A
comissão especial que analisa o Plano Nacional de Educação na Câmara aprovou
nesta terça-feira (22) o texto principal do documento, deixando para esta quarta-feira
(23) a votação dos destaques. A maioria dos parlamentares presentes cedeu ao
lobby dos pastores-deputados Marco Feliciano (PSC-SP), Marcos Rogério (PDT-RO)
e Pastor Eurico (PSB-PE) e aceitou retirar a diretriz que propõe a superação
das desigualdades educacionais, “com
ênfase na promoção da igualdade racial, regional, de gênero e de orientação
sexual”, um dos pontos mais polêmicos do projeto.
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Falta decidir se Fies, Prouni e Pronatec serão financiados com 10% do PIB. Foto: Lúcio Bernardo JR/Câmara dos Deputados. |
Assim,
fica mantida a redação do Senado, que determina a “promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de
discriminação”. Parlamentares mais conservadores entendiam que a ênfase na
igualdade de gênero e orientação sexual permitiria a adoção de materiais
didáticos e atividades escolares que incentivassem a homossexualidade. Os mais
progressistas defendiam que o trecho busca promover o combate à homofobia e ao
preconceito contra as mulheres.
A
assessoria de imprensa de Feliciano havia informado, na última quinta-feira
(17), que o deputado não abriria mão de retirar do texto as questões de gênero,
raça e identidade sexual. O tema já fizera com que a votação fosse adiada por
duas vezes apenas neste mês. No último dia 8, Feliciano e Marcos Rogério apresentaram
requerimentos pedindo o adiamento da votação para “estudar melhor” a proposta
referente à promoção da igualdade.
“Nós reproduzimos aquilo que está na
Constituição Brasileira, mas com uma linguagem mais recente. O constituinte de
1988 não abordava o tema da identidade sexual como ela é abordada hoje. A
Constituição diz que deve-se promover o bem de todos sem discriminação de sexo,
de raça, de nenhuma natureza. E a educação brasileira tem de atacar, de forma
sistêmica, toda desigualdade”, resumiu o relator do PNE na comissão
especial, o deputado federal Angelo Vanhoni (PT-PR), em entrevista à RBA.
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Bolsonaro comemora após aprovação. Foto: José Cruz/Agência Brasil. |
A
diretriz sobre financiamento, outra polêmica do plano, será votada amanhã. No
texto principal, os deputados aprovaram 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para
a educação pública, contrariando a redação do Senado, que não especificava se o
montante seria para a educação pública, o que daria espaço para incluir aí as
instituições privadas, filantrópicas e comunitárias. Falta decidir se o
Programa de Financiamento Estudantil (Fies), Programa Universidade para Todos
(Prouni) e o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico (Pronatec) serão
contabilizados no montante.
“O plano não foi concebido, e conceitualmente
não está estruturado, para relegar as escolas filantrópicas, comunitárias e
particulares a um papel menor. Pelo contrário, garante a elas o papel
complementar ao sistema de ensino público. Mas a prioridade é a escola pública”,
afirmou Vanhoni.
O
Plano Nacional de Educação é um documento que estabelece metas para a área nos
próximos 10 anos. Foi elaborado a partir da Conferência Nacional de Educação,
realizada em abril de 2010, na qual diversas organizações da sociedade civil
levantaram propostas para melhorar a qualidade da educação brasileira.
O
texto principal aprovado mantém metas já acordadas entre parlamentares, como a
erradicação do analfabetismo, oferta de educação integral em metade das escolas
públicas, a formação de 60 mil mestres e 25 mil doutores por ano e a
equiparação do salários dos profissionais da educação básica com demais
profissionais de escolaridade equivalente.
Via Sul21
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