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Alexandre Lucas. (FOTO | Acervo pessoal). |
Por Alexandre Lucas, Colunista
Buscava respostas para as preocupações como se a madrugada respondesse alguma coisa. Os cachorros latiam para cada mexido de gente. O velho por trás da porta segurava as suas incertezas e tentava colher alguma novidade, um simples bom dia para conforta a sua solidão.
O
homem corcunda passa cedo para ir ao mercado, junta lavagem para os porcos. A
bodega abre as seis horas. Os cachorros correm. O homem ensaca frangos dentro
da D20. A mulher passa para comprar o pão fiado, paga quando puder.
O
velho por trás da porta monitora o movimento da rua, o homem câmera. Os pombos
buscam os milhos que restaram, caminham como velhas mancas. A senhora que
acorda cedo espana a parede para tentar escutar melhor as conversas.
O
velho por trás da porta chora. Já não tem mãe, nem pai. É segunda-feira e não
se tem nenhum recomeço. O ex-carnavalesco coloca comida para os gatos, desistiu
do carnaval.
O velho por trás da porta observa tudo. O tumulto e o silêncio se escondem nas oito décadas da câmera do velho.
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