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A jornalista baiana Midiã Noelle. (FOTO | Divulgação). |
“Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela”, diz a célebre frase da intelectual afro-americana Angela Davis. E assim foi com a jornalista baiana Midiã Noelle. Aos 36 anos, a profissional tem construído uma carreira revolucionária no campo da comunicação afro-brasileira.
Parte
dessa atuação impactante pode ser conferida no “Plano de Comunicação pela
Igualdade Racial”. A especialista foi a organizadora do documento histórico e
inédito, que será lançado pelo Ministério da Igualdade Racial e pela Secretaria
de Comunicação da Presidência da República.
Pensado
e elaborado por meio de decreto do presidente Lula (PT), o Plano de Comunicação
tem como objetivo implementar ações para promover a igualdade racial na
comunicação dos órgãos e entidades da administração pública federal.
Após
passar por uma seleção com 140 candidatos, a mestre em Cultura e Sociedade pela
Universidade Federal da Bahia (UFBA), nascida no bairro da Liberdade, em
Salvador, foi contratada por uma agência do Sistema Nações Unidas com o
objetivo de sistematizar e organizar, durante dez meses, o material, que foi
elaborado em torno dos princípios de enfrentamento ao racismo, incentivo à
diversidade étnico-racial nas políticas de comunicação governamentais e direito
à igualdade e não discriminação.
“O Plano de Comunicação pela Igualdade Racial
é um documento inédito, algo que nunca aconteceu no Brasil, e que muda
totalmente a forma de posicionamento, de formação e de qualificação também dos
funcionários da Administração Pública Federal. Participar da elaboração desse
plano enquanto ativista e jornalista foi uma honra, pois é um momento histórico
para a comunicação”, comenta Midiã Noelle.
Resposta à sua ancestralidade
A
trajetória profissional de Midiã inclui passagens por inúmeras agências da ONU
e organizações da sociedade civil, além de ter sido repórter, editora e
colunista do Jornal Correio. A jornalista também foi líder acelerada pelo
programa Marielles, do Fundo Baobá, por Equidade Racial e reconhecida pelo
prêmio Powerlist 100, da Bantumen, como uma das 100 pessoas negras mais influentes
dos países da lusofonia.
A
profissional, que em março lançará o seu primeiro livro, intitulado “Comunicação
Antirracista”, pela editora Planeta, já passou por muitas situações de
violência racial, assim como boa parte da população afro-brasileira.
Por
isso, para ela, enquanto jornalista, que vem do campo feminista negro, poder
trazer a sua história e bagagem é uma resposta à sua ancestralidade.
“É um legado que se inicia muito antes da
minha existência. Fico feliz, porque no meu passado, enquanto estudante de
jornalismo, passei por várias situações de racismo e acabava não me enxergando
capaz de ocupar espaço de TV, por exemplo”, aponta.
“Com o tempo, com o avanço da pauta racial,
consegui compreender que era o racismo a minha barreira. E enfrentar isso, a
partir desse trabalho fantástico, é um respeito também à memória do meu pai,
que foi cinegrafista e fotógrafo, da minha mãe, das minhas tias e de todas as
mulheres negras que abriram o meu caminho na comunicação”.
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Com informações da Alma Preta Jornalismo.
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