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Centenário de Nelson Mandela. (Foto: Reprodução/ Blog Negro Belchior). |
Dia
18 de Julho é aniversário de Nelson Mandela. O grande ícone da luta
antirracista na África do Sul faria hoje 100 anos. Sua morte em 5 de dezembro de
2013 comoveu e mundo e seu exemplo em vida é uma verdadeira lição de
resistência e humanidade.
Como
reconhecimento de sua luta, a ONU instituiu ainda em 2009, a data de 18 de
Julho como o Dia Internacional Nelson Mandela – Pela liberdade, justiça e
democracia, uma homenagem à sua dedicação e seus serviços à humanidade, pela
mediação de conflitos, pelo combate ao racismo e pela promoção de direitos
humanos.
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Luiza Erundina, prefeita de São Paulo, recebe o líder Nelson Mandela em 1991. (Foto: Reprodução/Blog Negro Belchior). |
No
Brasil, Mandela foi abraçado pelo povo negro brasileiro, recebido por chefes de
Estado e acolhido em especial pela então prefeita de São Paulo, Luiza Erundina
(foto) e pelo inesquicivel governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola, que
levou Madiba a ser recebido por mais de 40 mil pessoas em plena Praça da
Apoteose.
Também
sobre sua passagem pelo Brasil, recupero o texto dos geniais Oswaldo Faustino e
Celso Fontana, publicada pela revista Raça em sua edição de número 181.
Em
tempos de continuidade barbárie racial mundo afora, seja nos conflitos super
noticiados a partir dos EUA e da xenofobia europeia, seja nos invisibilizados
massacres de negros em países africanos ou no Brasil, o fato é que a mensagem
de Madiba continua urgente e necessária.
Feliz
dia Internacional Nelson Mandela pra você também!
A passagem de Nelson Mandela pelo
Brasil
Por
Oswaldo Faustino e Celson Fontana
Após
sua libertação, em 1990, Mandela foi eleito presidente do Congresso Nacional
Africano (CNA), o partido das maiorias negras da África do Sul. Em posse desse
cargo e já em campanha para a presidência do país, nas eleições que
aconteceriam em 1994, ele desembarcou no Rio de Janeiro, em 1º de agosto de
1991, numa visita que durou seis dias e incluiu passagens por São Paulo e
Brasília. Uma das histórias mais marcantes da visita ao Brasil ocorreu durante
sua estadia na capital paulista, quando participou de uma sessão ordinária no
plenário maior do Palácio 9 de Julho (que tem o nome Juscelino Kubitscheck), no
dia 2 de agosto. A assembleia atraiu grande público nas galerias: eram
representantes de dezenas de entidades negras, populares e sindicais de todas
as regiões do Brasil.
Entre
os parlamentares presentes naquela sessão presidida por Carlos Apolinário,
estavam Teodosina Ribeiro – primeira mulher negra a exercer o mandato de
deputada estadual –, Luiza Erundina, a prefeita de São Paulo na época, e
destacaram-se o então deputado Jamil Murad, autor do projeto que criou o SOS
Racismo da Assembleia, e o vereador paulistano Vital Nolasco, autor do projeto
que concedeu o título de Cidadão Paulista a Nelson Mandela, ambos do Partido
Comunista do Brasil (PCdoB). “Enquanto Mandela esteve encarcerado, fizemos um
ato em São Paulo para apoiar sua libertação. Personalidades como João do Vale,
Beth Carvalho e Martinho da Vila participaram daquela manifestação, que foi a
nossa maneira de prestar solidariedade ao povo africano. Tempos depois, quando
soube que ele viria para o Brasil, resolvi lhe prestar a singela homenagem. O
grande estadista Mandela demonstrou-se extremamente simples, mas com grande
convicção de suas ideias. Além disso, o homem esbanjava felicidade”, recorda
Nolasco, hoje secretário de finanças do PCdoB. A deputada Célia Leão, do PSDB,
também fez discurso notório. Diversos parlamentares quiseram fazer uso da
palavra, mas Mandelaestava muito cansado, pois, na véspera, havia participado
de diversos eventos e homenagens no Rio de Janeiro, acompanhado pelo governador
Leonel Brizola.
Conforme
relata o autor Celso Fontana, em seu e-book “… E Mandela presidiu a Assembleia Paulista…”, obra que descreve as
homenagens ao grande líder sul-africano, “os
funcionários dos vários setores da Assembleia, em especial os envolvidos na
recepção e nos trabalhos de plenário, estavam visivelmente emocionados”. A
associação e o sindicato dos funcionários da Assembleia, Afalesp e Sinfalesp
(atual Sindalesp), apoiaram a homenagem. A Coordenadora do Quilombhoje
Literatura, Esmeralda Ribeiro, recebeu os cumprimentos em nome dos artistas que
se apresentaram durante o evento. Por fim, Mandela presidiu, simbolicamente, a
Assembleia Paulista. (Por Douglas
Belchior, em seu Blog).