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Rosto de uma mulher negra escravizada, restaurado pelo projeto "Fragmentos de memória." (FOTO | Divulgação | FPC). |
O Arquivo Público do Estado da Bahia (APEB), vinculado à Fundação Pedro Calmon (FPC), lançou o projeto “Fragmentos de Memória”, que integra o programa Resgate Ancestral. A iniciativa tem como objetivo reconstruir, por meio de inteligência artificial, rostos de pessoas escravizadas e libertas registradas em documentos da Bahia Colonial e Imperial.
A proposta parte da digitalização de fontes primárias como passaportes, cartas de alforria, livros de notas e inventários. Em seguida, as informações passam por transcrição paleográfica e interpretação textual. A partir daí, um levantamento iconográfico reúne referências visuais históricas para compor os retratos finais. Entre os acervos usados como base, estão obras de Jean Baptiste Debret, fotografias de Marc Ferrez, gravuras, álbuns de viajantes e imagens de acervos privados.
Segundo o diretor do APEB, Jorge X, o projeto representa uma tentativa de resgatar a dignidade de vidas invisibilizadas. “Este projeto transforma documentos frios em rostos cheios de histórias. É um ato de justiça simbólica”, afirma em comunicado à imprensa.
O projeto está em fase de coleta e organização de recursos visuais. Fotografias, gravuras e litografias passam por restauração digital para alimentar os modelos de inteligência artificial que gerarão os retratos. As imagens produzidas também serão restauradas digitalmente.
A equipe prevê, entre julho e setembro de 2025, a ampliação do banco de dados visual e a realização das primeiras rodadas de geração em escala. Em outubro, o projeto entrará em fase de curadoria colaborativa, com ajustes finos dos prompts (comandos) usados pela inteligência artificial. O lançamento oficial dos resultados de “Fragmentos de Memória” está previsto para novembro, como parte das comemorações do Novembro Negro.
Parcerias para construção coletiva
A execução do projeto envolve diversas parcerias. A transcrição paleográfica dos documentos históricos é coordenada pela Dra. Vanilda Salignac de Sousa Mazzoni, à frente do ateliê Memória & Arte. Outra contribuição relevante vem do guineense Geovane Gomes Có, conhecido como “Bombyeck“, da linhagem Djagra do povo Pepél, da Guiné-Bissau.
Bombyeck é formado em Letras e Literatura Brasileira, bacharel em Ciências Interdisciplinares Humanas e licenciando em Ciências Sociais pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB). Ele coordena o grupo de extensão Kabaz Garandi, voltado a ritmos de dança e música africana, e atua no Fórum dos Estudantes Guineenses em São Francisco do Conde. S
A iniciativa prevê ainda parcerias com o Arquivo Nacional e com o Arquivo Público do Estado de São Paulo.
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Com informações da Alma Preta Jornalismo.
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