A
educadora social Aline Lopes, 30 anos, ficou revoltada com um exercício que
veio no livro do filho de 3 anos ao qual classificou como racista. A tarefa é
para ligar três pessoas a três profissões, e a resposta certa era um jovem
negro segurando uma vassoura associado à limpeza de um corredor escolar. A
criança estuda em uma escola particular do Recife, que informou que não
suspenderá o material didático, mas fará atividade pedagógica sobre o assunto.
A editora pernambucana Formando Cidadãos, responsável pela publicação, disse em
nota que "situação estará resolvida"
na edição de 2018.
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Na imagem constata-se um exercício de cunho racista ao associar o menino negro com o serviço de limpeza de um corredor escolar. Foto: Mídia Ninja. |
Do FolhaPE - Aline conta que a escola
passou o exercício, localizado na página 32 do livro "Natureza e Sociedade 3 anos", no último dia 26 de maio. A mãe
foi ajudar o filho na resolução da tarefa no dia 28 e, indignada, postou o caso
no Facebook no mesmo dia, com a legenda "Tarefa de casa de x (nome do filho), 3 anos de idade. Encontre o erro."
A foto recebeu quase 400 comentários, sendo a maioria de apoio a educadora
social.
A
indignação de Aline tem um histórico. O mesmo livro trouxe, na página 16, um
exercício onde há duas mesas, uma com uma família de negros tristes e outra com
família de pele mais clara sorrindo. A tarefa foi passada pela escola no dia 17
de março. "Porque o professor não
pode ser o negro? Porque a família feliz não pode ser a negra? As editoras
ainda não levam em consideração essa questão de raça, só reforça estereótipos
negativos e mostra a falta da representatividade negra positiva. Algumas
pessoas me chamaram de racista no post. Eu acho que não tem problema nenhum ser
negro e faxineiro, o problema é que é sempre assim", explicou.
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Pela imagem percebe-se que a editora induz os (as) alunos (as) a pensam que família feliz é tão somente a abranca. Foto: Mídia Ninja. |
A
educadora social vai além para explicar a revolta. Ela se considera branca e
tem o menino de 3 anos e uma menina de 5, ambos de pai negro. O casal nasceu
com uma pele que ela diz ser "negra
mais clara". A educadora afirma que já teve problemas em relação à
raça da garota em outra escola, o que a levou trocar de unidade de ensino este
ano. "Imagina que minha filha ia com um black power para a [antiga] escola
e muitas vezes vinha para casa com cabelo preso, porque a 'tia' prendeu, mesmo
sem ela pedir. Ela já chorou pedindo para alisar o cabelo, porque achava o meu
liso mais bonito", contou.
"Então, isso não é o tipo de coisa
[depreciativa] que eu quero ver nas tarefas dos meus filhos. Eu tento educar
eles de uma forma a respeitar as diferenças, entender a sociedade que a gente
vive. Eu quero que eles entendam que podem ser e podem ocupar o lugar que
quiserem", complementou.
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Aline usou as redes sociais para denunciar o casa de racismo. |
Aline,
que também estuda licenciatura, procurou a direção da escola que, segundo ela,
decidiu não suspender o uso do livro por considerar os dois exercícios casos
isolados na totalidade do material didático. A unidade de ensino, ainda de
acordo com a mãe, garantiu que fará uma atividade pedagógica sobre o assunto.
Em
entrevista ao portal FolhaPE, o gerente administrativo da editora Formando
Cidadãos, Paulo André Leite, disse que ficou surpreso com a reclamação, pois o
livro, que faz parte de uma coleção com mais de 12 mil páginas, é usado por
escolas de todo Brasil há quatro anos e não registrou queixa semelhante.
Em
nota, a Editora afirmou que: "repudia
qualquer tipo de intolerância e preconceito e ressalta que todo o seu material
é bem representativo quanto às etnias. Entendemos ainda que o fato ocorrido no
livro de Natureza e Sociedade 3 anos, nas páginas 16 e 32, é um tema importante
e por este motivo dedicamos nossos esforços para elucidar o caso e na próxima
edição, para 2018, essa situação estará resolvida."
Gostaria de saber quem editou e distribuiu esse material. Ha quem diga que eh do Mec.
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