Marie
Curie, Bertha Lutz, Rosalind Franklin e Hipácia de Alexandria foram cientistas
que, por serem mulheres, tiveram de enfrentar preconceito, discriminação e
intolerância para conseguirem deixar seu legado para a humanidade. Este é o
tema da peça Insubmissas – Mulheres na Ciência, que fica em cartaz até 1° de
março no Teatro de Arena Eugênio Kusnet, na capital paulista.
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Espetáculo resgata a difícil história de quatro grandes cientistias que viveram em épocas e lugares diferentes. |
Com
direção e cenário de Carlos Palma e texto de Oswaldo Mendes, o espetáculo
resgata a história dessas quatro mulheres que viveram em épocas e lugares
diferentes e foram responsáveis por importantes avanços científicos. A peça
mostra seus confrontos internos e os embates que tiveram de travar com a
sociedade. As atrizes Vera Kowalska, Selma Luchesi, Monika Ploguer e Adriana
Dham contracenam em meio a uma instalação de cordas, pedras e luzes que impõem
um delicado equilíbrio entre o tempo histórico e o tempo da representação.
"A proposta da cenografia vem solucionar o
principal problema que é a relação de tempo e espaço. Elas são de épocas e
lugares diferentes, consolidaram suas trajetórias registrando nas 'pedras' suas
indignações, nas pedras que simbolizam a sedimentação dos dramas que viveram.
Curiosamente, Hipácia foi morta a pedradas. Curie, pelos efeitos radioativos da
emanação vinda dos metais com os quais trabalhava e Rosalind Frankin na sua
busca pelo DNA, trabalhando com feixes de cristais. As quase 60 pedras
penduradas por cordas criam labirintos, instalando uma sensação de
aprisionamento onde elas tentam buscar uma saída", explica o diretor.
Carlos
Palma afirma que o teatro e as artes em geral são importantes ferramentas de
luta pela igualdade. "Eu diria que o texto do Oswaldo cumpre os objetivos
propostos pelo Arte Ciência: trazer histórias do mundo da ciência, seus
artífices – agora as mulheres cientistas –, seus percalços diante de um mundo
onde a ética e a responsabilidade científica são colocadas à prova diariamente.
Constatamos uma crescente mobilização por parte das mulheres reivindicando e
agindo na busca de espaços e igualdade com os homens, difícil tarefa, mas que a
arte, pelo teatro em especial, pode ser uma aliada importante neste tempo de
maior conscientização da sociedade."
Nesta
sexta-feira (27), a peça terá uma sessão inclusiva com o recurso de
audiodescrição produzido pela Iguale Comunicação de Acessibilidade. A entrada
será gratuita para as pessoas com deficiência visual. Nas sessões de
sextas-feiras, mulheres não pagam. Nesses casos, a retirada dos ingressos deve
ser feita com pelo menos uma hora de antecedência.
História
A
filósofa Hipácia é considerada a primeira mulher matemática documentada na
história, morta no ano 415 d. C. apedrejada por cristãos no Egito Romano.
Madame Curie, embora tenha recebido duas vezes o Prêmio Nobel, sofreu a ira
moralista da sociedade francesa por ter se envolvido com um homem casado. Já a
biofísica britânica Rosalind Franklin, mesmo tendo papel fundamental na
pesquisa do DNA, foi ignorada pelo Nobel, concedido a três cientistas homens. E
a bióloga Berta Lutz fundou, em 1919, a Federação Brasileira pelo Progresso
Feminino e fez da luta pelos direitos da mulher sua diretriz de vida.
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