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Negros e pardos são 51% nas universidades federais, aponta pesquisa. (FOTO/Reprodução). |
Passados
14 anos desde o início incipiente das ações afirmativas em universidades, os
estudantes negros e pardos são maioria entre os estudantes das universidades
federais do País. É o que aponta a Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e
Cultural dos(as) Graduando(as) das Instituições Federais do Ensino Superior,
que apresentou resultados de sua quinta edição na quinta-feira 16.
A
partir de 2003, ano em que a pesquisa incorporou o critério de raça, nota-se um
crescimento da participação de pardos e pretos. Os alunos identificados como
brancos, que eram 59,4% dos estudantes, passaram a ser 43,3% em 2018. No
últimos quatro anos, esse aumento foi de 3,6 pontos percentuais — em números
absolutos, os pretos e pardos somam hoje 613.826 estudantes; os brancos,
520.008.
O
estudo, conduzido Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Estudantis
(Fonaprace), vinculado à Andifes, tem o objetivo de traçar um perfil médio
socioeconômico e cultural dos estudantes e, a partir do diagnóstico,
instrumentalizar os responsáveis pelas políticas públicas no campo da
assistência estudantil.
A
análise de 2018 considerou estudantes de todas as 63 universidades federais
presentes no país, além do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas
Gerais e o Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca, do
Rio de Janeiro, totalizando 65 instituições. O trabalho soma a uma série
histórica da pesquisa, já aplicada nos anos de 1996, 2003, 2010, 2014, e 2018.
O universo de estudantes é de 1.200.300 milhão.
A
pesquisa considerou os seguintes parâmetros para avaliar o perfil dos
discentes: moradia, origem familiar, trabalho, histórico escolar, vida
acadêmica, atividades culturais, saúde e qualidade de vida e, finalmente,
dificuldades estudantis e emocionais. Confira um resumo dos dados.
1.
Sexo
A
pesquisa confirma uma tendência de crescimento do sexo feminino entre o público
discente das universidades federais. A análise de 2018 manteve a média de
crescimento verificada desde 1996. Segundo o estudo, a superioridade de
estudantes do sexo feminino nas IFES (3,5 p.p. acima da composição nacional) pode
ser compreendida pois elas já são maioria absoluta também no Ensino Médio e,
por sua vez, estudantes do sexo masculino, egressos ou evadidos do ensino
médio, têm entrada “precoce” no mercado de trabalho.
2.
Faixa etária
A
faixa etária de maior predominância entre os estudantes é a de 20 a 24 anos. No
entanto, estudantes com menos de 20 anos, que vinham decaindo de 1996 a 2014,
apresentou crescimento de 3,7% na medição de 2018.
3.
Cor e raça
A
pesquisa aponta mudanças significativas na composição de cor e raça dos
estudantes das IFES nos últimos 15 anos. A partir de 2003, ano em que a
pesquisa incorporou a medição, nota-se um crescimento da participação de pardos
e pretos e uma diminuição dos brancos, que eram 59,4% dos estudantes e passaram
a ser 43,3% em 2018. Em 2018, pretos e pardos somam 613.826 estudantes; os
brancos, 520.008.
O
estudo explica que, em parte, a mudança deve-se à adoção de políticas de ação
afirmativa nas universidades federais, que começaram a ser implantadas de modo
pontual e autônomo a partir de 2005 e foram se espalhando ao longo dos anos por
todo o sistema de educação superior federal, particularmente a partir da
criação do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das
Universidades Federais (Reuni), de 2007, e da criação de um programa federal de
ação afirmativa obrigatório por meio da Lei no 12.711 de 2012. De 2003 a 2018
os pardos aumentaram sua participação entre estudantes em 11 pontos percentuais
e os pretos mais que dobraram.
4.
