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(FOTO | Emília Silberstein/Divulgação). |
O
pré-candidato à presidência pela Unidade Popular (UP), Léo Péricles, tem
sofrido ataques racistas em suas redes sociais. Na última semana, o partido
utilizou as redes sociais para denunciar as agressões, que partem de um perfil
supostamente neonazista. Segundo Péricles, esta não é a primeira investida que
sofrem e a legenda vai procurar as punições cabíveis.
"Boa tarde. Sou português ariano puro e sinto
nojo de pretos porque tua raça tem em média 55-80 de QI e também possuem uma
altíssima propensão para violência. A raça preta deveria ser expulsa das
cidades e empurrada de volta para a selva, um lugar que nunca deveriam ter
saído", escreveu o perfil denominado Bruno Silva.
Em
seguida, o internauta manda uma foto de um chimpanzé e escreve: “Macaco! Volta pra árvore! Quer banana?”
O
agressor termina relacionando o ato de racismo ao atual presidente Jair Bolsonaro
(PL): “Vota em Bolsonaro para o Brasil continuar racista. Bolsonaro é o maior
racista do Brasil. Viva o racismo! Preto nojento!”.
À
Alma Preta Jornalismo, Leonardo Péricles declarou que estipular quando
começaram os ataques é complexo porque, de acordo com o pré-candidato, todas as
vezes que ele esteve em um lugar de destaque na política, que “geralmente não está reservado pessoas
negras, de periferias e trabalhadores, isso acontece”.
"Desde que o registro da UP saiu, em dezembro
de 2019, e isso deu alguma repercussão na imprensa, nós sofremos alguns
ataques. Posteriormente, quando lançamos a pré-campanha aconteceram outros.
Agora, que estamos pleiteando estar em todos os espaços de debate, não
aceitando a subalternidade, mostrando que precisam existir pessoas negras que
disputam o maior cargo político do Brasil e que devem estar nos debates
centrais, aí os ataques ficaram mais intensos”, conta o líder da Unidade
Popular.
Ele
ainda complementou afirmando que esses ataques serão tratados pelo jurídico do
partido e no combate ao fascismo e ao racismo nas ruas. “Transformaremos esses ataques em mola propulsora para lutarmos ainda
mais para a construção de uma sociedade onde o racismo e demais opressões não
existam”, concluiu o pré-candidato.
Léo
Péricles não é um caso isolado. No final de junho, a Alma Preta denunciou casos
como o do pré-candidato a deputado federal pelo PT-SP, Douglas Belchior,
professor de História, fundador da Uneafro Brasil e membro da Coalizão Negra
por Direitos. Ele recebeu uma mensagem semelhante à encaminhada à Péricles,
vinda de um perfil com a mesma foto.
“Eu tenho um enorme nojo de pretos e não
deixo essa macacada fedorenta chegar perto da minha família. Heil Hitler!
Hitler estava certo. Macaco fedorento”, escreveu o agressor à Belchior, em
uma mensagem por WhatsApp.
No
começo do mês de junho, um trabalho educativo criado pelo mandato da vereadora
Guida Calixto (PT-SP), de Campinas (SP), também foi alvo de perseguição, e
mais, o próprio mandato esteve sob risco de cassação devido a publicação da HQ
“Territórios Negros: nossos passos vêm de
longe”.
Em
2020, um levantamento feito pelo Instituto Marielle Franco com apoio da Terra
de Direitos e Justiça Global contabilizou que 78% das candidatas negras
relataram ter sofrido ataques virtuais no período eleitoral. Na ocasião, 142
mulheres negras candidatas pertencentes a 93 municípios (em 21 estados) e 16
partidos responderam a um questionário para analisar o cenário da violência
política eleitoral neste ano. De acordo com o relatório, os principais autores
dos ataques virtuais são grupos não identificados (45%) e candidatos ou grupos
militantes de partidos políticos adversários (30%). Também foram identificados
grupos misóginos, racistas e neonazistas (15%).
Apesar
das diferentes bases legais, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o
crime de injúria racial - o que é destinado a uma única pessoa - pode ser
equiparado ao de racismo - que ofende um grupo - e considerado imprescritível,
ou seja, passível de punição a qualquer tempo. As denúncias à polícia podem ser
feitas por telefone, presencialmente ou internet. A avaliação e a devida punição
caberá ao juíz de cada caso.
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Com informações da Alma Preta.
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