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Léopold Sédar Senghor, filósofo e Presidente do Senegal / Foto: Divulgação - Reprodução - Revista Galileu. |
Embora
seja pouco estudada em outros países, a filosofia praticada nos países da
África é bastante rica e remonta à Antiguidade.
A
filosofia e cultura africanas recebem menos atenção do que merecem, mas têm
grande influência no pensamento ocidental. Ao longo da história, pensadores de
diferentes regiões da África contribuíram de maneira decisiva para a filosofia
grega, principalmente por meio do egípcio Plotino, um dos maiores responsáveis
por perpetuar a tradição acadêmica de Platão. Na filosofia cristã, o algeriano
Augustine de Hippo estabeleceu a noção do pecado original.
Segundo
o nigeriano K.C. Anyanwu, a filosofia africana é “aquela que se preocupa com a
forma como o povo africano do passado e do presente compreende o seu próprio
destino e o do mundo no qual vive”. Conheça alguns dos principais pensadores da
modernidade:
Léopold Sédar Senghor (Senegal)
Nascido
em 1906, Senghor estudou na Sorbonne, de Paris, e foi a primeira pessoa do
continente a completar uma licenciatura na universidade parisiense. Foi um dos
responsáveis por desenvolver o conceito de negritude e um movimento literário
que exaltava a identidade negra, lamentando o impacto que a cultura europeia
teve nas tradições do continente. Em 1960, o Senegal foi proclamado
independente muito graças ao apelo que Senghor dirigiu ao então presidente
francês, Charles de Gaulle. Ele foi então eleito presidente da nova república,
cargo que ocupou até 1980. Senghor morreu em 20 de dezembro de 2001, aos 95
anos, na França.
Henry Odera Oruka (Quênia)
Oruka
viveu entre 1944 e 1995 no Quênia e foi o principal responsável por distinguir
a filosofia africana em quatro grupos principais. A etnofilosofia, a abordagem
que trata a filosofia africana como um conjunto de crenças, valores e
pressupostos implícitos na linguagem, práticas e crenças da cultura africana. A
sagacidade filosófica, espécie de visão individualista da etnofilosofia,
consiste no registro das crenças dos sábios das comunidades africanas. A
filosofia ideológica nacionalista, uma forma de filosofia política. E a
filosofia profissional, que seria uma forma mais europeia de pensar, refletir e
raciocinar. Ele era do grupo que defendia a sagacidade filosófica, e nos anos
1970 iniciou um projeto para preservar o conhecimento dos sábios de comunidades
africanas tradicionais.
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O filósofo Henry Oruka / Foto: Divulgação. |
Cheikh Anta Diop (Senegal)
O
antropólogo e historiador senegalês que estudou as origens dos humanos e a cultura
da África pré-colonial é tido como um dos maiores pensadores africanos do
século 20. Foi um dos responsáveis por contestar a ideia de que a cultura
africana é baseada mais na emoção do que na lógica, mostrando que o Antigo
Egito estava inserido na cultura africana e deu grandes contribuições para a
ciência, arquitetura e filosofia. Ele viveu entre 1923 e 1986.
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Cheick Anta Diop / Foto: Divulgação. |
Ebiegberi Alagoa (Nigéria)
Entre
as teorias do professor da Universidade de Port Harcourt, nascido em 1933, é a
de que existe toda uma filosofia baseada
em provérbios tradicionais do Delta do Níger. O provérbio “o que um velho vê
sentado, o jovem não vê em pé”, por exemplo, serviria para mostrar como na
filosofia e cultura africana a idade é um fator crucial para a sabedoria.
Wole Soyinka (Nigéria)
Vencedor
do Nobel de Literatura de 1986, foi considerado um dos dramaturgos
contemporâneos mais refinados, com textos classificados como cheios de vida e
sentido de urgência. Suas obras costumam retratar a Nigéria contemporânea.
Soyinka nasceu em 1934 em uma tradicional cidade iorubá, uma das maiores etnias
do país.
Embora
sua família tenha se convertido ao cristianismo, ele se manteve fiel à visão de
mundo iorubá. Soyinka é um forte crítico de governos autoritários, que
incluíram o regime de Robert Mugabe no Zimbábue e, mais recentemente, e eleição
de Donald Trump nos Estados Unidos (ele possuía um visto permanente
norte-americano, mas o rejeitou após a eleição de Trump e voltou para a
Nigéria). Ele chegou a ser preso em 1967 durante a guerra civil nigeriana e
ficou em confinamento solitário por dois anos. (Com informações Revista Galileu).
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Soyinka / Foto: Wikimedia Commons. |
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