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10 livros para aprender sobre a questão racial no Brasil e n mundo. (FOTO/ Inova Social). |
Amarildo
Dias de Souza. Claudia Silva Ferreira. Marielle Franco. Winner Nascimento.
Marcos Vinícius. Ágatha Félix. João Pedro. Miguel Otávio. George Floyd.
Desde que o coronavírus chegou ao Brasil, nós temos procurado produzir conteúdos que proporcionem ao leitor do InovaSocial um momento mais leve e positivo, compartilhando boas notícias, fazendo reflexões que sempre vêem a metade cheia do copo, dando dicas de como passar por esse momento de forma mais produtiva e saudável.
Mas,
como ainda não estamos no futuro e esses conteúdos não são produzidos por uma
inteligência artificial e sim por seres humanos, a verdade é que existem dias
em que ver a metade cheia do copo é uma das tarefas mais difíceis. Olhar as
notícias nos dá uma sensação de impotência tão grande, principalmente quando
nos vemos testemunhando um problema que existe há séculos e que nós sabemos que
não podem ser resolvidos em um estalar de dedos.
Os
nomes que você leu no início desse texto, são de pessoas que morreram em
situações diferentes, de formas diferentes, mas que estão relacionadas por pelo
menos um ponto: o racismo. Essas pessoas não foram a primeiras e nós sabemos
que, infelizmente, não serão as últimas – seja pela violência, pela falta de
empatia e cuidado, ou pela desigualdade social.
Embora
saibamos que a luta contra o racismo seja extremamente desafiadora e
desgastante, também sabemos que algo precisa ser feito. Acreditamos que a
educação e o conhecimento sejam o caminho para um futuro sem preconceitos e com
mais igualdade. E quando falamos sobre educação, não estamos falando apenas de
educar crianças nas escolas e em casa, estamos falando sobre nós, enquanto
adultos, assumirmos as responsabilidade de nos educarmos a respeito da história
do povo negro – que é milenar, não começou com seres humanos sendo escravizados
e não deve ser resumida a isso.
Nós
sempre procuramos fazer com que a diversidade esteja presente nas curadorias de
conteúdos que trazemos para o InovaSocial, e hoje queremos que esse espaço não
traga apenas representatividade, mas também que ele seja um convite à busca por
conhecimento. Confira 10 sugestões de títulos que precisam estar em sua lista
de leituras.
“Permita
que eu fale, não as minhas cicatrizes
Se
isso é sobre vivência, me resumir à sobrevivência
É
roubar o pouco de bom que vivi
Por
fim, permita que eu fale, não as minhas cicatrizes
Achar
que essas mazelas me definem é o pior dos crimes
É
dar o troféu pro nosso algoz e fazer nóis sumir”
– “AmarElo”, Emicida
“Mulheres, Raça e Classe”, por Angela Davis
Incrível e fundamental obra de Angela Davis, traduzida pela Boitempo, o livro Mulheres, Raça e Classe aborda temas antigos, mas que até hoje refletem na sociedade e diversas culturas pelo mundo. Essa produção literária quer mostrar os nuances da opressão, falando sobre as antigas lutas anticapitalista, antiescravagista, antirracista, feminista e todos os dilemas que as mulheres vivem ainda hoje, na era contemporânea. Angela Davis enfatiza em sua obra quais são os efeitos da escravidão e como é difícil se acreditar em uma sociedade que desconsidere a centralidade da questão racial, principalmente, quando se fala da mulher.
Alguns trechos do livro foram transformados em pequenos eBooks, que estão disponíveis gratuitamente para assinantes do Kindle Unlimited, da Amazon. Para conhecê-los, clique aqui.
Abaixo,
confira um vídeo produzido pela Editora Boitempo e publicado em fevereiro de
2017, onde Marielle Franco e Karina Vieira falam sobre o livro e conversam
sobre Angela Davis no Brasil:
“Pequeno Manual Antirracista”, por Djamila Ribeiro
Dez lições breves para entender as origens do racismo e como combatê-lo. Neste pequeno manual, a filósofa e ativista Djamila Ribeiro trata de temas como atualidade do racismo, negritude, branquitude, violência racial, cultura, desejos e afetos. Em dez capítulos curtos e contundentes, a autora apresenta caminhos de reflexão para aqueles que queiram aprofundar sua percepção sobre discriminações racistas estruturais e assumir a responsabilidade pela transformação do estado das coisas. Já há muitos anos se solidifica a percepção de que o racismo está arraigado em nossa sociedade, criando desigualdades e abismos sociais: trata-se de um sistema de opressão que nega direitos, e não um simples ato de vontade de um sujeito. Reconhecer as raízes e o impacto do racismo pode ser paralisante. Afinal, como enfrentar um monstro desse tamanho? Djamila Ribeiro argumenta que a prática antirracista é urgente e se dá nas atitudes mais cotidianas. E mais ainda: é uma luta de todas e todos.
