![]() |
Pedro Borges, editor-chefe do Alma Preta. (FOTO/ Reprodução/ Facebook). |
Seu
Vermelho, um homem negro de 89 anos, foi assassinado a machadadas no dia 25 de
Novembro. Juarez Xavier, homem negro de 60 anos, xingado de macaco e esfaqueado
no 20 de Novembro, dia da Consciência Negra.
O
nível de tensionamento racial no Brasil tem crescido, apesar do discurso
oficial de que o país vive sob uma suposta e falaciosa democracia racial. A
responsabilidade desse momento é toda da atual política adotada pelos governos
federal e estaduais e nunca do movimento negro, quem denuncia esses atos de
violência. Jamais ouviu-se notícia de que uma pessoa branca foi assassinada no
Brasil por um ativista antirracista.
Projetos
que concentram a renda como as reformas da previdência e trabalhista colocam
grupos já marginalizados socialmente em maior condição de vulnerabilidade
social. Sem emprego, sem assistência previdenciária, sem qualquer amparo legal
por parte do estado, negras e negros são cada vez mais colocados como alvos
prioritários da violência de Estado.
A
equação adotada pelo Brasil é a mesma de países como Chile, que em período
recente teve manifestações massivas contra a política neoliberal. Para conter
os manifestantes, a repressão foi utilizada com força.
No
Brasil, não é diferente. Acompanhada dessas políticas de retirada de direitos,
o governo prepara o aumento da repressão. Por duas vezes em um único ano, o
fantasma do AI-5 voltou a ser anunciado de maneira pública, primeiro por Carlos
Bolsonaro, em entrevista para o canal no Youtube Leda Nagle, e depois pelo
Ministro da Economia, Paulo Guedes, em Washington.
O
aumento da repressão e o anúncio de períodos mais violentos no país tendem a
reproduzir a violência sobre os grupos sociais mais marginalizados. No caso da
comunidade negra, aquilo que estava mais focado na juventude tem se ampliado
para todas as faixas etárias do povo negro.
Se
antes as manchetes, quando abordavam o tema da violência urbana no Brasil,
noticiavam casos de homicídio contra jovens negros, hoje o noticiário tem
ampliado o olhar para crianças e idosos, também vítimas da violência racial.
Soma-se
a Juarez e Seu Vermelho pessoas como Mestre Moa do Katendê, assassinado depois
do segundo turno do período eleitoral, ao fim da disputa entre Bolsonaro e
Haddad. Moa era uma das principais referências no país para a capoeira.
Crianças
negras também tem enfileirado esses casos de violências. Ágatha Félix, 8 anos,
Kauê dos Santos, 12 anos; Kauê Rozário, 11 anos, Kauan Pimenta, 12 anos;
Jenifer Silene Gomes, 11 anos são alguns casos. O mais novo foi Ketellen
Umbelino de Oliveira Gomes, 5 anos, baleada na perna quando estava a caminho da
escola, ao lado de sua mãe, em Realengo, no Rio de Janeiro, no dia 12 de
Novembro.
Outra
mudança consistente é a alteração do discurso oficial. Governadores e o atual
presidente legitimam essas ações truculentas e incentivam a morte constante de
jovens negros, sobretudo por parte do Estado.
Diante
desse cenário é preciso seguir denunciando em todas as esferas internacionais
as violações de direitos cometidas no Brasil. Poucos movimentos sociais fizeram
isso em 2019, como a luta antirracista fez.
Em
Maio deste ano, o movimento negro foi à Jamaica para reunião da Comissão
Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) denunciar o pacote de segurança
pública de Sérgio Moro. Em Outubro, foi a vez de ir à Genebra, na ONU, para
denunciar o projeto do ex-juiz e outras ações do governo federal, como o acordo
entre o Brasil e o EUA para a base espacial de Alcântara, que resultará na
retirada de 800 famílias quilombolas do espaço.
O
movimento negro segue articulando trabalhos de formação de base, como o
Seminário Internacional da Coalizão Negra por Direitos, que ocorre entre os
dias 29 e 30 de Novembro, em São Paulo.
A
luta antirracista, mais do que nunca, continua nas ruas, nas periferias das
grandes cidades e nos territórios quilombolas denunciando a violência de Estado
contra o povo negro. Seguiremos em defesa dos nossos jovens, bem como de
crianças e idosos, vítimas da política genocida do Estado.
Continuaremos
também no enfrentamento às políticas concentradoras de renda de Paulo Guedes e
ao discurso bélico de Moro e Bolsonaro.
_________________________
Por
Pedro Borges, no Alma Preta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Ao comentar, você exerce seu papel de cidadão e contribui de forma efetiva na sua autodefinição enquanto ser pensante. Agradecemos a sua participação. Forte Abraço!!!