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“Ocupação
de terra em nosso país faz parte da nossa história nacional. Tornou-se um
patrimônio brasileiro a tal ponto que a legislação a incorporou ao próprio
conceito de propriedade. Porém, o MST trouxe a novidade da organização da
ocupação de massas, levada com garra, em todos os pontos do país, em terra
produtiva ou improdutiva, com a inarredável certeza da vitória contra o
latifúndio e até contra o próprio governo.”
A Editora Perseu Abramo, em coedição com a Editora Expressão Popular, relança “Brava Gente: A trajetória do MST e a luta pela terra no Brasil”. O livro, que já vendeu mais de 10 mil exemplares, completa doze anos de sua 1ª edição, quando fora concedida entrevista de João Pedro Stedile. Trata-se de um abrangente diálogo entre uma das principais lideranças nacionais do MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – e o geógrafo e professor Bernardo Mançano Fernandes.
A
história do MST, desde as primeiras manifestações de trabalhadores do campo por
melhores condições de trabalho e subsistência, em 1979, passando pelo
conturbado período do regime militar e indo até o os governos Collor e FHC, é
contada e analisada através do depoimento de Stedile, em trabalho de três dias
junto ao autor da obra. São abordados temas como aprendizado do movimento com
as experiências de organizações camponesas pioneiras, a luta para a conquista
da terra e o nascimento de uma entidade representativa de combate a injusta
distribuição das propriedades rurais no Brasil.
O
líder do MST conta como a Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária do
Brasil (Concrab) foi pensada e se desenvolveu por meio de um processo técnico
de qualificação. Stedile revela ainda que o movimento planejou um modelo de
assentamento que fosse “cartão de visitas” para a sociedade. Isso seria feito
através de práticas de reflorestamento em áreas desmatadas pelo latifúndio, com
plantações de flores e arborização de pátios e praças, além de tratamento
especial das estradas e entradas das ocupações. Também haveria promoção de
atividades culturais e festejos em datas significativas.
Participante
da luta pela reforma agrária desde o final da década de 70, Stédile é testemunha
das grandes vitórias e derrotas do MST. Vivenciou as ações na Encruzilhada
Natalino, em Ronda Alta (RS), o trabalho da Comissão Pastoral da Terra (CPT), a
qual confere grande importância na formação da identidade do próprio movimento,
e pôde, entre tantas lutas, tirar aprendizados e ganhar voz a partir de
episódios como o massacre de Eldorado dos Carajás (PA), quando houve repressão
policial que resultou em mortes de trabalhadores rurais.
Entre
todas as descobertas e redescobertas que “Brava Gente: A Trajetória do MST e a
luta pela terra no Brasil” proporciona ao leitor, cabe ressaltar
características que tornam o MST importante objeto de estudo, com destaque para
sua virtude democrática, a qual permite que ocorra engajamento de diferentes
individualidades e grupos familiares em sua totalidade, sem considerar
diferenciações e estereotipagens.
Créditos: Carta Maior
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