“Quem tem medo do feminismo negro?”, por Djamila Ribeiro
“Quem
tem medo do feminismo negro?” reúne um longo ensaio autobiográfico inédito e
uma seleção de artigos publicados por Djamila Ribeiro no blog da revista
CartaCapital, entre 2014 e 2017. No texto de abertura, a filósofa e militante
recupera memórias de seus anos de infância e adolescência para discutir o que
chama de “silenciamento”, processo de apagamento da personalidade por que
passou e que é um dos muitos resultados perniciosos da discriminação. Foi
apenas no final da adolescência, ao trabalhar na Casa de Cultura da Mulher
Negra, que Djamila entrou em contato com autoras que a fizeram ter orgulho de
suas raízes e não mais querer se manter invisível. Desde então, o diálogo com
autoras como Chimamanda Ngozi Adichie, Bell Hooks, Sueli Carneiro, Alice Walker,
Toni Morrison e Conceição Evaristo é uma constante. Muitos textos reagem a
situações do cotidiano — o aumento da intolerância às religiões de matriz
africana; os ataques a celebridades como Maju ou Serena Williams – a partir das
quais Djamila destrincha conceitos como empoderamento feminino ou
interseccionalidade. Ela também aborda temas como os limites da mobilização nas
redes sociais, as políticas de cotas raciais e as origens do feminismo negro
nos Estados Unidos e no Brasil, além de discutir a obra de autoras de
referência para o feminismo, como Simone de Beauvoir.
“Rastros de resistência: Histórias de luta e liberdade do povo negro”, por Ale Santos
Resistência. Essa é a palavra que melhor define a história do povo negro. Neste livro, Ale Santos resgata o passado de grandes reinos que tiveram sua história apagada ou silenciada ao longo dos anos de colonialismo e pós-colonialismo. Reis, rainhas, guerreiros e amazonas que lutaram bravamente em seus territórios são apresentados com toda sua força ancestral. Conheça a história do líder quilombola Benedito Meia-Légua, da princesa guerreira que invadia navios negreiros, o poderio do Império Axânti, assim como as atrocidades cometidas contra os povos da África e a perpetuação dos discursos de racismo. Como diz o autor, essas “histórias não são apenas um pedaço de cada povo antigo: são pedras fundamentais para reconstruir novos impérios culturais africanos pelo mundo”. Trata-se de uma obra indispensável, que registra o histórico de lutas e resistência do povo negro.”
“O Genocídio do negro brasileiro: Processo de um Racismo Mascarado”, por Abdias do Nascimento
O conceito de “democracia racial” foi (e ainda é) um mantra do orgulho nacional. Daqueles que recusam a realidade. Uma das maiores referências na defesa dos direitos dos negros no Brasil, mesmo após sua morte, Abdias Nascimento sobrepõe testemunhos pessoais, reflexões, comentários e críticas, opondo o discurso oficial sobre a condição social e cultural do negro brasileiro à realidade, fazendo a desconstrução do que se convencionou chamar de “democracia racial”, cenário utópico e irreal no qual “pretos e brancos convivem harmoniosamente, desfrutando iguais oportunidades de existência, sem nenhuma interferência, nesse jogo de paridade social, das respectivas origens raciais ou étnicas.”
“Quarto de Despejo”, de Carolina Maria de Jesus
O diário da catadora de papel Carolina Maria de Jesus deu origem a este livro, que relata o cotidiano triste e cruel da vida na favela. A linguagem simples, mas contundente, comove o leitor pelo realismo e pelo olhar sensível na hora de contar o que viu, viveu e sentiu nos anos em que morou na comunidade do Canindé, em São Paulo, com três filhos.
“Amoras”, por Emicida e Aldo Fabrini)
Na
música “Amoras”, Emicida canta: “Que a doçura das frutinhas sabor acalanto/ Fez
a criança sozinha alcançar a conclusão/ Papai que bom, porque eu sou pretinha
também”. E é a partir desse rap que um dos artistas brasileiros mais influentes
da atualidade cria seu primeiro livro infantil e mostra, através de seu texto e
das ilustrações de Aldo Fabrini, a importância de nos reconhecermos no mundo e
nos orgulharmos de quem somos — desde criança e para sempre.
“Tornar-se Negro”, de Neusa Santos Souza
“Tornar-se Negro”, escrito pela psiquiatra, psicanalista e escritora negra Neusa Santos Souza, é obra de referência no estudo da questão racial no Brasil e apresenta o estudo teórico e vivencial da autora sobre a vida emocional dos negros. Na obra, Neusa mostra a auto rejeição do negro por seu aspecto exterior e explica que é necessário um raro grau de consciência para que esse quadro se inverta, mas quando isso acontece, a cor e o corpo do negro são sentidos como valor de beleza.
“Do silêncio do lar ao silêncio escolar”, de Eliane dos Santos Cavalleiro
“Do silêncio do lar ao silêncio escolar” é a interpretação crítica e analítica de uma pesquisa feita pela professora Eliane Cavalleiro sobre a discriminação das crianças negras em sala de aula. Os resultados são chocantes e mostram inúmeras situações de preconceito racial ocorridas durante as aulas. Esse livro é um primeiro e importante passo para que o Brasil rompa o silêncio em torno do racismo e comece a lutar para eliminá-lo de vez do sistema educacional.
“O perigo de uma história única“, de Chimamanda Ngozi Adichie
O
que sabemos sobre outras pessoas? Como criamos a imagem que temos de cada povo?
Nosso conhecimento é construído pelas histórias que escutamos, e quanto maior
for o número de narrativas diversas, mais completa será nossa compreensão sobre
determinado assunto. É propondo essa ideia, de diversificarmos as fontes do
conhecimento e sermos cautelosos ao ouvir somente uma versão da história, que
Chimamanda Ngozi Adichie constrói a palestra que foi adaptada para livro. O
perigo de uma história única é uma versão da primeira fala feita por Chimamanda
no programa TED Talk, em 2009. Dez anos depois, o vídeo é um dos mais acessados
da plataforma, com cerca de 18 milhões de visualizações. Responsável por
encantar o mundo com suas narrativas ficcionais, Chimamanda também se mostra
uma excelente pensadora do mundo contemporâneo, construindo pontes para um
entendimento mais profundo entre culturas.
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Com informações do Inova Social e Ceert.
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