![]() |
Manifestantes em defesa da educação no dia 15 em Nova Olinda. (FOTO/Aglécio Dias). |
Texto | Nicolau Neto
Nas
últimas duas semanas o País passou por uma verdadeira avalanche. Fenômeno semelhante
somente verificado na vitória do presidente Bolsonaro (PSL).
As
enxurradas de notícias negativas aparecem todos os dias e é tratada pelos
veículos tradicionais de comunicação - escritos e falados – com certa dose de
“cinismo” e não contribuem para a formação do pensamento crítico de
telespectadores/as. As mais recentes são a reforma da Previdência e os cortes
de verbas nas universidades públicas e na educação básica.
Direcionarei
meu olhar aqui para a educação. Um presidente que escolhe a educação como sua
inimiga também escolhe a população como tal. Cortar recursos da educação deve
ser entendido como um crime contra a população, pois diminui sobremaneira as
chances de jovens concluírem seus estudos e praticamente zera as possibilidades
de alargamento de pesquisas provenientes de mestrados e doutorados no País.
Ao
decidir não repassar verbas para as universidades e para a educação básica, o
Ministério da Educação (MEC) sob a tutela do presidente diz que a educação é
uma clara ameaça aos interesses do governo federal que não é, nem de longe,
aqueles que podem contribuir para a construção de uma nação que reconhece as
diferenças, valorizando-as, e que prima pela promoção da equidade, pelo apreço
as liberdades individuais e coletivas.
Esse
governo elegeu, mesmo antes de se eleger, a educação como prioridade. Mas essa
prioridade é a que banqueiros e empresários querem ver, não a que nós –
população menos assistida queremos. A prioridade do governo, pelo que se percebe,
é privatizar o ensino. É um contrassenso.
A
prática do corte de verbas na educação é um ataque perverso também a todos os
grupos que foram e ainda estão à margem – negros, indígenas, população LGBTs e
mulheres. É uma ação ideológica que tem o intuito de destruir o legado das
políticas afirmativas, como o PROUNI, Fies, as cotas raciais, dentre outras. Impacta
negativamente uma luta histórica dos movimentos sociais, em especial dos
movimentos negros espalhados pelo País, por uma educação antirracista.
Um
levantamento obtido da Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural
dos (as)Graduando(as) das Instituições Federais do Ensino Superior, em sua
quinta edição, demonstrou que os estudantes negros e pardos são maioria entre
os estudantes das universidades federais do País.
Por
isso, que quando estudantes da educação básica e do ensino superior,
professores/as, entidades sindicais e movimentos sociais ocupam as ruas para
lutarem contra aos cortes do governo federal é por que há o entendimento de que
lutar por educação é dizer não ao aumento desenfreado da desigualdade étnica-racial.
Ser contra os cortes na educação é lutar por justiça social, por equidade e
cidadania.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Ao comentar, você exerce seu papel de cidadão e contribui de forma efetiva na sua autodefinição enquanto ser pensante. Agradecemos a sua participação. Forte Abraço!!!