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De acordo com Boaventura, o governo Bolsonaro aplica uma dupla disciplina na sociedade: a econômica anti-povo e a do medo. (Foto: Maria Eduarda José/CUCA da UNE). |
Em meio às ameaças do governo Bolsonaro
contra as universidades públicas e sua autonomia, o diretor do Centro de
Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, o sociólogo Boaventura de Sousa
Santos, afirma que a educação deve ser a principal arma para desarmar o ódio,
acabar com o medo e trazer esperança para a população. O intelectual português
participou, nesta quinta-feira (7), de umas das conferências da 11º Bienal da
União Nacional dos Estudantes (UNE), na capital da Bahia.
Ao lado de João Carlos Salles, reitor
da Universidade Federal da Bahia (UFBA) – onde é realizado o evento –,
Boaventura falou sobre como um governo autoritário pode trazer consequências
diretas para o modelo de educação que o governo tentará impor ao país ao país
pelos próximos quatro anos. Na sua visão, projetos como o Escola Sem Partido e
a ideia de o próprio governo escolher os reitores das universidades públicas
mostram que a educação está totalmente ameaçada. "Eles querem liquidar
todo o processo educacional que construímos ao longo deste século",
lamenta.
De acordo com o português, o governo
Bolsonaro aplica uma dupla "disciplina"
contra a sociedade: a da economia anti-povo e a do medo. "As medidas econômicas que serão impostas vão
destruir o mínimo do bem-estar e a expectativa de vida da grande maioria da
população brasileira. É o neoliberalismo desenfreado que será imposto no Brasil."
Porém, na sua visão, são políticas que
não se sustentam em argumentos racionais, então é aplicada a disciplina ideológica,
mostrando que não há alternativa para o que eles apresentam. "Eles utilizam três fábricas a todo vapor: a
do ódio, do medo e da mentira. O ódio para destruir qualquer narrativa
contrária. O medo para levar insegurança econômica e física para classes
sociais. Já a mentira é usada porque não são capazes de confrontar outras
ideias. Isso é a logica do pensamento reacionário", afirma.
Na
encruzilhada
Falando a milhares de estudantes,
Boaventura afirmou que a educação brasileira está numa encruzilhada. Para ele,
o sistema pode se tornará uma linha de montagem dessas "fábricas de reacionários", ou
resistir e destruir esse método de pensamento, impedindo que as "fábricas" se transformem em
políticas públicas educativas.
O sociólogo também pediu para que os
jovens se mobilizem para proteger o que é deles por direito e lembrou que a
ofensiva é mais do que necessária para frear qualquer retrocesso. "Estudantes, chegou a hora de vocês
defenderem as universidades, numa luta contra a máquina do ódio e da mentira.
Contem aos seus netos que, aqui, começou a nossa luta."
"A educação é o antídoto do ódio. A partir dela se criam novas formas de
conhecimento. A educação deve ser uma fábrica contra a mentira, para florescer
o saber. Não há um saber válido sem ser o universitário", acrescentou.
(Com informações da RBA).
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