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Aécio Neves |
A crescente “cristianização” de Aécio Neves já salta aos olhos na leitura dos jornais.
(Como
eu estou velho, convém explicar que “cristianização” é um termo nascido nas
eleições de 1950, quando o PSD abandonou seu candidato oficial, Cristiano
Machado)
Serra
voltou a movimentar-se com desenvoltura, reativou seus espaços cativos na mídia
e deu um leve ânimo aos “comentaristas” políticos – ávidos por alguém que encarne, com o mesmo
ódio vigoroso que têm, a oposição ao governo.
E,
nisso, reconheçamos: Serra é um mastim, enquanto a Aécio, por mais que se
esforce, com uma gritaria contínua, não consegue se livrar de um certo ar de um
tão estridente quanto inofensivo poodle.
Parece
claro ao “comando marrom” – royalties para Leonel Brizola, que criou essa
brincadeira com o “comando vermelho” para a mídia – que Aécio não tem futuro
eleitoral, senão o de deixar com que Marina acabe tomando o lugar de candidata
da oposição.
E
a mídia, responsável pela projeção da figura de Marina, sabe bem o tamanho que
ela tem.
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José Serra |
Por
isso, Serra pôde sair da tumba política, que é, afinal, o lugar onde se
retempera e se sente confortável.
Aliás,
sai com indisfarçado prazer na execução da primeira parte de sua ressurreição
ao mundo político: destruir as veleidades eleitorais dos seus teoricamente
“companheiros de viagem” e constrange-los a apoiarem as suas.
O
que Serra coloca é claro: se querem um candidato para o enfrentamento, alguém
que possa ser capaz de ser um “não” incondicional a “Era Lula” , este sou eu,
ninguém mais.
O seu diagnóstico, ontem, sobre as eleições de 2014 é, como raramente acontece, sincero:- Você pode ter três hipóteses, a grosso modo: manter esse quadro, a meu ver, de incerteza. Pode ter um quadro que apareça basicamente da rejeição política, uma outra tendência. E pode ter uma linha de que precisamos ter gente que saiba fazer acontecer.
O
primeiro quadro é a inércia, com uma vitória de Dilma pela indefinição de
alternativas viáveis.
O
segundo, é o crescimento de Marina Silva ou uma improvável recuperação da
imagem moralista de Joaquim Barbosa, atingido em cheio por um canhonaço
offshore disparado pela Folha…
E,
é obvio, o “precisamos ter gente que saiba fazer acontecer” é ele próprio,
Serra.
Ele
não pode se dizer favorito, nem ostenta hoje melhores chances que os demais.
Mas
é, certamente, a figura capaz de manter alinhados o capital, os políticos, os
candidatos e evitar uma debandada pragmática pró-Dilma, porque Marina não tem
como acolher, por falta de um “colchão” partidário próprio, a escumalha que vai
às eleições apenas para perpetuar posições e interesses pessoais.
Serra é um estigma e sabe disso. Pode até trazer rejeição, mas não é uma marca da qual alguém se livre facilmente, por conveniência política.
Não
pode oferecer o triunfo e o botim do Estado, com o que tem hoje. Mas pode dizer
que é a única alternativa sólida de que uma aposta no caos econômico, que mude
o quadro atual, não venha a trazer situações “inseguras” para a direita.
Serra
não é um tolo, um filhinho de papai vaidoso, para quem tudo veio de mão-beijada. Pode
ser um monstro, um megalômano, um tirano à procura de um trono.
Mas
o conservadorismo brasileiro não é muito diferente disso e, assim, ele pode
apresentar-se como que dizendo :
-
Tomem, sou eu o que lhes resta para sobreviver, mesmo que apodrecendo a cada
dia.
Ninguém pense que 2010 foi o enterro desta última quimera do neoliberalismo.
Via
Tijolaço
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