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Uma vez adquirida, brancos e negros precisam afirmar essa consciência. (Foto: Márcio Ferreira/Reprodução/Revista Trip). |
20 de novembro se fortaleceu como
data comemorativa e de luta no país
O
black power, que quer dizer “poder negro”,
turbantes de cores vivas, roupas no estilo africano, o orgulho da identidade
negra. Essa é uma das dimensões da consciência negra, como afirma o filósofo,
historiador e militante do movimento negro Marcos Cardoso. São ações e
reflexões de pessoas que passaram a se sentir parte da história do seu povo - o
povo negro e de descendência africana.
Mas
o reconhecimento e pertencimento não acontece para todos da mesma forma.
Segundo Marcos, existem dois aspectos que podem determinar esse processo: a
formação e a informação de cada indivíduo. Enquanto alguns possuem famílias
que, desde a infância, ensinam sobre a negritude, outros adquirem essa
consciência por meio da discriminação e preconceito por que passam.
“Ao se perguntar por que está sofrendo, a
pessoa começa a tomar consciência de si. A dimensão individual é construída em
processos de intenso sofrimento, sobretudo diante da humilhação, da negação da
sua humanidade no seu cotidiano. Isso força necessariamente a tomada da
consciência negra, da consciência política diante desse tipo de situação”,
explica Markim, como é conhecido. “A luta
por dignidade pessoal é política”, completa.
Afirmando a negritude
A
professora de literaturas africanas Íris Amâncio destaca a consciência negra em
outro patamar. Uma vez adquirida, ela precisa ser afirmada por toda a
sociedade, brancos e negros, através de atitudes antirracistas. Isso
significaria realizar uma reeducação do imaginário da sociedade.
A
estratégia é, segundo a professora, colocar em prática ações que ela chama de “discriminações positivas”, que significa
“utilizar os critérios do racismo para
combater o próprio racismo”. Como no Brasil dois dos maiores fatores de
discriminação racial são a fisionomia e a cor da pele, Iris defende que eles
podem ser usados ao contrário: que pessoas com fisionomia afrodescendente e
pele escura tenham portas abertas em empregos, escolas, concursos, como
acontece com as cotas. Assim como passem a ter uma imagem positiva na mídia.
20 de novembro: Dia de Zumbi
O
dia nacional da consciência negra, 20 de novembro, relembra a morte de Zumbi
dos Palmares, último líder do quilombo dos Palmares, assassinado em 1695. Há
décadas o mês de novembro tem se tornado referência para atividades que afirmam
a negritude. Para Markim Cardoso, significa também a valorização de um dos mais
importantes líderes da América Latina, que traz consigo a consciência da luta
pelo seu coletivo.
O movimento que não quis homenagear a
princesa
A
consciência negra não foi sempre marcada assim. No livro “Educação e Ações Afirmativas” o historiador Oliveira Silveira conta
como os negros e negras mudaram a data de lembrança da libertação. Antes, ela
era celebrada oficialmente em 13 de maio, dia da assinatura da abolição da escravatura
pela princesa Izabel.
“A homenagem a Palmares em 20 de novembro de
1971 foi o primeiro ato evocativo dessa data que, sete anos mais tarde,
passaria a ser referida como dia nacional da consciência negra”, escreve
Oliveira. O Grupo Palmares, do Rio Grande do Sul, organizou atividades ano a
ano até que, em 1978, o Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial
(MNUCDR) escreve um manifesto declarando a data como dia nacional da
consciência negra. O governo federal brasileiro somente veio a oficializá-la em
2011, com a lei 12.519. (Com informações do Brasil de Fato).
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