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(FOTO | Sumaia Vilela / Agência Brasil). |
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Mãe de uma das professoras feridas deixa a escola após o crime – Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil. |
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(FOTO | Reprodução). |
Por
causa dos cabelos crespos, a estudante Eloah Monique Tavares, 13 anos, foi
impedida de entrar na escola militarizada onde estuda, por um funcionário
também negro e militar reformado. O episódio aconteceu no Colégio Municipal
Doutor João Paim, em São Sebastião do Passé, na Região Metropolitana de
Salvador, no dia 21 de março, e está sendo acompanhado pela Defensoria Pública
do Estado da Bahia (DPE-BA). A unidade de ensino e as demais do gênero na Bahia
poderão agora ser obrigadas a rever as regras de ingresso nos estabelecimentos.
A família da estudante registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil e,
segundo o advogado da mesma, ações nas áreas criminal e cível já estão em
andamento. O episódio gerou uma série de denúncias do mesmo teor, que também serão
apuradas.
Segundo
Eloah, que cursa a 7º ano do ensino fundamental, a cena protagonizada por ela
aconteceu na porta da escola e foi testemunhada por outros estudantes e pais de
alunos, que nada fizeram, se limitando a acompanhar tudo em silêncio. “Quando
cheguei na entrada do colégio, o inspetor falou que meu cabelo estava muito
‘inchado’ e que eu não estava adequada para assistir as aulas”, disse a estudante ao Correio.
Segundo
ela, mesmo argumentando que morava longe, o inspetor de ensino insistiu nas
ofensas. “Ele disse que eu precisava
alisar o meu cabelo porque estava fora dos padrões. Quando fui embora,
chorando, bastante estressada, e já atravessando a rua, ele começou a gritar
comigo, dizendo que se eu não me adequasse, minha mãe teria que pedir minha
transferência para outro colégio”.
Regras
O
motivo da polêmica, segundo a estudante, foi a falta de “redinha” de prender o cabelo, acessório obrigatório para os estudantes,
segundo o regulamento. “Eu sempre
usei essa redinha, tenho consciência das regras, mas perdi a minha e avisei que
isso tinha acontecido. Fui duas vezes pra aula sem essa rede para o cabelo e só
na terceira aconteceu esse problema todo.”
Monique
considera que foi vítima de racismo e afirma que vai continuar frequentando a
mesma escola. “Eu e minha mãe decidimos
isso. Sei que não é o colégio que faz as regras, mas o regime militar.
Infelizmente, fui vítima de racismo sim. O jeito que o inspetor falou comigo
foi muito agressivo, muito ofensivo”, lamenta.
A
vigilante Jaciara Tavares, 31, mãe de Eloah, também considera que a filha foi
alvo de “preconceito rasgado”. Ela
admite que a única falha da filha foi não usar a rede que cobre o coque, mas
argumenta que nada justificaria a não aceitação de cabelo crespo, “que é naturalmente mais volumoso, mesmo
quando preso”. “Proibir o estudante
de ter acesso à escola só porque ele tem cabelo duro é indignante,
constrangedor. Eu e minha filha nunca passamos por situação parecida antes,
pelo menos dessa forma , tão descarada”, lamenta. A possibilidade de mudar
a filha de escola, segundo ela, chegou a ser cogitada, mas ambas chegaram ao
consenso de que Eloah é, agora, “porta-voz
de todas as meninas negras”.
Tortura
Para
o advogado da família, Marcos Alan Hora, trata-se de indiscutível prática de
racismo. “É crime emblemático impedir o
acesso de um estudante a qualquer estabelecimento de ensino, sobretudo público,
simplesmente por causa de seu cabelo e, principalmente, quando a vítima é menor
de idade”, disse.
De
acordo com Horta, a conduta do policial reformado que trabalha na escola é
respaldada por uma decisão interna da instituição e que, por isso, cabe um
termo de ajuste de conduta (TAC) para alterar ou eliminar as regras vigentes. “Esperamos que essas regras, pelo menos,
mudem. O próprio movimento negro da Bahia está atuando para que isso ocorra, e
que o fato seja devidamente apurado e reparado. É degradante julgar uma pessoa
por sua origem genética no afã de atender a uma norma ou formalidade. Além de
racismo, é uma prática de tortura”, assevera.
Ele
afirma que na esfera cível cabe indenização por danos moral e material e, na
criminal, o autor do delito deverá responder por prática de racismo. E cita o
artigo 6º da Lei 7.716, que estabelece que a recusa, negação ou impedimento a
inscrição ou ingresso de aluno em estabelecimento de ensino público ou privado
de qualquer grau prevê reclusão de três a cinco anos e que a pena pode ser
agravada se o crime for cometido contra menor de idade.
