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(FOTO |Reprodução | poder 360). |
Por Alexandre Lucas, Colunista
A
representação parlamentar, ainda, continua sendo estranha a diversidade e
pluralidade do nosso povo. As eleições de 2018, atestam um perfil que vem se
reproduzindo historicamente nas câmaras municipais, assembleias legislativas,
Câmara Federal e Senado , que é de exclusão das vozes oriundas de uma
perspectiva emancipatória para a classe trabalhadora. A Câmara Federal reflete
essa realidade, dos 513 deputados eleitos, em 2018, 107 deputados são
empresários, 78 advogados, 34 médicos, 16 pastores, 30 professores, 24
administradores, 21 engenheiros, 19 agropecuaristas, 11 economistas, 9
bacharel em direito, 8 delegados de polícia, 7 militares, 6 estudantes,
6 bancários, dentre outras profissões. 75% dos eleitos são brancos, 20,27% se
declaram pardos, apenas 4,09% são pretos, 0,88% amarelos e 0,19% indígena. 436 são homens e 77 são
mulheres. Desses, 240 dos eleitos têm acima de 50 anos.
Essa
caracterização sintetiza, reflete as relações de poder e aponta a classe
dominante que decide os rumos do país, que é predominantemente representada por
homens brancos e por um conservadorismo geracional.
Se
considerarmos a bancada ligada à esquerda e o campo democrático composta pelo
PT, PSB, PDT, PSOL, PV, REDE e PCdoB somaram em 2018, apenas 138
parlamentares. O que demonstra a
necessidade de ganhar musculatura política e alinhamento com os movimentos
sociais.
Entretanto,
as condições objetivas apresentam um cenário eleitoral decidido pelo poderio
econômico, ou seja, uma base eleitoral que é resultado da compra indireta e
direta de votos. Um exemplo clássico e legal da compra de votos na
contemporaneidade é a chamada
contratação de “ativistas”. Quanto maior é a capacidade de
contratação desses “ativistas” maior a
probabilidade de votos.
Neste
panorama é evidente que não são as “boas ideias” que trazem bons resultados,
mas o poder econômico que provoca a manutenção e o revezamento das elites do
dinheiro. Para se contrapor a essa
conjuntura é preciso ganhar capilaridade
e base social, identidade e articulação política ampla.
Precisamos falar para além dos nossos pares e caminhar lado-a-lado nas frentes de lutas. Faz-se necessário romper com o isolamento e com a guetização. A batalha eleitoral deve ser percebida como parte da luta política da classe trabalhadora, não é um fim, mas uma extensão do processo de acumulação de forças para o processo de transformação social.
É no
cotidiano da luta política, na dimensão e compreensão do local e global que nossa
força pode tomar outros contornos. Em momento algum podemos desprezar a
necessidade das condições materiais para constituir as nossas frentes de
confronto, tanto nos movimentos sociais como na disputa eleitoral.
É
preciso conciliar norte político para emancipação da classe trabalhadora e
tática que possibilite ocupação dos espaços políticos de poder como
instrumentos estratégicos para a democratização da sociedade e construção de
uma nova ordem política, econômica e social.
A
disputa eleitoral deste ano se dará numa atmosfera polarizada entre a esquerda
e a direita. A chamada terceira via é um
pavio curto que pode favorecer tanto a direita como a esquerda.
O
que está em jogo neste momento para a classe trabalhadora é a derrota de
Bolsonaro e do bolsonarismo. Além de destituir esse governo, temos um desafio
maior que é ampliar a presença da esquerda e do campo democrático nas
assembleias legislativas, governos estaduais, câmara e senado federal. Essa é
uma matemática espinhosa e de difícil resolução.
Dois
fatores apresentam um cenário desvantajoso para a esquerda e que devem estar no
centro das análises políticas, um que
vem se configurando nos resultados eleitorais da história do Brasil que é o
poderio econômico e o outro que é novo, a capilaridade popular da direita
capitaneada pelos movimentos neopentecostais do país. Elemento definidor e
impulsionador da vitória de Bolsonaro e do bolsonarismo nas eleições de 2018.
O tempo é curto, a situação não é favorável, a esquerda isolada e guetizada é um pré-anúncio de derrota. Amplitude é uma bandeira ultra necessária para o momento, por mais indesejável e desconfortável que seja, é o caminho para frear a marcha conservadora, reacionária e aniquiladora das conquistas da classe trabalhadora. A eleição se ganha com votos e não com discursos, essa é uma condição objetiva e isso exige ampliar as forças e dividir o campo oposto. Cuidemos para não cairmos no puritanismo ideológico ou no entusiasmo com a falsa ideia de mudança de lado da direita. Essas eleições devem fazer parte da luta dos movimentos sociais, devemos eleger as candidaturas comprometidas com um projeto de nação para classe trabalhadora.
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