"A política virou um espetáculo midiático":
é frase que se ouve para e de todo lado, direita, centro, esquerda.
É,
mas há espetáculos e espetáculos, de acordo com o roteiro, a direção e os
atores.
Por
Flávio Aguiar, na RBA - Vejamos o
exemplo maior: é claro que Trump e Kim-Jong-un estão encenando um espetáculo.
Este dispara mísseis de lá, aquele dispara rojões bufo-retóricos de cá. Mas que
ninguém se iluda: de repente um destes mísseis ou um destes rojões cai no lugar
errado e a catástrofe está feita. Mas isto não impede que eles sejam péssimos
atores. A mídia Ocidental sempre contou que Jong-un era um péssimo ator: bufo,
um adolescente de topete desafiando a águia americana como se fosse um galo
garnisé. Agora está às voltas com Trump: uma águia balofa e de topete
desafiando um galo garnisé. Afora isto, Trump, um ator de quinta categoria,
pode procurar uma briga armada com Maduro, que não é um ator. Pode merecer
críticas, mas não a de ser hipócrita como Trump.
Adiante,
encontramos Macron, na França: um Doria sem botox, que gasta milhares de euros
para se embonecar para as câmaras, e agora se propõe como o cônjuge (político)
de Merkel, querendo "refundar" a União Europeia. Temos também Rajoy,
o primeiro-ministro espanhol que finge que é governo, porque na verdade é um
desgoverno na Espanha sem rumo de hoje. E se formos pela Europa adiante,
teremos de ver estas monarquias que não passam de um teatro de bonecos e
bonecas sem muito interesse nem valor estético.
Mas
aí… aí entra o nosso país, hoje uma república dos bananas, isto é, os coxinhas
que ajudaram a entronizar no Planalto a maior e pior quadrilha da nossa
história. Se olharmos para seus protagonistas de hoje, ficaremos pasmos.
Na
batuta, um juiz em Curitiba que lembra o mendigo de "Deus lhe Pague",
de Joracy Camargo dos anos 30, que com uma mão acariciava o altar e com a outra
o bezerro de ouro. Mas o mendigo dos anos 30 era Procópio Ferreira, já este de
hoje é um ator medíocre que só faz caretas de seriedade. Ao seu lado a fiel
esposa, espécie de candidata a Lady Macbeth sem a grandeza desta, só sua
avidez.
Ao
redor, a caterva de procuradores, cada um pior que o outro. Dallagnol não
consegue nem fazer o papel de D’Aragnoll direito, parecendo um guri à solta num
teatrinho de colégio. E aí no meio deles aparece Palocci fazendo o papel de
Silvério dos Reis. Com papelzinho de cola na mão e tudo, para citar certo:
"pacto de sangue"…
Janpt
fez tantos papeis que se perdeu. Não sabe mais o que faz. O promotor perdido e
reencontrado? Torquemada? O Grande Inquisidor? O carrasco de Lille? Perdeu o
ritmo e a iniciativa.
A
Rede Globo? Perdeu-se no golpe que construiu. Mais ainda a mídia que lhe seguiu
os passos: Folha, Estado etc. Coadjuvantes de uma ópera medíocre.
Bom,
mas aí chegamos ao bufo supremo: Temer, primeiro e único. O cara que se esconde
dentro de um automóvel fechado no Dia da Pátria. E que – ato falho – deixa de
vestir a faixa presidencial neste mesmo dia. Melhor impossível.
Tudo
isto a nu, diante do mundo inteiro. Sem noção de decoro nem vergonha na cara.
É
triste. Lembro os dias da Ditadura de 64, quando éramos acusado de "atacar
a imagem do Brasil no exterior". Hoje não precisa. Os golpistas mesmos se
encarregam disto.
![]() |
Macron, Trump, Jong, Temer. Líderes de Estados afundam-se, e ao mundo, em caricaturas de estadistas. Foto: CCWikimedia - Marcelo Camargo/ ABR. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Ao comentar, você exerce seu papel de cidadão e contribui de forma efetiva na sua autodefinição enquanto ser pensante. Agradecemos a sua participação. Forte Abraço!!!