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(FOTO | Reprodução). |
A Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, ato político-social que deverá reunir um milhão de mulheres negras em Brasília (DF), em 25 de novembro de 2025, vai contar com o maior apoio financeiro da história do Baobá – Fundo para Equidade Racial. A organização vai doar R$ 1,25 milhão (Um milhão, duzentos e cinquenta mil reais) para a mobilização, logística, articulação e engajamento de mulheres negras em todas as regiões do país, com atenção especial às mulheres quilombolas.
O
anúncio foi realizado no domingo (08/12) durante o Encontro Regional de
Mulheres Negras do Nordeste rumo à Marcha das Mulheres Negras por Reparação e
Bem Viver, que aconteceu em Recife (PE). Representando o Fundo Baobá, Caroline
Almeida, Gerente de Articulação Social, reafirmou o compromisso da organização
com a mobilização nacional.
Caroline
Almeida destacou: “Este apoio é resultado
do nosso compromisso com a luta das mulheres negras e com a construção de um
futuro mais justo e digno para todas as pessoas. Estamos articulando e
contribuindo com as diversas frentes envolvidas nesse processo, apoiando tanto
a mobilização local quanto a coordenação nacional, com um foco especial nas
mulheres quilombolas, que têm um papel central nesta caminhada. Este é um esforço
coletivo, com a confiança de que as mulheres negras terão voz ativa em cada
etapa do processo até a grande Marcha em 2025.”
O
aporte será dividido em três frentes: R$ 350 mil destinados ao Comitê Nacional
para apoio à presença das mulheres na marcha; R$ 25 mil para cada uma das 27
unidades federativas, destinados à mobilização e engajamento local; e R$ 225
mil direcionados exclusivamente às mulheres quilombolas.
Fernanda
Lopes, Diretora de Programas do Fundo Baobá, afirmou: “O apoio à 2ª Marcha Nacional de Mulheres Negras está diretamente
alinhado às prioridades do Fundo Baobá, que incluem o fortalecimento da memória
e da história da população negra, a promoção da geração de renda e o
enfrentamento ao racismo e sexismo. Investir nesse movimento é contribuir para
a reparação histórica e para o fortalecimento da democracia, promovendo o
bem-viver da população negra.”
Além
do apoio financeiro, o Fundo Baobá se dedicará a mobilizar outros atores da
sociedade civil, buscando ampliar o impacto da iniciativa.
Embora
sejam o grupo majoritário da população brasileira, respondendo por quase um
terço da população (28%), mulheres negras figuram os piores marcadores sociais.
De acordo com o último Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mulheres negras
permanecem sendo as maiores vítimas de feminicídio (63,9%) e de de estupro no
Brasil: 61,6% das vítimas têm até 13 anos e 52,2% são negras.
Apesar
desse cenário desafiador, as mulheres negras desempenham um papel fundamental
nas lutas por justiça social e direitos humanos, muitas vezes estando na linha
de frente de movimentos que enfrentam as violências do sistema carcerário, a
criminalização das populações negras e periféricas, e as violações de direitos
do Estado. Elas atuam em frentes como moradia digna, saúde, educação, e
segurança alimentar, além de defenderem os direitos territoriais de comunidades
quilombolas, indígenas e tradicionais, e o fortalecimento da memória da
população negra.
Sueli
Carneiro, presidente do Conselho Deliberativo do Fundo Baobá, destacou o papel
histórico da Marcha: “O Fundo Baobá foi
criado com a ambição de ser um vetor fundamental para o fortalecimento da
agenda racial no Brasil. Este apoio à Marcha das Mulheres Negras por Reparação
e Bem Viver reflete nosso compromisso em tornar essa causa uma realidade
concreta, reafirmando a necessidade da presença efetiva das mulheres negras nas
decisões políticas e sociais. Investir nesse movimento é, para nós, uma ação
estratégica rumo à justiça social.”
Sobre o Fundo Baobá
O
Baobá – Fundo para Equidade Racial é o maior fundo dedicado, exclusivamente, à
promoção da equidade racial para a população negra no Brasil. Criado em 2011, o
Baobá mobiliza pessoas e recursos, no Brasil e no exterior, para apoiar
projetos, iniciativas e ações de enfrentamento ao racismo, promoção da justiça
social e da equidade racial para a população negra. Até 2024, o Baobá investiu
mais de R$ 21,8 milhões em 940 iniciativas e ações ao longo dessa jornada. Já
são mais de 800 mil pessoas impactadas, com investimentos nas cinco regiões do
país.
Sobre a Marcha
A
primeira edição da Marcha das Mulheres Negras ocorreu em 2015 e reuniu 100 mil
mulheres em Brasília. Ela resultou de um processo de articulação de quatro
anos, iniciado em 2011, com mobilizações em vários estados do Brasil e a
criação de comitês estaduais e municipais para organizar as ações, bem como
coordenar a elaboração de cartas de apoio à marcha em todo o país. Esse
processo contribuiu para a construção de uma identidade política da mulher
negra, ampliando a participação política de lideranças femininas negras e
fortalecendo tanto organizações existentes quanto o surgimento de novas.
Outro
legado da primeira marcha é a Carta das Mulheres Negras. O documento, que foi
entregue à presidência da república e à sociedade brasileira, apresenta dados
de desigualdade e propostas para construção de um novo pacto civilizatório,
baseado no Bem Viver. As recomendações incidem sobre diferentes áreas, como
direito à cidade, segurança pública, justiça ambiental, direito à seguridade
social, educação, cultura, justiça, entre outras agendas. Desde então, as
mulheres negras seguem “em marcha” e articuladas, reiterando sua luta por
justiça e reparação em diversas frentes.
Desta
vez, o que se espera é um número 10 vezes maior, com 1 milhão de mulheres
ocupando as ruas da capital federal para reforçar seu protagonismo histórico na
luta contra o racismo e reafirmar o enfrentamento contínuo ao genocídio da
população negra, ao feminicídio e à negação dos direitos fundamentais dos povos
e comunidades tradicionais, fortalecendo redes locais, nacionais e
internacionais de articulação feminista e antirracista.
A
Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver conta com 11 organizações
de mulheres negras em seu Comitê Nacional e defende dois pilares centrais: o
Bem Viver e a Reparação Histórica. O conceito de Bem Viver propõe uma sociedade
baseada na justiça social, igualdade e cuidado coletivo, priorizando o bem
comum em vez do individual. Também valoriza a diversidade cultural, a autonomia
das comunidades e uma gestão descentralizada, além de promover valores que
orientam o bem-estar compartilhado. Já a Reparação Histórica busca a reparação
pelos danos causados pela escravidão e o colonialismo, com foco na restituição
dos direitos ao corpo, à cultura, à terra, e à autonomia dos povos negros e
indígenas.
____
Com informações do Geledés.
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