Em
evento realizado no auditório do Palácio da Abolição, nesta quarta-feira (18),
o Governo do Ceará divulgou, por meio da Fundação Cearense de Meteorologia
(Funceme), órgão vinculado à Secretaria de Recursos Hídricos (SRH), o
prognóstico para a quadra chuvosa de 2017. Depois de cinco anos de seca, a
probabilidade de chuvas dentro da média histórica é de 40% para os meses
de fevereiro, março e abril. O cenário
inspira cuidados e continuidade nas ações de segurança hídrica.
Do portal da Funceme
Apresentado
pelo presidente da Funceme, Eduardo Sávio Martins, o prognóstico trouxe as
probabilidades de cada uma das três categorias (abaixo, em torno e acima da
média histórica) referentes ao acumulado de precipitações dos próximos meses.
No Ceará, há 30% de probabilidade para a categoria abaixo da média, 40% para a
categoria em torno da média e 30% para a categoria acima da média.
Com
relação aos setores do Estado, no noroeste a probabilidade para a categoria
abaixo da média é de 25%, para a categoria em torno da média é de 35% e para a
categoria acima da média é de 40%. Já no sudeste as probabilidades apontam 35%
para a categoria abaixo da média, 40% para a categoria em torno da média e 25%
para a categoria acima da média.
Eduardo
Sávio explicou que haverá uma ligeira tendência de chuvas acima da média para o
setor noroeste do Estado do Ceará e, para o setor sudeste, uma tendência de
chuvas em torno da média. "O setor sudeste é o que mais nos preocupa por
conta do aporte de água dos reservatórios mais estratégicos do Estado. Em anos
normais, que é a categoria mais provável, nós temos 50% de chances de ter
escoamento significativo nos reservatórios. Então significa que teremos aí
cerca de 55% de probabilidade, com base na previsão, de nós não termos escoamentos
significativos para reservatórios como o Castanhão, Orós, etc", observou.
O
presidente da Funceme salientou ainda que, para o segundo semestre de 2017, se
tem um indício que coloca uma preocupação para 2018 de aumento das
probabilidades de surgimento do El Niño. "É uma preocupação forte para
termos mais cuidado com a água neste momento de crise no Ceará. Por isso, nós
temos que ter cuidado no uso da água. O nosso trabalho a partir de hoje é
exatamente colocar o cenário de previsão não só de chuva, mas de vazão que nós
já rodamos para a Companhia de Gestão de Recursos Hídricos, para fazer cenários
de alocação. A partir daí, os impactos previstos vão ser analisados e as
medidas serão tomadas para o horizonte deste ano".
No
mês de fevereiro, a Funceme vai elaborar e divulgar um novo prognóstico
meteorológico sobre a quadra chuvosa, em referência aos meses de março, abril e
maio deste ano.
Preparação diante das previsões
Presente
na solenidade, o secretário Chefe do Gabinete do Governador, Élcio Batista, ressaltou
o empenho da atual gestão estadual para evitar que a crise hídrica se alastre e
atinja o cotidiano da população cearense. Élcio lembrou do planejamento traçado
pelo governador Camilo Santana desde 2015, colocando como prioritárias as ações
de segurança hídrica, como também o trabalho incessante de órgãos como
Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), Companhia de Água e Esgoto do
Ceará (Cogerh), Superintendência de Obras Hidráulicas (Sohidra), Funceme e
Defesa Civil.
"O
quinto ano de seca traz um impacto social muito grande. E nisso vale destacar o
trabalho do Governo do Ceará, com apoio do governo federal, junto a uma rede de
política de proteção social, que tem garantido que aquelas imagens que a gente
via no passado a gente não veja se repetir mesmo no quinto ano seguido de seca.
Não temos as pessoas desesperadas migrando para Fortaleza em busca de
alimentos, justamente porque os programas do governo federal relacionados a
esse sistema de proteção social tem sido muito eficientes em parceria com o
governo estadual", disse o secretário, citando o Programa Garantia Safra,
Bolsa Família, Programa Nacional de Agricultura Familiar, assim como um
conjunto de políticas públicas para administração dos anos de seca.
Élcio
Batista lembrou que, apenas em 2016, o governo Camilo Santana investiu mais de
R$ 400 milhões em ações relacionadas à segurança hídrica, mesmo dentro de um
cenário de crise econômica enfrentado por todo o país, citando o Plano Estadual
de Convivência com a Seca - elaborado em 2015 por Camilo Santana e sua equipe -
como fundamental para o enfrentamento das questões climáticas e da falta de
água no Estado, destacando a importância das ações emergenciais e estruturantes
dentro das perspectivas a curto, médio e longo prazos no Ceará. Outro destaque
é o Plano de Segurança Hídrica para a Região Metropolitana de Fortaleza, a
perfuração de poços no Pécem, inauguração de Estação de Tratamento de Água
(última realizada no Açúde do Gavião), o programa de adutoras, a Tarifa de
Contigência implementada no Ceará e o trabalho de monitoramento da Cagece
contra o mal uso da água no Estado.
