Os
movimentos sociais que foram às ruas esta semana contra o impeachment defendem
a continuidade do mandato da presidenta Dilma Rousseff, mas cobram uma mudança
no rumo da política econômica, com duras críticas ao ajuste fiscal. Entidades
como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a Central Única dos
Trabalhadores (CUT) defendem a redução da taxa de juros e a retomada de
investimentos públicos para estimular a economia.
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A presidenta Dilma Rousseff recebe representações da Frente Brasil Popular no Palácio do Planalto. Foto: José Cruz/Agência Brasil. |
Em
reunião com Dilma um dia depois das manifestações, representantes da Frente
Brasil Popular fizeram questão de mostrar à presidenta a insatisfação dos
movimentos com as medidas econômicas que vem sendo tomadas pelo Palácio do
Planalto. A presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE) – umas das
organizações que articularam as manifestações – Carina Vitral, disse que as
entidades esperam uma “guinada à esquerda” do governo Dilma.
“Fizemos uma declaração contrária ao
impeachment golpista, mas também uma cobrança forte para que mudanças continuem
sendo aprofundadas. Demonstramos uma contrariedade grande ao ajuste fiscal, que
penaliza e aprofunda a crise econômica. A gente quer uma guinada do governo à
esquerda, aprofundando direitos da classe trabalhadora, da juventude e dos
movimentos sociais”, disse, após reunião da Frente Brasil Popular com Dilma
no Palácio do Planalto.
Nas
manifestações, os movimentos sociais disseram querer “a Dilma que elegeram”,
cobrando que a presidenta assuma compromissos de campanha com os trabalhadores
e a manutenção de conquistas sociais.
O
líder do MST, João Pedro Stédile, disse que os movimentos sociais estarão ao
lado do governo na defesa do mandato de Dilma se o processo de impeachment for
levado adiante, mas também criticou a demora do Palácio do Planalto em reagir a
problemas da economia que afetam diretamente os trabalhadores, como o aumento
do desemprego e da inflação.
“O governo tem que agir rápido diante da
gravidade da crise econômica, tem que dar sinais para a população. Nossa
sugestão é que o governo anuncie urgentemente medidas concretas que possam
retomar o crescimento da economia para garantir o emprego e a renda dos
trabalhadores. Para isso, o governo tem que reduzir a taxa de juros e precisa
utilizar esses recursos públicos, que são nossos, para a volta do crescimento
baseado nos investimentos na indústria, na construção de moradia popular, na
infraestrutura, no transporte público e na agricultura familiar”, sugeriu.
Ontem
(18), a presidenta Dilma Rousseff decidiu tirar Joaquim Levy do Ministério da
Fazenda e substitui-lo por Nelson Barbosa, que ocupava o Ministério do
Planejamento. Responsável por medidas como a mudança nas regras de acesso ao
seguro-desemprego e a limitação do seguro defeso para pescadores, Levy era o
principal alvo das críticas das entidades de trabalhadores.
“A CUT, que representa milhões de
trabalhadores desse país, tem muito firmes suas posições contra essa política
econômica, Levy não nos representa, trouxemos essa demanda para a presidenta”,
disse a secretária de Relação com os Movimentos Sociais da Central Única dos
Trabalhadores (CUT), Janeslei Albuquerque, no início da semana.
Em
entrevista no fim da noite de ontem, o novo ministro da Fazenda, Nelson
Barbosa, disse que, para estabilizar a economia e promover sua recuperação, os
esforços para o ajuste fiscal devem continuar.
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