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Escritora Fátima Teles. (FOTO/ Reprodução/ Facebook). |
Na época feudal as mulheres camponesas, em sua maioria, tinham um vasto conhecimento medicinal, pois se conectavam muito bem com a natureza. Elas sabiam manipular as ervas no que conhecemos hoje como medicina popular e eram chamadas de curandeiras.
A
mulher tinha a sua autonomia e inteligência reconhecida. Muitas eram também agricultoras.
Algumas eram artesãs e outras parteiras. Com a transição do Feudalismo para o Capitalismo,
os camponeses não mais se
orientavam pelo sol ou pela lua para deduzirem o tempo da produção. Eles
passaram a ser conduzidos pelo tempo do relógio, tornaram-se máquinas ou
passaram a ser vistos como tal e a serem orientados pelos minutos do medidor.
Os camponeses se transformaram em trabalhadores controlados pela máquina, pela
indústria e pelo Estado.
A condição da mulher piorou muito com essa
transição, uma vez que na época feudal ela tinha direito à terra, trabalhava
como agricultora, lavradora, parteira, curandeira e por isso mesmo detinha
poder sobre o seu corpo, gozava de autonomia. Com o advento do capitalismo, ela
ficou sem terra devido à privatização da mesma, precisando se deslocar para a
cidade, ficando à mercê dos direitos e à margem da sociedade. O Estado aproveitou-se da situação e
apropriou-se do corpo da mulher, colocando-o como uma máquina de reprodução da
mão de obra para o sistema. Dessa forma, o Estado e as Instituições religiosas
iniciaram um discurso de criminalização do controle reprodutivo.
Foi assim que nasceram a sociedade patriarcal,
a propriedade privada, a família e o capitalismo, numa ótica estrutural de
poder e dominação sobre as mulheres, causando uma cruel desigualdade.
Com o advento do capitalismo que instigou a
criação da propriedade privada e a família, surgiram as definições de papéis
dos gêneros na sociedade. Ao homem cabia o estudo, a pesquisa, o trabalho para
o sustento da família e a total liberdade. À mulher cabia o lar, os cuidados
com o marido, com a prole e administração da casa com os e as auxiliares de serviço.
Estudo? Nem pensar.
Quando as crianças iam nascendo, elas já tinham
a sua função social, como se fosse o seu segundo registro de nascimento. As
meninas usariam vestidos com meias e sapatos, além de fitas no cabelo. Seriam
bem comportadas, brincariam de bonecas e casinha. Na juventude casariam e
formariam uma família e dariam à luz outras crianças comportadas (se fossem
meninas). Os meninos usariam calções e camisas com suspensórios, meias e
sapatos. Brincariam com outros meninos escravos, fazendo-os de cavalos,
explorando as suas costas, subiriam em árvores, matariam passarinhos com suas
baladeiras. Mais tarde eles estudariam e casariam para continuar a reprodução
do patriarcado.
Nós atravessamos alguns séculos e aqui
estamos em pleno século XXI. Avançamos na ciência, na tecnologia, mas
continuamos atrasados na ética e moral. Construímos cartas, declarações,
constituições e lutamos pela liberdade. Porém, ela continua presa dentro de nós.
O sistema político reproduz as velhas práticas coloniais e influencia a cultura
dos povos. O mundo parece dividido em cores: para meninos e para meninas.
Antes mesmo de nascer a família, decora o
quarto da criança em cor azul se for menino e cor rosa se for menina. É como se
a cor determinasse o gênero ou a orientação sexual da criança. Quando o sexo da
criança não aparece, decora-se o quarto com uma cor neutra (para o gênero) como
o amarelo clarinho (já que o sujeito está oculto ou indeterminado).
COR NÃO DEFINE GÊNERO OU ORIENTAÇÃO SEXUAL.
COR É APENAS COR.
Ao menino tudo pode, até mesmo fazer xixi na
rua, para crescer e achar que pode colocar o pênis de fora e fazer o seu xixi
em esquina.