"O
Ceará só está conseguindo enfrentar esse quinto ano de seca, quando muitas
pessoas nem percebem, porque quando abrem a torneira a água está chegando lá do
mesmo jeito que chegava antes, justamente pelo trabalho que se iniciou no final
da década de 1980 na constituição do Sistema de Recursos Hídricos. Estamos
vendo o quanto ele foi importante, com obras estruturantes, obras de médio
prazo, de longo alcance, mas que estão dando conta e funcionando. Se não
tivéssemos o Eixão das Águas, talvez hoje Fortaleza estivesse vivendo um
período que nem sei dizer como estaríamos enfrentando. O Governo do Estado está
fazendo uma obra estruturante super importante, que é o Cinturão das Águas. Uma
obra para dar frutos daqui a quatro, cinco anos, mas quando ela se concretizar
aí que a gente vai entender a importância real para o Ceará", disse.
Em
2016, lembrou Élcio, Camilo Santana instituiu no gabinete um grupo de
contingência e de tomada de decisão, que se reúne semanalmente - uma vez por
mês com o governador - para tomadas de decisões acompanhamento de todos os 184
municípios do Estado do Ceará, sob coordenação do próprio secretário, mas com a
presença de todos os representantes do setor de recursos hídricos do Estado.
"Se hoje não temos nenhum município em colapso absoluto de água, é graças
a esse trabalho que tem sido feito. Um trabalho que reúne milhares de
trabalhadores, servidores públicos que vêm se empenhando de forma fundamental",
finalizou.
Gestão hídrica
O
secretário de Recursos Hídricos do Estado do Ceará, Francisco Teixeira,
afirmou, durante o evento de apresentação do prognóstico, que o estabelecimento
de ações emergenciais e estruturantes deve continuar independente das
previsões, visto que não há garantias de que haverá melhoras significativas
dentro do quadro de seca apresentado no Estado há cinco anos.
"Nós temos nos preocupado, desde quando o
governador Camilo Santana assumiu o governo, em estabelecer ações emergenciais
no caráter da celeridade para implantação, mas que fossem ações estruturantes.
Vamos continuar com a implementação de ações tanto de gestão da oferta e da
demanda, como de ampliação da infraestrutura hídrica para buscar novas fontes,
e é lógico, acelerar essas ações. O Governo do Estado tem feito todos os
esforços para viabilizar essas ações", disse.
Teixeira
expôs que é importante chamar a atenção de todas as instâncias no Estado para o
estado de emergência na gestão de recursos hídricos dos municípios cearenses,
como também facilitar os processos administrativos para desenvolver cada vez
mais melhores ações e assegurar economia de água e consumo mais inteligente
pela população. "São situações
essenciais para se conviver com essa seca", afirmou.
Sobre
a probabilidade de se ter um El Niño no próximo ano, o titular da pasta dos
Recursos Hídricos afirmou que é preciso, ocorrendo ou não o fenômeno em 2018,
haver um aprofundamento no desenvolvimento de mecanismos adequados para
garantir a segurança das fontes de água em todo o Estado. Teixeira lembrou que
hoje, na Região Metropolitana de Fortaleza, está sendo economizado algo próximo
a 2m³ por segundo, sem precisar de racionamento clássico, apenas com ações
voltadas ao Plano Estadual de Convivência com a Seca.
O
secretário afirmou que no final do mês será estudado junto à Funceme novas
alternativas, depois da concretização de novo prognóstico sobre a quadra
chuvosa. A exploração de mais águas subterrâneas, adutoras, poços, dentre
outras alternativas, devem ser amadurecidas, segundo ele. "O Castanhão está numa região de
probabilidade de ter chuva abaixo da média. Em compensação, o Maciço de
Baturité, que é uma área fundamental e que abastece a Região Metropolitana, está
ali na interface entre as duas áreas. Podemos ter um bom aporte na RMF. Assim
como o Orós, que está na bacia do Jaguaribe, pode ter um aporte mais
representativo do que o Castanhão, e o Banabuiú também. Então, o prognóstico da
Funceme é algo que temos de aprofundar melhor, cruzar com os dados das nossas
bacias hidrográficas e dos nossos reservatórios", exemplificou o
secretário.
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A probabilidade é de 40% para os meses de fevereiro, março e abril, apontou a Funceme. |
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