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Aplicativo Alfabantu. (Foto: Reprodução). |
A
história e a cultura afro-brasileira devem constar no currículo oficial da rede
de ensino no Brasil, como prevê a Lei 9.394/1996. No entanto, a disponibilidade
de material sobre o assunto e a aplicação da lei ainda são deficitárias em
muitas escolas. Foi pensando nisso que o historiador Edson Pereira e a
socióloga Odara Dèlé decidiram criar um aplicativo de celular, o Alfabantu,
destinado ao ensino da língua falada pelo povo kimbundu, de Angola.
A
ideia nasceu quando Pereira ainda cursava História na Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Lá ele teve seu primeiro contato com
o kimbundu, através de um curso ministrado pelo professor Nii.
Hoje,
Odara é professora de Sociologia do ensino médio na rede estadual e Pereira,
professor de História do ensino fundamental na rede municipal. Com a vivência
escolar, foram percebendo que os professores tinham dificuldade em trabalhar a
história da África com as crianças. “Não
existe muita vontade dos professores e os que têm vontade não sabem como fazer,
falta material didático”, conta Odara.
Com
um interesse antigo no resgate histórico da cultura africana, o casal encontrou
no idioma uma potencial forma de aproximar a África das crianças brasileiras
que, muitas vezes, passam a infância sem conhecer a história dos seus povos
originários.
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Odara e Pereira, socióloga e historiador, criadores do aplicativo Alfabantu. (Foto: Arquivo Pessoal). |
Inspirados
pelo Asa – aplicativo criado por um nigeriano que percebeu que faltava às novas
gerações um conhecimento mais profundo sobre seus antepassados, começaram a
planejar o Alfabantu. O aplicativo Asa ensina a língua iorubá e traz conteúdos
sobre a história e cultura da Nigéria e da África. Já o criado pelo casal se
dedica, por enquanto, exclusivamente, ao ensinamento do idioma angolano.
Lançado
em 21 de novembro, o aplicativo é voltado ao público infantil e está disponível
apenas para celulares com sistema Android. Durante a pesquisa preliminar, Odara
e Pereira encontraram dados significativos a respeito do uso do celular pelos
brasileiros: crianças entre 5 e 14 anos costumam passar 80% do seu tempo livre
com os aparelhos em mãos.
“A gente está muito ligado ao celular, mas o
importante é pensar quais conteúdos são vistos. Podemos potencializar esse uso
de forma positiva. As crianças podem permanecer no celular, mas acessando
conteúdo de qualidade”, avalia Odara.
A
ideia do Alfabantu é proporcionar um aprendizado lúdico e interativo, algo que
atraia o público infantil. O aplicativo é dividido em duas partes. Na primeira,
há o contato inicial com a língua: são apresentadas frases do cotidiano, partes
do corpo humano, números, animais e diversas outras palavras. Na segunda parte,
a criança testa seu conhecimento através de um quiz. “A criança aprende e, ao mesmo tempo, se diverte”, segundo Odara.
Até
a primeira semana de dezembro, mais de 600 downloads do Alfabantu já tinham
sido registrados. Além de brasileiros, moradores de Angola, Moçambique, Reino
Unido, Polônia e Portugal também baixaram o aplicativo.
O
casal conta que pretende desenvolver versões mais completas do aplicativo. Além
da adição de conteúdos, como cultura africana, querem ampliar o público-alvo,
criando versões do Alfabantu para adultos. Contam, ainda, que pretendem criar
materiais didáticos do aplicativo que possibilite sua expansão. O objetivo é
trazer a África para perto de cada vez mais brasileiros. (Com informações do Jornal da USP).
O
aplicativo está disponível para download neste link.
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