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Sede da Câmara Municipal de Altaneira. (FOTO/ Nicolau Neto). |
Por Nicolau Neto, editor-chefe
O Blog Negro Nicolau realizou junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por meio do Divulgacand, checagem relacionada aos registros de candidaturas femininas para à Câmara de Altaneira, na microrregião do cariri oeste cearense.
A
checagem cruzou os dados deste ano com o da eleição de 2016 e foi constatado
que mesmo com cotas, o número de mulheres concorrendo a uma das nove vagas no
legislativo altaneirense permaneceu o mesmo, oito. Mas se levar em consideração
o número total de concorrentes, o percentual caiu em relação a 2016. Na eleição
passada, foram registrados 24 nomes. Três a mais que este ano.
As
eleições deste ano vão ser a primeira a nível municipal em que haverá cotas
financeira para candidaturas femininas, fazendo com que as agremiações sejam
obrigadas a repassarem 30% dos recursos tanto do Fundo Partidário quanto Fundo
Eleitoral para as mulheres. Mesmo com essa prerrogativa, o número de
concorrentes em Altaneira não aumentou.
Esse
percentual ainda pode ser alterado, uma vez que a justiça eleitoral irá aprovar
ou não os registros e candidatas podem desistir.
Percentual exigido por lei
Quanto
ao percentual exigido por lei, o mínimo de 30% de candidaturas devem ser do
sexo feminino para as disputas aos cargos proporcionais, no caso municipal, de
vereadora.
Na eleição de 2016, a cota devia ser respeitada para as coligações de candidatos a câmara. Para esta eleição, como não há mais coligações, o percentual deve ser cumprido por cada partido. Por exemplo, se um partido tem dez candidatos a vereador, ao menos três devem ser mulheres.
O
Blog fez a checagem nos três partidos que lançaram nomes à Câmara Municipal e
todos cumpriram a legislação. O PT e PDT lançaram oito nomes. Deste, três são
mulheres. O percentual está um pouco acima do mínimo exigido por lei e
atingiram 37,5%. Já o PSD lançou três nomes e um é mulher. O percentual atingiu
33,3%. O Podemos vem com dois nomes e alcançou 50%.
Cor/Raça
O
Blog checou também o quesito “Cor/Raça” entres as candidaturas
femininas e constatou que a maioria se autodeclarou “Branca”. Não houve nenhuma
candidatura autodeclarada “Preta”.
O
número de candidaturas “brancas”
atingiu 50%. A de “pardas” atingiu
37,5%. Uma candidata não quis se autodeclarar (12,5%).
Tanto
para o IBGE quanto para o Estatuto da Igualdade Racial, a população negra é
definida pela soma de pretos e pardo. O número de pardos em Altaneira equivale
a 63,5% e pretos/as ficaram na casa dos 7,5%.
Uso do termo “Pardo”
A
utilização do termo “pardo” para se referir a “cor/raça”
não encontra consenso entre movimentos negros e demais pessoas que se propõem a
pesquisar o tema, visto que a discriminação contra os pretos é muito maior do
que a verificada entre as pessoas que se autodeclaram pardas. Apontam,
outrossim, não ser correto reunir pardos e pretos em um só grupo, de negros.
A União de Negros pela Igualdade (Unegro), organização de movimentos sociais criada na Bahia e presente em 24 Estados, defende que o mais adequado é usar o termo negro. Mesma posição deste editor. O termo pardo foi uma invenção brasileira de um dado período histórico com finalidades já bem conhecidas. No Brasil o primeiro censo foi feito ainda no período imperial (1872).
Em
um país que implementou a ideologia do “branqueamento”
da população para esconder o número de negros/as, fica mais que nítido que essa
prática ainda reina. A grande maioria das pessoas se utilizam desse termo
(pardo) para não se declararem negras.
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