposentadoria dificultada.
Apesar da dupla e até tripla jornada,
as mulheres também perdem o direito à aposentadoria por tempo de contribuição e
terão de trabalhar no mínimo até os 62 anos de idade e 20 anos de contribuição.
Se quiser o valor do benefício de aposentadoria integral, serão pelo menos 40
anos de contribuição.
Os negros, que em média vivem menos que
os brancos, começam a trabalhar mais cedo e são muitas vezes forçados à
informalidade, serão duplamente prejudicados pela proposta de reforma de
Bolsonaro.
Professores
e rurais
A categoria dos professores está entre
as mais penalizadas pela proposta de reforma da Previdência. Homens e mulheres
terão idade mínima obrigatória de 60 anos para se aposentar, com tempo mínimo
de contribuição de 30 anos. Isso, para receber 80% do valor do benefício. Para
ter direito a 100% do benefício também serão necessários os 40 anos de
contribuição. Atualmente, professoras se aposentam com benefício integral a
partir dos 50 anos de idade e 25 anos de contribuição; professores aos 55 anos
de idade e 30 anos de contribuição.
Os trabalhadores rurais, que nem sempre
têm renda para contribuir com o INSS devido a questões como a sazonalidade da
produção, são hoje considerados “segurados especiais”. Com a proposta de
reforma da Previdência, terão de contribuir por no mínimo 20 anos e ter pelo
menos 60 anos de idade para ter direito à aposentadoria – a lei atual prevê 55
anos para mulheres e 60 anos para homens, devido à dureza do trabalho na terra.
Além disso, as famílias de pequenos agricultores terão de contribuir com R$ 600
ao ano, mesmo se não produzirem.
Servidores
públicos perdem direitos
A PEC da reforma da Previdência prevê
idade mínima de 65 anos para os servidores e 62 anos para as servidoras, com
tempo mínimo de contribuição para 25 anos. Benefício integral somente após
contribuir por pelo menos 40 anos. Além disso, o texto da proposta de Bolsonaro
para a aposentadoria dos servidores prevê aumento nos percentuais de
contribuição dos atuais 11% para até 22%.
Desde a aprovação da Emenda Constitucional
41, de 2003, quem ingressou no serviço público não recebe mais o salário
integral da ativa quando se aposenta. O benefício é calculado de acordo com a
média de sua contribuição a um fundo de previdência.
Tramitação
da reforma da Previdência
A comissão, composta por 49 integrantes
e 49 suplentes de 25 partidos, tem até 40 sessões de prazo para aprovar um
parecer. Somente na comissão especial poderão ser apresentadas emendas, com o
mínimo de 171 assinaturas de deputados cada uma, no prazo de dez sessões do
plenário. A relatoria da PEC 6/2019 está sob a responsabilidade do deputado
Samuel Moreira (PSDB-SP).
Após a publicação do parecer da
comissão especial e o intervalo de duas sessões, a proposta será incluída na
ordem do dia do Plenário da Câmara, onde será submetida a dois turnos de
discussão e votação. Em seguida, o texto vai para o Senado onde será submetido
a uma nova tramitação. (Com informações da RBA).
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