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Parlamentares comemoram promulgação da Carta, em 5 de outubro de 1988: 'defesa das nossas garantias e liberdades'. |
No
dia em que se comemoram os 30 anos da promulgação da Constituição, nesta
sexta-feira (5), a seção paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
homenageou parlamentares que participaram da Constituinte, em um evento em que
também se defendeu a democracia. Mais de 100 entidades assinaram manifesto no
qual se afirma que "a democracia, tão arduamente conquistada, é o único
caminho para a construção da nação justa e solidária que a sociedade brasileira
tanto almeja". O texto fala ainda em "novo modelo político", que privilegie a representatividade, e
"relacionamento transparente e ético"
entre os poderes.
O
presidente da OAB-SP, Marcos da Costa, afirmou que a Constituição "permitiu a este país que vivesse o maior
período democrático da era republicana", ainda que curto. É preciso
"promover a defesa desse texto, seus
valores e seus princípios", acrescentou, citando os direitos
fundamentais contidos na carta, em "defesa
das nossas garantias e das nossas liberdades".
Ao
final do evento, na sede da Ordem, na região central de São Paulo, Costa
lembraria da Carta aos Brasileiros, documento lido em 1977 por Goffredo Teles
Junior na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), no Largo São
Francisco. "É um processo que exige
vigilância contínua, também sujeito a riscos", afirmou. "Quarenta anos atrás, já apontávamos a
pacificação como único caminho para o país."
Deputado
constituinte pelo MDB e ex-prefeito de São Bernardo do Campo, no ABC paulista,
Tito Costa lembrou da greve dos metalúrgicos em 1978 – outras viriam nos anos
seguintes – e de certa advertência que levou do então chefe da Casa Civil,
general Golbery do Couto e Silva, e falou do atual momento político. "A gente fica até preocupado com o destino da
nossa Constituição. Há nuvens negras, ameaças. Mas todos nós estamos presentes
para defender o regime democrático, conquistado a duríssimas penas."
Em
nome da Frente Inter-religiosa Dom Paulo Evaristo Arns, o pastor Ariovaldo
Ramos também falou em "nuvens carregadas" no cenário político.
"Os tempos parecem tenebrosos", afirmou. "A única posição
adequada é olhar para a luz. A Constituição é o foco de luz. A lei é que
constitui a nação. Nestes dias, nada mais importante do que nos lembrarmos da
lei", disse o pastor, fazendo referência a "prisão política e
condenação sem materialidade".
Ao
citar o cardeal emérito de São Paulo, que morreu em 2016, Ramos afirmou que o
país "esquece rapidamente seus heróis e continua dando espaço, às vezes,
aos antidemocratas". Segundo ele, a Carta de 1988 foi "construída com
o sangue dos mártires e a fé dos brasileiros".
"A
democracia precisa ser fortalecida", afirmou a ex-constituinte Irma
Passoni. "Como se define essa democracia, como a gente repensa o
Parlamento? Não é possível o voto parlamentar ser moeda de troca em cada
votação. O voto tem de ser de compromisso com a nação."
Ela
lembra que a Constituição foi "construída por milhões de pessoas, teve
representação de todos os setores". Para Irma, a atual campanha eleitoral
foi "pobre", mas por outro lado mostrou preocupação dos brasileiros
com a política. "Há uma juventude preocupada com o Brasil novo."
Além
de Tito Costa e Irma Passoni, estavam presentes para serem homenageados os
ex-constituintes Arnaldo Faria de Sá, Guilherme Afif Domingos, Hélio Cesar
Rosas, Joaquim Carlos Del Bosco Amaral, José Genoino, José Maria Eymael e
Roberto Freire. (Com informações da RBA).
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