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Alexandre Lucas. (FOTO | Acervo Pessoal). |
Alexandre
Lucas, Colunista
Aquele
sofá parecia um divã. O silêncio acolhia a beleza do encontro. Os
cachorros latiam como se estivessem rindo e roçaram mendigando
ternura.
Carlos
foi convocado, veio num livro capa amarela, talvez para proclamar a
alegria e disfarçar a sua poesia repleta de dúvidas e atestada de
ironia. Para recebê-lo chamou Morzat com a delicadeza dos seus
toques. Fechou os olhos como se sentisse as palavras assoprando o seu
corpo, encaixando no seu ritmo e brincando de ciranda na ponta dos
seus seios. Drummond falava do amor: incerto, contraditório e real.
Entre
os poemas, a partilha das comidinhas, a leitura das minhas
interrogações e o gosto do amendoim caramelado. Paz e Guerra, não,
não, era obra posta à mesa, nem disposta entre as pernas, mas o
redemoinho entre a carne e a mente.
Era
presente aquele encontro, desses para tomar água. Beber água
diminui a quentura do corpo e reduz as batidas do coração. Distante
reviro os botões procurando no vestido a poesia decotada, os olhos
estrelados e o descanso do sofá.