Renda mensal
A
pesquisa identificou que a maioria relativa dos (as) discentes concentra-se em
2010, 2014 e 2018 na faixa
de
mais de um a dois salários mínimos, respectivamente 18,1%, 23,4% e 23,5%. O
porcentual de estudantes sem renda que tinha registrado aumento de 2010 para
2014 – de 0,5% para 1,1% -, registrou queda para 1,7% em 2018. De quase 10 mil
graduandos (as) sem renda em 2014, passou a 8.570 em 2018.
O
estudo aponta também que, embora nacionalmente 23,5% dos (as) estudantes
estejam concentrados (as) na faixa de renda mensal bruta do grupo familiar
“Mais de 1 a 2 SM”, o percentual varia segundo as regiões do país. Três a cada
10 estudantes das regiões Norte e Nordeste, 31,7% e 28,2% respectivamente, têm
renda mensal bruta do grupo familiar na faixa de “Mais de 1 a 2 salários
mínimos”, enquanto nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, a relação é de
aproximadamente dois a cada 10 estudantes, 18,3%, 19,5% e 20,4%
respectivamente.
Quando
se considera a renda per capital familiar – se divide a renda mensal bruta do
grupo familiar pelo número de membros da família – a pesquisa aponta que 70,2%
do universo pesquisado se concentra na faixa de renda mensal de “até um salário
e meio”. Do total dos estudantes, 26,6% vivem em famílias com renda per capita
de “até meio salário mínimo” e 26,9% com renda per capita “mais de meio a 1
salário mínimo”. Neste sentido, mais da metade (53,5%) dos (as) graduandos (as)
pertence a famílias com renda mensal per capita “até 1 salário mínimo”. Na
faixa de renda per capita “mais de 1 a 1 e meio SM” estão 16,6%. Inseridos na
faixa “Mais de 1 e meio SM” encontram-se 26,9% deste público e 3,0% não
responderam. Em números absolutos 319.342 estudantes estão na faixa de renda
per capita “até meio salário mínimo”.
Segundo
a pesquisa, nacionalmente, 70% dos estudantes tem renda per capita de até 1,5
salário mínimo. O Nordeste tem a maior concentração de estudantes na faixa
(81,9%) com renda média de R$ 884,28; Nordeste (78,3%), Sudeste (64,8%),
Centro-Oeste (63,7%) e Sul (60,9%).
5.
Estudantes ocupados
Em
2014 o percentual de estudantes trabalhadores (as) era de 35,3%, 5,4 p.p a mais
do que em 2018. Em 2018, do total de discentes, 29,9% são trabalhadores (as).
Por sua vez 40,6% não trabalham mas estão à procura de trabalho, ou seja estão
desempregados, e 29,5% não trabalham (inativos).
Entre
os estudantes ocupados, os do sexo masculino são majoritários (50,1%), pretos e
pardos perfazem 50,4%. A maioria está na faixa etária “25 anos e mais”. Em relação ao vínculo com o
trabalho, 24,4% são estagiários (as), sendo os (as) demais trabalhadores (as)
formais e informais. Do total de estudantes ocupados (as), 31,7% tem carteira
assinada e 17,0% são funcionários (as) públicos (as).
Têm
vínculos precários (sem carteira assinada, sem carteira assinada ou com
contrato ajudando familiares, com contrato temporário em uma empresa,
organização social ou órgão estatal) 20,0% dos estudantes ocupados (as) e outro
tipo de contrato 7,0%. Trabalham mais de 30 horas semanais 45,9% dos (as)
estudantes ocupados (as), o que certamente afeta o tempo e as condições de
estudo. A maioria dos estudantes ocupados (62,2%) está na faixa salarial de até
1,5 salário mínimo.
6.
Origem da escola
Os
estudantes das universidades federais vem em maioria absoluta de escolas
públicas. Em 2018, 64,7% dos estudantes vieram da rede pública; em 2014, o
porcentual era de 64%. Estudaram em escolas particulares 35,3%.
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Por Ana
Luiza Basilio, na CartaCapital
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