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Texto aprovado torna o Fundem permanente e aumenta a participação da união. (FOTO/ Lucélia Muniz). |
A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (21) a permanência do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). Considerada uma derrota do governo Bolsonaro, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) amplia a complementação da União de 10% para 23%, gradualmente por seis anos, além de mudar a forma de distribuição de recursos aos estados e Distrito Federal.
Conforme
o relatório, de autoria da deputada Professora Dorinha Rezende (DEM-TO), os 10%
atuais seguem sob o mesmo formato de distribuição, com base no número de
estudantes matriculados na educação básica.
Dos
recursos extras aprovados, 2,5% vão para municípios que apresentem bons
resultados educacionais. Os outros 10,5% serão distribuídos conforme o gasto
municipal, o que beneficia cidades pobres em estados ricos. O texto prevê que
5% sejam, obrigatoriamente, destinados à educação infantil.
O
projeto também estabelece que, no mínimo, 70% dos recursos recebidos sejam
usados com salários de professores. É o contrário da linha que adotava o
governo, de estabelecer um teto de 85% para os vencimentos dos profissionais.
Caso vire lei, o novo fundo entra em vigor em janeiro de 2021, começando com 12% de complementação. Para que isso aconteça, é preciso que o Senado também aprove a PEC. Se houver alterações, o texto volta para a Câmara.
A
aprovação é uma derrota do governo que, embora ausente da discussão desde o ano
passado, tentou abocanhar metade da complementação para financiar um
“voucher-creche” no âmbito do Renda Brasil, um programa assistencial ainda a
ser criado para substituir o Bolsa Família.
Ao
se ver vencida, a equipe do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) cedeu e
fechou acordo com congressistas em troca de apoio para reformular o Renda
Brasil em outra votação. A negociação com membros do governo foi conduzida pelo
presidente da Câmara, Rodrigo Maia.
O que é o Fundeb?
O
Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) é o principal mecanismo de
financiamento da educação pública do país. Criado em 2007, a vigência do fundo
vence ao fim de 2020.
O
dinheiro é destinado aos 26 estados e Distrito Federal, para o pagamento de
professores e para manutenção e desenvolvimento da educação básica em todas as
etapas, com exceção do ensino superior – creche, pré-escola, ensinos
fundamental e médio, educação de jovens e adultos.
De onde sai o dinheiro?
O Fundeb
é composto por parcelas de impostos estaduais e municipais, com complementação
da União. A cada R$ 10 investidos na educação básica brasileira, R$ 4 saem do
fundo.
Em
2019, foram arrecadados R$ 166 bilhões, distribuídos entre as unidades da
federação de acordo com o número de alunos da educação básica pública. Cada
nível de ensino recebe um valor específico.
Derrota do governo
O
governo Jair Bolsonaro fez diversas tentativas, ao longo da última semana, para
não votar o relatório da Professora Dorinha.
A
primeira investida foi no sábado (18), quando o Executivo tentou sugerir a
líderes partidários, no sábado (18), que o Fundeb entrasse em vigor apenas em
2022. A justificativa foi de que o texto não indica a fonte do recurso.
Reprimida por Rodrigo Maia, no entanto, a ideia não vingou.
Depois,
a equipe econômica, liderada pelo ministro Paulo Guedes, propôs nos bastidores
que metade da complementação extra fosse destinada ao Renda Brasil, o programa
de assistência social que Bolsonaro planeja criar. Outra vez, os parlamentares
não cederam à pressão.
Como
último ato para obstruir a PEC, o Executivo chegou a orientar partidos aliados
a obstruírem a votação. Sem maioria, porém, não houve outra alternativa ao
governo a não ser ceder ao acordo.
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Por Erick Gimenes e edição de Rodrigo Durão Coelho, no Brasil de Fato.
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