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(Foto: Reprodução/ Pragmatismo Político). |
Ao
destacar que Bolsonaro comparou os crimes da ditadura militar a tapas que se dá
no bumbum dos filhos, jornalista da Folha assinala que o parlamentar não passa
de um “germe deixado por aquela infecção
que durou 21 anos”.
Ter
alguém como Bolsonaro recebendo o maior apoio para exercer a Presidência,
segundo as pesquisas sem Lula, dá a mais concentrada resposta às perguntas
sobre o indescritível desastre brasileiro. Apoio a alguém sem preparo,
retrógrado, com bens acumulados sem explicação e defensor da ditadura em suas
piores violências, enquanto sondagens mostram também tais apoiadores indignados
com as sucessivas exibições das roubalheiras engravatadas, da ferocidade em
sandálias e da degradação na política.
Nesse
quadro, é oportuna a revelação documental da CIA, o órgão americano para a
espionagem e a subversão de direita, da responsabilidade direta dos
generais-presidentes Geisel, Médici e Figueiredo, como autorizadores, nos
assassinatos e desaparecimentos de centenas de opositores da ditadura.
Localizado pelo pesquisador Matias Spektor, da FGV, o documento é de extrema
importância. Não por Bolsonaro, que é apenas um germe, não único, deixado por
aquela infecção de 21 anos. O que explica sua ideia de que assassinatos e
desaparecimentos equivalem a “um tapa no
bumbum de um filho”.
O
teor do documento não muda só os papéis alardeados dos ditadores, sobretudo o
atribuído a Geisel. Corrige as dimensões da ditadura, expondo-a não mais como
um regime de força arbitrária, impulsionado no choque de correntes militares
menos e mais extremadas, mas, isto sim, como regime unificado por sua essência
comprometida com o extermínio humano. Guardadas as devidas proporções, bastante
semelhança com o poder ao tempo do falso socialismo no Leste Europeu.
Já
na primeira fase de governo do udenista Castello Branco, o “general democrata” que instalou a
ditadura, Geisel proporcionou uma indicação clara sobre si mesmo. As denúncias
de torturas no imediato pós-golpe, as piores nas dependências da Marinha e da
Vila Militar, no Rio, como em Pernambuco e Rio Grande do Sul, fizeram Castello
incumbir Geisel, seu chefe da Casa Militar, de uma investigação geral. Era,
claro, só um mascaramento da realidade. Mas a desfaçatez de Geisel não teve nem
habilidade. Com a tortura sabida e comentada no país todo, seu relatório negou
haver ao menos um casinho de arranhões, só para encontrar algum “excesso”. Como resultado prático, era o
aviso de que o novo regime não repelia a violência, nem lhe estabelecia
limites.
O
documento da CIA fundamenta a convicção, contestada por muitos, de que fatos
como o atentado do Riocentro não eram de insubordinação, mas de obediência. Daí
que Figueiredo, antes de saber direito do que se tratava, prometesse “prender e arrebentar” os envolvidos, e
depois lhes desse cobertura. O assassinato de Lídia Monteiro, secretária da
OAB, o alegado desastre de Zuzu Angel, tantos crimes polêmicos encontram agora
um rastro retroativo e inquestionável, até seu ponto de partida.
É
isso o que Jair Bolsonaro defende. É isso o que o general Antônio Mourão
defende, puxando a lista dos companheiros que pretendem entrar na política.
Suas defesas não são à ditadura como descrita até conhecer-se o documento da
CIA, surgido quando alguns inquietam com a quebra do seu devido silêncio.
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Por
Jânio de Freitas, Folhapress e reproduzido pelo Pragmatismo Político.
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