“O combate ao racismo começa com a denúncia.
Trata-se de uma prática executada no dia a dia de forma natural. É um
sentimento malévolo, degradante para uma pessoa negra, experimentar esse tipo
de violência. Por isso, é imprescindível denunciar, buscar punição para os
agressores”, defende Hora.
Injúria
A Defensoria Pública do Estado da Bahia (DPE-BA) etá acompanhando o processo. A defensora Eva Rodrigues engrossa o coro dos que consideram o caso como racismo, e solicitou à escola esclarecimentos sobre a conduta do funcionário. A DPE-BA instituiu neste ano o selo “escola antirracista” e também lançou um livro com histórias e orientações voltadas aos pais, além de indicar publicações correlatas, visando diminuir as práticas racistas nas escolas.
“Infelizmente, crianças e adolescentes negros
sofrem racismo de maneira cotidiana, das mais diversas formas, também no
ambiente escolar. Essa que a aconteceu São Sebastião do Passé é uma situação,
muito provavelmente, de injúria racial”, declarou a defensora Larissa
Rocha.
A
escola informou que no momento da matrícula os estudantes, pais ou responsáveis
são orientados sobre as normas disciplinares da instituição, e a eles são
fornecidas cartilhas e cópias do regimento interno. Alegou aina que o colégio
segue o “regimento padrão do ensino
militar”, que inclui regras disciplinares e normas sobre vestimentas,
penteados, cortes de cabelo, fardamento, uso de calçados e outros itens. Além
disso, informou que, por três dias consecutivos, Eloah foi alertada sobre o
penteado indevido, e que lhe foi dado um prazo para que ela procedesse os
devidos ajustes.
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Com informações do Correio Braziliense e do Geledés.
Garoto é vítima de racismo na escola(FOTO/ Getty Images). |
Um
garoto de 14 anos foi alvo de ataques racistas pelos próprios colegas de
classe, em uma escola de Belo Horizonte. As mensagens dos alunos em um grupo de
WhatsApp chegaram a citar conteúdos como "saudades de quando preto era
escravo". O caso aconteceu com alunos do Colégio Cristão Ver, na região
noroeste de Belo Horizonte, nessa semana.
Ao
Uol, o pai contou que o grupo foi criado pelos próprios alunos da escola para
estudarem conteúdo de uma prova que seria aplicada. Segundo ele, logo depois de
criado, seu filho começou a ser excluído e isolado das conversas. O garoto
decidiu sair do grupo e, logo em seguida, começaram os ataques racistas.
"Que bom que o 'neguin' não tá, já não aguentava mais preto naquele
grupo", disse um dos alunos. Outro disse "nem sabia que preto
estudava". Em determinado momento, um aluno em questão disse que "nem
sabia que preto podia ter celular" e "sdds [saudades] de quando preto
só era escravo", sendo respondido com "e sempre trabalhava".
O
garoto, vítima de ataques racistas, recebeu os prints de um colega que viu as
mensagens e o alertou. Logo em seguida o menino contou para o pai. "Eu
fiquei estarrecido, o dia acabou para mim", contou o pai, que, ao procurar
a escola, disse que eles se solidarizaram e marcaram uma reunião. "Pensei
que seria apenas eu, só que os pais dos outros alunos também estavam",
disse. Ele relatou que alguns dos pais presentes na reunião tentaram minimizar
o caso de racismo.
"Eles
se desculparam, mas o leite já foi derramado", disse o pai. Segundo ele, o
garoto está com sintomas de depressão. "Eles bateram muito forte não só na
minha família, mas no meu filho também. Hoje [ele] não foi disputar um
campeonato, não sai de casa e não está comendo", relata.
O
pai da criança que sofreu racismo informou ao Uol que procurou a Delegacia da
Criança e do Adolescente. Ele foi orientado a comparecer em outra unidade da
Polícia Civil, junto com seu filho, nesta segunda-feira, 20, para registrar o
Boletim de Ocorrência. O portal Uol tentou entrar em contato com o colégio,
porém não localizou nenhum representante ou a direção da instituição para
comentar sobre o caso.
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Com informações do Uol e do O Povo.
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Na imagem constata-se um exercício de cunho racista ao associar o menino negro com o serviço de limpeza de um corredor escolar. Foto: Mídia Ninja. |
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Pela imagem percebe-se que a editora induz os (as) alunos (as) a pensam que família feliz é tão somente a abranca. Foto: Mídia Ninja. |
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Aline usou as redes sociais para denunciar o casa de racismo. |