19 de outubro de 2025

Maioria dos estudantes da EEMTI Padre Luís Filgueiras se declara negro, aponta pesquisa

 

EEMTI Padre Luís Filgueiras. (FOTO | Professor Nicolau Neto).

Por Nicolau Neto, editor

O mês de novembro vem ai e com ele diversas reflexões devem ser feitas, principalmente em relação ao que as escolas das redes públicas e particulares do país vêm fazendo durante o ano para cumprir as leis 10.639 e 11.645, de 2003 e 2008, respectivamente. Essas legislações que alteraram a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996 (LDB/96), fazem menção a obrigatoriedade do ensino da “História e Cultura Afro-Brasileira” e da “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena.”

Em 9 de janeiro deste ano a 10.639 completou 22 anos e em 10 de março a 11.645 fez 17 anos. Apesar de tanto tempo a Educação para as Relações Étnico-Raciais (ERER) ainda é um objetivo a ser alcançado e um desafio difícil, porém, necessário a ser enfrentado e superado. É o que revelou, por exemplo, pesquisa de 2022 do Instituto Alana e Geledés Instituto da Mulher Negra, que contatou que as leis em análise não são cumpridas em 71% dos municípios.

Pesquisa autodeclaratória na EEMTI Padre Luís Filgueiras, em Nova Olinda-CE

Como uma das várias ações educativas visando o ensino-aprendizagem da história e a cultura de africanos, afro-brasileiros e indígenas de forma positivada, apresento neste espaço pelo terceiro ano consecutivo dados do perfil étnico-racial dos estudantes da EEMTI Padre Luís Filgueiras, uma das duas instituições da rede pública estadual do Ceará localizada no município de Nova Olinda, na região do cariri cearense. Em 3 de julho, quando da passagem do Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial, divulguei aqui os números parciais. Nada foi alterado até hoje. Os números foram levantados a partir de um questionário feito no Google Forms, aplicativo do Google.

Pesquisa autodeclaratória na EEMTI Padre Luís Filgueras. (FOTO | Reprodução | Google Forms).

O questionário tem como base os critérios utilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) e pelo Estatuto da Igualdade Racial quanto a cor ou raça e foi encaminhado nos grupos de WhatsApp de cada uma das 12 turmas, não levando em consideração aqueles/as que estão matriculados/as no período noturno.

A pesquisa feita por este blogueiro e professor e constatou que a parcela de estudantes que se autodeclara preto atingiu 13,8%. O grupo que se reconhece como pardo, no entanto, é maioria, com 58,6%. É importante mencionar que tanto para o IBGE quanto para o Estatuto da Igualdade Racial, a população negra no Brasil é definida pela somatória de pardos e pretos. Assim, negros na EEMTI Padre Luís Filgueira representam 72,4%.

Em relação aos indígenas, foi constatado que apenas 1,4% se identificam como tal; o mesmo percentual para aquelas que se reconhecem como amarelos; Em que pese a cor branca, os números chegaram a 24,8%.

Comparação em relação a 2023 e 2024

Em 2025, estudantes negros sofreram leve queda em relação a 2023 e ao ano passado. Em 23, negros eram 76,5% e 75,3 em 24. Quando comparado somente os números de estudantes pretos nestas três pesquisas, é possível perceber que houve oscilação para mais e para menos. Em 2023, 14,7% se percebe como preto; no ano seguinte, houve um aumento de 1,3 fazendo com que este grupo atingisse 16%. Já este ano, houve uma queda de 2.2%. O mesmo caso foi verificado com os estudantes que se audeclararam indígenas. Em 2023 eram 1,8%; no ano seguinte subiu para 2,7% e este ano houve uma queda ao atingir 1,4%.

O caminho inverso foi verificado nos estudantes que se autoindentificaram como brancos. Na primeira pesquisa esse grupo atingiu 21,5%; Em 2024 houve uma leve queda (20,6%) e este ano houve um aumento de 4,2 chegando aos 24,8%. Já aquelas e aqueles que se autodeclaram amarelos, houve uma estagnação em relação aos dois últimos levantamentos. 1,4% em 2024 e em 2025. Na primeira pesquisa foram apenas 0,3%.

Números nacionais

É importante destacar que os números obtidos na escola se aproximam dos nacionais colhidos pelo IBGE. Segundo este instituto, a população negra no país é maioria. Pelos dados de 2022, 45,3% da população do país se declararam parda; 43,5% se declarara branca, 10,2%, preta, 0,8% indígena e 0,4% amarela. Na somatória de pardos e pretos, 55,5% são negros.

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