As prateleiras de lojas de variedades e
brinquedos estão recheadas de machismo inconsciente, resultado da reprodução
que vimos realizando ao longo dos séculos. A sessão de menina tem bonecas
(brancas) para incentivar o racismo, ainda que seja de forma inconsciente,
cozinha, panelinhas, conjunto de xícaras, bambolê, carros de boneca com a
boneca, eletrodomésticos infantis, bonecos para serem maridos das bonecas. Todos
os produtos convergem para o lar.
Na sessão de menino tem uma imensidão de
brinquedos: Quebra-cabeças, lego, dama, dominó, vai e vem, bola, xadrez, locomotivas,
motos, armas, espada, guitarra, violão, pandeiro, sanfona, avião, cavalo, monstros
e super heróis. Todos os produtos são um convite ao desenvolvimento do
raciocino lógico, da liberdade e até da guerra.
A violência doméstica perpassa pela dominação
de gênero. Nós precisamos falar sobre feminismo para a infância. Quando a
menina escolhe um carro para brincar, não quer dizer que ela quer ser menino,
mas talvez apenas uma aspiração de uma mulher independente economicamente e
autônoma. Quando o menino brinca de bambolê com outras meninas não quer dizer que
ele quer ser menina, mas talvez apenas goste da companhia das amigas e por isso
mesmo não veja a desigualdade na escolha do brincar.
LEMBRENOS SEMPRE QUE O PROBLEMA DO JULGAMENTO
É DO ADULTO, É NOSSO E NÃO DAS CRIANÇAS.
Os contos de fadas também precisam ser
dialogados e questionados. Há sempre um final feliz e percebam que a princesa
ou plebeia é sempre salva por um Príncipe que lhe dá uma nova vida cheia de
amor e luxo. Os contos de fadas condicionam a felicidade da mulher a um homem
que está sempre posto a lhe proteger e lhe salvar.
É necessário deixar claro para a menina que
quem poderá lhe proteger além de sua família é ela mesma quando crescer. É ela
que deverá estudar para ter a sua independência, liberdade, realizar os seus
sonhos, ser dona da sua própria vida e decidir quem vai poder entrar nela. E,
se não quiser casar e ter filhos não vai ter problema nenhum. Muitas mulheres,
inclusive cientistas, escolheram se dedicar à vida profissional. É natural.
Outra coisa bem interessante: Os meninos nunca leem os contos de fada. O sonho romântico de amor é uma construção para mulheres. Eles também deveriam ler, para treinarem ser bons companheiros ou esposos e não apenas bons filhos.
NÓS PRECISAMOS TRABALHAR OS PRÉ-CONCEITOS QUE
NÓS ENQUANTO SOCIEDADE CRIAMOS. TODOS OS BRINQUEDOS PODEM SER PARA OS GÊNEROS.
HÁ MULHERES AVIADORAS. TALVEZ TENHAM BRINCADO
DE AVIÃO OU APENAS DE BARBIE.
HÁ MULHERES QUE JOGAM FUTEBOL E SÃO HETEROSSEXUAIS.
HÁ HOMENS QUE COZINHAM, SÃO EXCLENETES CHEFS
E SÃO HETEROSSEXUAIS.
_______________________
Fátima Teles é poeta, escritora com cerca de 5 obras, professora formadora com atuação na Secretaria Municipal de Educação de Brejo Santo, membra da Academia de Letras do Brasil/Seccção Ceará, do Instituto Cultural do Cariri (ICC), do Instituto Cultural do Vale Caririense ICVC e da Academia Internacional da União Cultural e colunista do Blog.
Fonte:
file:///C:/Users/comtec/AppData/Local/Temp/25399-81636-1-PB.pdf
Livros para despertar a mulher e fortalecer
o feminismo
Lições
de Maria
http://www.premiuseditora.com.br/index.php?route=product/product&product_id=399
Lições
de Maria- Amazon
Lute
como uma princesa
Histórias de ninar para crianças
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Cientistas: 50 mulheres que mudaram o mundo
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