![]() |
Abono que o governo queria cortar assegura recursos para milhões de trabalhadores de baixa renda e não tem impacto para a Previdência. (FOTO/Marcelo Casal/Agência Brasil). |
Após
a votação em primeiro turno do texto-base da “reforma” da Previdência, aprovado
com 56 votos a favor e 19 contrários, o Plenário do Senado votou quatro dos dez
destaques que separavam trechos específicos para deliberação à parte. Um deles
derrubou as novas regras sobre o abono salarial. A proposta original previa o
pagamento do abono do PIS/Pasep para quem recebe até R$ 1.364,43 por mês.
O
destaque apresentado pela bancada do Cidadania e apoiado pelos partidos de
oposição retira essa proposta do texto-base e mantém o abono para quem tem
renda mensal de até dois salários mínimos (R$ 1.996) – atualmente, cerca de 23
milhões de pessoas estão nessa condição. O abono do PIS/Pasep é pago com
recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Como se trata de uma
supressão, essa mudança não provocará o retorno da PEC 6/2019 à Câmara dos
Deputados.
Os
senadores que apoiaram o destaque argumentaram que os recursos do FAT são
importante fator de movimentação da economia popular. Além disso, o impacto
fiscal da medida seria pequeno para o governo, mas os valores afetados fazem
diferença para os cidadãos que os recebem.
A
resultado representa uma vitória dos partidos de oposição, pois significa que o
governo não conseguiu em pelo menos esse ponto os 49 votos necessários para
derrubá-lo. Os cálculos do próprio governo apontam para um impacto de R$ 76
bilhões (em dez anos) somente com a manutenção desse direito. Entretanto, os
partidos contestam os números do Ministério da Economia.
O
senador Jean Paul Prates (PT-RN) chamou a atenção para a possibilidade de a PEC
6/2019 ter sido elaborada com base em dados distorcidos. Ele citou nota técnica
de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) sobre uma
possível “falsificação” nas contas oficiais do texto governista. “Recordo a
todos que, em abril, o Ministério da Economia decretou sigilo sobre os estudos,
números e pareceres técnicos que serviram de base para a construção do texto da
reforma da Previdência enviado ao Congresso Nacional”, afirmou.
Ontem,
centrais sindicais chegaram a divulgar nota pedindo suspensão da tramitação
enquanto a denúncia fosse apurada. A bancada do Psol ingressou com denúncia no
Tribunal de Contas da União (TCU) de que o governo teria fraudado os números e
argumentos apresentados ao Congresso para justificar a necessidade de aprovação
da PEC.
Entre
eles, a própria soma de recursos envolvida no que o governo chama de “economia”
com as despesas sociais da seguridade retiradas da Constituição. O trabalho de
pesquisa que contesta os dados do Ministério da Economia é de autoria do
professor Pedro Paulo Zahluth Bastos, da Universidade Estadual de Campinas
(Unicam).
Votação continua
Após
a votação do destaque do abono, os senadores suspenderam a sessão, com seis
destaques ainda pendentes de votação. Ela será retomada nesta quarta-feira (2),
a partir das 11h. A exclusão, na PEC, do aumento da idade mínima para 65
(homem) e 62 anos (mulheres) e da ampliação do tempo mínimo de contribuição (40
e 35 anos, respectivamente) para alcançar 100% do valos do benefío estão na
pauta.
Entre
os já votados, e derrotados, está um da bancada do PT para retirar do texto as
novas exigências sobre trabalhadores que atuam expostos a agentes químicos,
físicos ou biológicos que sejam nocivos à saúde. Houve um acordo entre os
líderes e o destaque foi rejeitado, restaurando-se o texto original, enviado
pela Câmara.
O
senador Paulo Paim (PT-RS) afirmou que esse seria um dos dispositivos mais
graves da reforma, até por não contar com uma regra de transição.
Com
dúvidas sobre qual seria o resultado da supressão do dispositivo, os líderes
concordaram em retirar o destaque, com a concordância de Paim e o compromisso
de Bezerra de posteriormente atender ao pleito. O líder do governo afirmou que
vai abordar as preocupações sobre o tema em uma PEC paralela (PEC 133/2019).
Essa proposta de emenda constitucional está sendo elaborada com objetivo de
evitar que sejam feitas alterações da PEC 6, de modo que esta teria de voltar
para ser discutida pela Câmara.
________________________________________
Com
informações da RBA e Agência Senado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Ao comentar, você exerce seu papel de cidadão e contribui de forma efetiva na sua autodefinição enquanto ser pensante. Agradecemos a sua participação. Forte Abraço!!!